sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Laura Greenhalgh - Aniversário da Lei da Laicidade agita mundo político na França, FSP

 Nesta semana a França celebrou os 120 anos da lei que separa igrejas e Estado. Pedra angular da laicidade, a Lei de 1905, como ficou conhecida, é herdeira da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789: "Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, mesmo religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida por lei".

O aniversário seria apenas uma festa cívica não fosse o debate sobre laicidade a movimentar o espectro político francês.

Bandeira tricolor da França pendurada sob o Arco do Triunfo em Paris, vista de baixo para cima, com detalhes arquitetônicos do arco visíveis nas laterais e no teto.
Bandeira da França embaixo do Arco do Triunfo, em Paris - Benoit Tessier - 11.nov.25/Reuters

Laurent Wauquiez, deputado de direita, apresenta um projeto na Assembleia Nacional alterando leis que já regulam a exposição de símbolos religiosos.

Gabriel Attal, de centro-direita e um dos ex-primeiros-ministros de Emmanuel Macron, denuncia a progressiva perda de compreensão do que é laicidade no país.

Jean-Luc Mélenchon, da esquerda radical, exalta o espírito da lei centenária, reagindo à crítica de que seu partido protege muçulmanos.

Por que, então, um princípio republicano, consagrado na Constituição e aceito por todos, causa tanto debate? A resposta parece simples, embora longe de fácil: porque a laicidade, como um sistema de ideias, não está imune às pressões da sociedade. Foi assim no passado, segue assim hoje.

É inegável que o aparato legal francês se enrijeceu após os atentados do Estado Islâmico em Paris e Nice, em 2015 e 2016, e diante do fortalecimento de um sentimento anti-imigrantes. Como é inegável o efeito sobre a classe política de um estudo recente sobre a organização transnacional Irmãos Muçulmanos, revelando seu grau de enraizamento na sociedade francesa.

O fato é que, hoje, a defesa do Estado laico na França parece girar mais em torno da segurança pública do que da preservação da liberdade de consciência e crença. Wauquiez abre um flanco ao invocar a proteção da infância. De acordo com seu projeto, pai ou mãe não podem impor a menor de idade o uso de vestimenta que dissimule a sua pessoa, em todo espaço público. Quem desobedecer terá multas pesadas.

Constitucionalistas apontam falha na proposta do deputado por mirar os véus femininos associados à fé islâmica, ferindo um elemento constitutivo da laicidade: a neutralidade do Estado. Afinal, por que vetar estes símbolos religiosos e não outros?

Perspectiva ampliada oferece o cientista político Haoues Seniguer, professor da Sciences Po Lyon. Ele sustenta que a lógica da suspeição virou uma bússola do Estado francês, levando a práticas autoritárias e à instrumentalização política da laicidade.

"Por isso o republicanismo vacila", diz o acadêmico, lembrando que pessoas estão sendo julgadas não só pelo credo, mas pelo estilo de vida que têm. Nada a ver com o espírito da Lei de 1905.

Brasil é um Estado laico, ainda que no preâmbulo da Constituição valores supremos apareçam sob a "proteção de Deus". Temos uma laicidade colaborativa, onde é possível viver livremente a fé, ou a falta dela, e as religiões podem se unir para o bem comum.

Mas, como mostra o cenário francês, pela laicidade passam também as noções de dignidade humana, diversidade e pluralidade, elementos que embasam uma sociedade democrática. Hoje, no Brasil, a intolerância não só religiosa nos impele a defender o que, de fato, somos.

Aluguel está se tornando o vilão da renda do brasileiro, The News

 

O preço médio da locação residencial subiu 8,70% de janeiro a novembro deste ano no Brasil — mais que o dobro da inflação e bem acima da valorização dos imóveis à venda (6,22%).

A razão para um aumento tão discrepante pode ser resumido em duas partes:

  • Financiamento imobiliário virou um problema. Com juros altos e crédito escasso, comprar um imóvel virou missão quase impossível para boa parte da população — que se vê obrigada a morar de aluguel.

  • Mercado de trabalho aquecido. Mais gente empregada significa maior capacidade de absorver reajustes, o que abre mais espaço para proprietários realizarem aumentos.

O problema é que a conta está ficando salgada demais. Em média, o brasileiro gasta 1/4 do que ganha somente para arcar com o aluguel. Já nas famílias de baixa renda, esse número chega a quase 50%.

Isso se agrava ainda mais quando percebemos que 23% das casas do país (17,8 milhões) são alugadas, valor que saltou 45% desde 2016.

Takeaway: Pense que quanto mais as pessoas gastam da sua renda com moradia, menos sobra para elas consumirem — sem falar em possíveis dívidas para arcar com o compromisso.

As maternidades estão ficando cada vez mais vazias por aqui, The News

 

No ano passado, o Brasil registrou a maior queda no número de nascimentos em mais de 30 anos. Foram 2,44 milhões de bebês registrados, 146 mil a menos que em 2023. Esse é o sexto ano consecutivo de retração.

(Imagem: O Globo)

O que explica essa queda?

Um dos principais fatores para essa mudança está no timing da maternidade, com as mulheres tendo filhos mais tarde. Em 2004, 52% dos bebês tinham mães com até 24 anos; no ano passado, duas décadas depois, esse número caiu para 34,6%.

Outro fator que pode contribuir para a queda no número de nascimentos é a redução da frequência de relações sexuais entre casais.

  • Não à toa, a taxa de fecundidade saiu de 6,28 filhos por mulher nos anos 1960 para 1,55 agora.

Tudo isso forma um quadro claro: o Brasil está envelhecendo. Tanto que o IBGE prevê que a população começará a diminuir já em 2042.

Por que isso importa?

Com a expectativa de vida já em 76,6 anos e o governo operando no vermelho, a conta das aposentadorias não fecha sozinha.

A equação é simples. Menos jovens contribuindo + Pessoas vivendo por mais tempo = Pressão por novas reformas previdenciárias nos próximos anos.

No fim, você provavelmente vai ter que trabalhar por muito mais tempo do que seus pais para poder “pendurar as chuteiras”. Um movimento bem parecido acontece em diversos outros países, principalmente nos desenvolvidosVeja.