sexta-feira, 25 de abril de 2025

Dois passos à frente dos acontecimentos, Suzana Herculano-Houzel, FSP

 O que acontece quando, na ausência de qualquer outra informação ou planejamento prévio, você usa a lógica e segue a placa da estrada que aponta no sentido correto? A resposta, como eu descobri recentemente, não é necessariamente progresso na direção de casa.

Nos velhos tempos em que a gente precisava consultar mapa e planejar a rota inteira antes de pôr o carro na estrada, as placas rodoviárias eram apenas indicadores que confirmavam o que você já esperava: sim, você está no caminho certo. Quem tem um objetivo e um plano traçado de antemão só precisa de marcos que ofereçam o feedback de que está tudo indo conforme planejado para continuar no caminho.

Mas aí chegou o navegador por GPS, e os humanos delegaram todo planejamento a algoritmos que permitem ao condutor ignorar a rota da viagem e se satisfazer com apenas a instrução da vez.

Esta neurocientista não se satisfaz.

GPS indicando caminho a ser seguido - Mathilde Missioneiro/Folhapress

Não me basta saber o que estou fazendo agora ("siga 500 metros nesta direção"), e também não me satisfaço em saber apenas o que vem logo depois ("e vire à direita na rua Tal"). Eu quero sempre saber quais são as próximas DUAS coisas que eu vou fazer. Vou virar à direita, e depois fazer o quê? Sair na rampa? Seguir em frente? Qual das três pistas eu pego?

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Sem os dois passos à frente de cada bifurcação na estrada, a vida se limita a responder aos eventos conforme eles acontecem. Um passo à frente é melhor do que nada, mas ainda não oferece mais do que mera expectativa do sinal que exigirá resposta.

É o segundo passo à frente que realmente estende o horizonte de possibilidades e dá tempo para pensar a respeito das escolhas futuras. São esses dois passos à frente dos acontecimentos que fazem toda a diferença para o comportamento inteligente: pela minha definição, aquele que mantem portas abertas, e a gente no controle das escolhas que atendem aos nossos interesses.

O córtex pré-frontal cheio de neurônios, que milhões de anos de contingências evolutivas me deram, me permite estar sempre dois passos à frente dos acontecimentos, antecipando o futuro e mantendo aberto meu leque de possibilidades, e não abro mão de usar minha prerrogativa como humana inteligente.

Se estou sozinha no carro indo a um destino desconhecido, consulto o mapa e a rota de antemão para saber o que esperar. Se eu tenho companhia no carro, e como o GPS é burro, quero desfrutar da inteligência da minha companhia para olhar adiante e prever o futuro para mim. Meus filhos já estão bem treinados na posição de navegadores. "Você vai pegar a saída 12A e depois virar à esquerda no sinal, então sai e fica logo na pista da esquerda". Perfeito. Se houver qualquer imprevisto, eu já tenho um plano e posso agir a respeito.

Mas eu estava pela primeira vez na estrada com meu novo marido, que ainda achava que bastava me dizer a instrução da vez do GPS. Quando o celular dele se recusou a funcionar logo antes da placa que me forçava a escolher entre seguir a estrada para o sul (no sentido de casa) ou para o norte (no sentido oposto) e eu não tinha um plano, fiz o que mandava a lógica: sul, oras. Mas sul era Memphis; para Nashville, era preciso seguir adiante mais um pouco, contra a lógica, e pegar outra estrada. Foi um desvio inesperado de 20 quilômetros pelos pântanos de Kentucky até encontrar um retorno —e o celular se dignar a funcionar de novo.

Agora ele já sabe: dois passos à frente, sempre.


quinta-feira, 24 de abril de 2025

O fim do check-in está no rosto, The News

 

(Imagem: Infraero)

Primeiro foi a passagem impressa. Depois, o check-in online. Agora, nem isso deve ser mais necessário... A única coisa que você vai precisar mostrar no aeroporto é a sua cara.

A Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), ligada à ONU, anunciou uma grande mudança nas regras de voos dos últimos 50 anos.

Funciona assim: O passe de viagem é gerado no momento da compra da passagem e vai sendo atualizado com informações da viagem — incluindo possíveis mudanças de voo, conexão, aluguel de carro e até ofertas de upgrade.

Se houver atraso e você perder a conexão, o sistema já cuida da nova reserva e avisa por notificação. Ao correr até o balcão da companhia, você segue o fluxo — com tudo atualizado no celular.

Empresas como British Airways , Air France-KLM e Finnair já testaram o modelo. Além disso, diversos aeroportos, como o do Reino Unido, já se preparam para adaptar os equipamentos e os e-gates.

Menos senha, mais selfie: Em 2024, o setor aéreo global investiu mais de US$ 46 bilhões em tecnologia , segundo a SITA. Olhando para frente, 74% das companhias aéreas já planejam aumentar essa linha de investimentos nos próximos dois anos.

Governo quer plano de saúde popular como vitrine de 2025, The News

 

🩺 Saúde por assinatura. O governo Lula está elaborando um plano popular que custaria até R$ 100 por mês . A proposta é: ampliar o acesso a exames e consultas, mas sem sobrecarregar o SUS.

  • Contextualizando: A medida faz parte de um pacote de parcerias com o setor privado que o governo deve apresentar em breve — o Estado entrando como facilitador e empresas do setor ampliando a cobertura.

A ideia é aliviar a fila do SUS e atrair parte da população que hoje está desassistida, ou que paga caro em planos de saúde tradicionais. Já estima-se que a proposta possa alcançar até 50 milhões de brasileiros.

O outro lado: Mesmo não sendo nada oficial, os rumores já causaram críticas da oposição. A principal delas é que o foco deveria estar em melhorar a qualidade do sistema público, uma vez que é dever do governo dar acesso gratuito à saúde de qualidade.

Fora isso, há quem diga que a medida vai deixar o sistema público ainda mais fragilizado , pois viraria plano B para quem não pode pagar nem R$ 100.

O plano deve incluir consultas, exames básicos e uma cobertura mínima, em modelo ainda em estudo. A pressa é grande: o governo quer apresentar o pacote de saúde como um dos carros-chefes de 2025.

Zoom out: Hoje, são mais de 52 milhões de brasileiros com planos privados de saúde — ou seja, uma nova proposta poderia dobrar esse número. Ainda não está claro quem vai subsidiar os custos, quais empresas irão aderir ou que tipo de serviço será garantido. Cenas dos próximos capítulos.