quarta-feira, 23 de abril de 2025

Aposentado do INSS pode pedir exclusão de desconto indevido de associação; saiba como, FSP

 

São Paulo

Aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) podem pedir a exclusão de de descontos indevidos de mensalidades de associações pelo aplicativo ou site Meu INSS. O benefício ficará bloqueado para novos descontos até que o segurado decida realizar a liberação.

A opção visa proteger 7,6 milhões de aposentados e pensionistas que têm descontos no pagamento. Denúncias sobre débitos feitos sem o aval dos segurados motivaram uma investigação envolvendo INSS, Polícia Civil de São Paulo e Ministério Público de São Paulo.

Nesta quarta-feira (23), o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo após operação da Polícia Federal e da CGU (Controladoria-Geral da União), que alega que entidades investigadas descontaram de aposentados e pensionistas um valor estimado de R$ 6,3 bilhões, entre 2019 e 2024.

A imagem mostra duas mãos segurando um smartphone com uma tela visível. O fundo é amarelo e o smartphone exibe uma interface de aplicativo, embora o conteúdo específico não seja legível. Uma das mãos está tocando a tela do dispositivo.
Aposentado e pensionista do INSS podem pedir exclusão do desconto indevido pelo Meu INSS - Gabriel Cabral/Folhapress

Cerca de 700 policiais federais e 80 servidores da CGU cumprem 211 mandados judiciais de busca e apreensão, ordens de sequestro de bens no valor de mais de R$ 1 bilhão.

O órgão afirma que cancelou todos os descontos nos quais os segurados informaram não ter dado autorização para o débtio.

A mensalidade associativa é uma contribuição de aposentados que se filiam a associação ou sindicato para ter benefícios como plano de saúde, academia e descontos em farmácias, por exemplo. O valor é descontado diretamente da renda previdenciária. Para fazer esse desconto, a associação precisa ter convênio com o INSS e fechar um contrato com o segurado.

COMO EXCLUIR DESCONTOS PELO MEU INSS?

  • Acesso o site ou aplicativo do Meu INSS com login e senha;
  • O aplicativo deve ser baixado nas lojas oficiais do App Store (para iPhone com iOS) e Play Store (para celular com Android). O desenvolvedor é Serviços e Informações do Brasil
  • Na página inicial selecione Novo pedido;
  • Em seguida clique em Excluir mensalidade de associação ou sindicato no benefício;
  • Clique em Atualizar para conferir e atualizar seus dados, se necessário;
  • Após atualizar os dados, selecione Avançar;
  • Leia as instruções e escolha Avançar novamente;
  • Informe os dados solicitados;
  • Anexe os documentos (se for necessário) e vá em Avançar;
  • Selecione a agência de relacionamento com o INSS;
  • Confira os dados informados no requerimento;
  • Clique em Declaro que li e concordo com as informações acima e selecione Avançar.

VERIFICAÇÃO DE DESCONTO

A consulta para verificar se há algum débito de mensalidade associativa aparece no item novo pedido do Meu INSS. Os aposentados e pensionistas que desejassem também poderiam pedir o bloqueio do desconto por meio do serviço "bloqueio/desbloqueio de mensalidade de associativa".

PUBLICIDADE

A partir de novembro de 2024, foi disponibilizada a possibilidade de a exclusão ser feita automaticamente pelos beneficiários no aplicativo ou site Meu INSS.

DEVOLUÇÃO DE DESCONTOS

Os beneficiários podem pedir a devolução de descontos indevidos realizados por entidades associativas pelo 0800 que aparece ao lado do nome da associação ou do sindicato no holerite.

Aqueles que preferirem também podem enviar um email para acordo.mensalidade@inss.gov.br, informando o ocorrido. O INSS irá entrar em contato com a entidade responsável pelo desconto em folha, solicitando os documentos que autorizaram o débito ou a devolução dos valores.

Reclamações e denúncias sobre débitos não autorizados de associações ou entidades podem ser registradas diretamente no Portal Consumidor.Gov e na Ouvidoria do INSS, pela Plataforma Fala BR.

EM QUE CASOS O DESCONTO PODE ACONTECER?

Para que o desconto possa ser feito, a associação deve ter autorização prévia do beneficiário, que não pode ser feita por procurador ou representante legal, exceto por decisão judicial específica.

O desconto também deve ser formalizado por um termo de adesão assinado por assinatura eletrônica avançada e biometria, apresentação de documento de identificação oficial e número do CPF.

Com informações de Júlia Galvão

Terreno do Jockey é avaliado em R$ 95 milhões e valor viabiliza novo parque em SP, FSP

 

São Paulo

A área de 619 mil m² onde funciona o Jockey Club de São Paulo foi avaliada em cerca de R$ 95 milhões pela PGM (Procuradoria-Geral do Município). A análise faz parte do processo administrativo no qual se discute tornar de utilidade pública o hipódromo da Cidade Jardim, na zona oeste da capital paulista.

Com a apuração do valor quase dez vezes inferior aos mais de R$ 860 milhões devidos pelo Jockey ao município em impostos, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) pode estar mais perto de avançar no seu projeto de criar um parque público no local.

A prefeitura pretende desapropriar a área por meio de um processo chamado dação. Isso significa que uma dívida ou parte dela pode ser quitada em troca de um bem. No caso em discussão, o devedor teria apenas uma parte do débito abatido.

A diretoria do Jockey Club não concorda com a intenção da gestão municipal e, na Justiça, contesta os valores cadastrados na dívida ativa.

A imagem mostra uma vista aérea de um hipódromo com uma pista de corrida em formato oval. Ao redor da pista, há áreas verdes e alguns edifícios altos ao fundo, representando uma cidade. Na parte inferior da imagem, há uma área com entulho e estruturas, possivelmente de construção ou demolição. O céu está claro com algumas nuvens.
Imagem aéra do Jockey Club de São Paulo, incluído no quadro de futuros parques do Plano Diretor da cidade - Danilo Verpa - 29.jun.2023/Folhapress

Para elaborar a estimativa, o estudo da PGM pesquisou 17 áreas na mesma região, mas aplicou um deságio de 90% no valor apurado. A desvalorização ocorre devido à regra de zoneamento.

PUBLICIDADE

O hipódromo está em uma Zepam (Zona Especial de Proteção Ambiental), que é destinada a parques e sobre a qual não se pode construir múltiplas vezes a área do terreno.

Desde a revisão do Plano Diretor, em 2023, a área do hipódromo figura legalmente no quadro de parques públicos propostos para a cidade São Paulo. A inclusão no quadro ocorreu por decisão do então presidente da Câmara, Milton Leite (União Brasil), às vésperas da votação final.

Posteriormente, a criação do parque teve a alteração consolidada com a revisão da Lei de Zoneamento. É esperado que um terreno transformado em Zepam perca significativamente seu valor de mercado em relação ao entorno.

O estudo da PGM também menciona construções tombadas e a inviabilidade de novas edificações no terreno.

Fundado em 1875 como Club de Corridas Paulista na Mooca, na zona leste, o hipódromo mudou para Cidade Jardim, zona oeste, em 1941.

O terreno está em uma área valorizada e seu entorno tem sido alvo de discussões sobre a construção de prédios mais amplos do que as construções atuais. As principais tentativas de mudanças, porém, não avançaram nas recentes revisões da Lei de Zoneamento.

Hoje a maior parte da vizinhança é residencial.

Defensores das mudanças urbanísticas na região dizem que isso poderia reverter a situação de degradação do entorno e que um parque contribuiria para esse desenvolvimento.

Grupos contrários dizem que a criação do parque pretende impulsionar o mercado imobiliário, estimular a verticalização de algumas áreas do bairro e acabar com sua característica residencial.

Diretoria contesta valor da dívida

Com base em decisões do STJ (Superior Tribunal de Justiça), a direção do Jockey pede alterações no cálculo do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) devido, um dos principais componentes do montante devido.

Duas decisões relativas aos impostos cobrados em 1990 e 1991 consideraram que o clube estava isento de pagar qualquer valor relativo àqueles dois anos em razão de distorções na base de cálculo. Isso retira da arrecadação cerca de R$ 140 milhões, em valores atualizados.

O STJ reconheceu os fatores apontados pelo clube para contestar o lançamento do imposto: área construída maior, fator obsolescência (coeficiente de depreciação do valor do imóvel pela idade) e o padrão da construção.

No lançamento do imposto feito pela prefeitura, por exemplo, consta como área construída 108 mil m², enquanto a perícia apurou 87 mil m².

Além dessas duas ações de execução fiscal, há pelo menos outras seis em andamento, referentes aos impostos de 2011 a 2020.

A gestão Nunes avalia que a não haverá nova derrota judicial porque as decisões referem-se apenas ao IPTU devido em dois processos específicos.

Segundo a prefeitura, existem 500 ações judiciais em andamento e o clube tem débitos em dívida ativa que somam mais de R$ 862 milhões.