domingo, 12 de janeiro de 2025

O raro 'desfile' de planetas que poderá ser visto no céu em 2025, DW FSP

 O ano de 2025 promete ser inesquecível para os amantes da astronomia, que se preparam para observar vários alinhamentos planetários únicos. O maior deles acontecerá em 28 de fevereiro, quando sete planetas do Sistema Solar estarão visíveis ao mesmo tempo.

O QUE SÃO ALINHAMENTOS PLANETÁRIOS?

O "alinhamento planetário" não é estritamente um fenômeno astronômico, mas sim um efeito visual. Isso porque os planetas não estão realmente distribuídos em linha reta e só são percebidos desta forma quando vistos da Terra.

A imagem mostra um mapa estelar representando a visão do céu no meio de janeiro, olhando para o sul-sudeste às 19h. Estão destacados os planetas Marte, Júpiter, Saturno e Vênus, além de várias estrelas como Aldebaran, Capella, Betelgeuse, Rigel, Procyon e Sirius. O fundo é escuro, representando o céu noturno.
Mapa celeste mostrando o alinhamento planetário visível ao pôr do sol em janeiro de 2025. - Nasa/JPL-Caltech

A explicação para esse efeito está no fato de que os planetas orbitam em torno do Sol, mantendo-se na trajetória marcada pela força gravitacional da estrela. Essa linha imaginária é conhecida como "eclíptica" e explica por que os planetas parecem se aproximar, quando na verdade estão distantes.

"É por isso que às vezes observamos que os planetas parecem se aproximar uns dos outros no céu, pois os vemos ao longo de uma linha enquanto circulam pela pista de corrida cósmica", explica a Nasa.

"Alguns dos planetas têm órbitas ligeiramente inclinadas acima ou abaixo dessa linha, mas todas são mais ou menos niveladas, como as ranhuras de um disco, graças à maneira como estrelas como o nosso Sol são formadas", acrescenta o portal LiveScience.

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Estas conjunções planetárias são mais comuns quando até seis planetas estão envolvidos, como acontecerá em janeiro e em agosto deste ano. Os planetas sempre aparecem ao longo de uma linha no céu, portanto o "alinhamento" não é especial.

O que é incomum é quando ocorre uma percepção de alinhamento com sete planetas vistos ao mesmo tempo. É isso que acontecerá em 28 de fevereiro de 2025, um fenômeno que não volta a se repetir até o ano de 2492.

"É menos comum ver quatro ou cinco planetas brilhantes ao mesmo tempo, o que não acontece todo ano. É um 'desfile de planetas'? Não é um termo técnico em astronomia, então chame como quiser", observa a Nasa em seu site.

OS ALINHAMENTOS PARA 2025

Em janeiro deste ano, ocorrerá o primeiro dos três alinhamentos planejados para 2025. Na noite de 21 de janeiro, será possível ver quatro planetas ao mesmo tempo no céu, seguindo uma linha imaginária. Vênus e Saturno estarão visualmente muito próximos, e serão vistos no sudoeste do céu nas primeiras horas da noite, com Júpiter no alto do céu e Marte no leste.

Marte é o único planeta que de fato vai ficar em oposição oposta ao Sol em relação à Terra, formando uma linha reta, um fenômeno que acontece a cada dois anos.

Já Urano e Netuno também estarão alinhados, mas será necessário um telescópio para identificá-los.

Em 28 de fevereiro, um sétimo planeta, Mercúrio, aparecerá ao mesmo tempo no céu. Enquanto isso, em 11 de agosto, será possível observar até seis planetas: Mercúrio, Vênus, Júpiter, Urano, Netuno e Saturno. Nos dois casos, será necessário o uso de um telescópio para identificar todos os corpos celestes.

Antonio Prata Não se Meta, FSP

 Mark Zuckerberg, autoproclamado CEO da humanidade, declarou nesta semana que a Meta não vai mais regular o seu conteúdo. A reação geral foi de espanto: em algum momento a Meta havia regulado?! Não foi através do Facebook que o terraplanismo, a cloroquina, o 6 de janeiro nos EUA, o 8 de janeiro no Brasil e a "mamadeira de piroca" foram difundidos? Não é através do Instagram que meninas pesquisando "como perder peso" começam a receber dicas para vomitar depois de comer, sem que seus pais percebam? (Vejam "O Dilema das Redes", leiam "A Máquina do Caos", "Dez Argumentos para Você Deletar Agora suas Redes Sociais", "A Geração Ansiosa"... A bibliografia é extensa).

Apesar do estrago causado, o NEO (nerd executive officer) pensa que são posturas legítimas, autoritariamente censuradas por cortes obscuras do terceiro mundo, defender a Terra plana, dizer que atores bebem sangue de crianças no subsolo de uma pizzaria em Hollywood (vejam a série da HBO, "Q: No Olho da Tempestade"), afirmar que vacina causa autismo e influenciar depressão e suicídio em adolescentes.

A ilustração de Adams Carvalho, publicada na Folha de São Paulo no dia 12 de Janeiro de 2025, mostra o desenho de um taco de baseball com muitos pregos atravessados em toda sua extensão
Adams Carvalho

O argumento do DEO (delinquente executive officer), que surpreendentemente encontra ecos mundo afora, inclusive no Brasil, é que as redes sociais são um espaço de diálogo, uma ágora onde ideias são colocadas e as melhores prevalecerão. Como se a batalha de informações não fosse anabolizada pelos algoritmos, matematicamente enviesados desde o berço. As redes sociais são uma rinha de galo em que águias lutam com pintinhos. As águias, claro, são a Terra plana, os pintinhos são o mapa-múndi.

Segundo o jornal inglês The Guardian, "estudos mostram que posts falsos viralizam 20 vezes mais rápido do que os verdadeiros, especificamente se tiverem conteúdo radical ou ultrajante, como conspirações governamentais, ataques racistas e estímulos à violência. Isso significa 2000% mais engajamento e 2000% mais dinheiro em publicidade. (...) Quanto mais distante da realidade for o post, melhor". "Em 2016, Andrew Bosworth, vice-presidente da Meta, argumentou num email que incentivar suicídios e ataques terroristas era um preço aceitável a se pagar pelo benefício (...) de conectar mais usuários. Quando o email vazou, em 2018, Zuckerberg disse que discordava —mas essa é, claramente, a filosofia reinante na Meta. Em 2022, Bosworth foi promovido a chefe de tecnologia."

Não há qualquer dúvida de que LIBERAR fake news numa máquina que foi construída e aperfeiçoada para PROMOVÊ-LAS vai criar ainda mais bagunça neste mundo já tão caótico. Neste exato momento, enquanto Los Angeles pega fogo, os trumpistas difundem nas redes sociais que a culpa é do feminismo, que botou uma mulher como chefe dos bombeiros de LA, dos democratas, que doaram equipamentos para a Ucrânia e demitiram milhares de soldados que se recusaram a tomar a vacina durante a pandemia. Tudo mentira. Ou, segundo alguns, "liberdade de expressão".

O resumo do discurso do Mark Zuckerberg é: "Um presidente escroto foi eleito. O mundo, portanto, abriu bem mais espaço para a escrotidão. Vou deixar meu cabelo compridinho e, para ganhar mais dinheiro, vou fingir que ser escroto é ser moderno e estar em contato com os anseios da população". Talvez seja. Chutar a cara de uma pessoa caída, durante um linchamento, também é saber ler, naquele exato momento, os anseios da população —e certamente não fará deste mundo um lugar melhor.


ANTÔNIO CLÁUDIO MOREIRA LIMA E MOREIRA (1935 - 2025) Mortes: Urbanista, foi testemunha da expansão vertiginosa de SP por quase um século, FSP

 Antônio Cláudio viu dezenas de casarões da avenida Paulista tombarem para dar lugar aos arranha-céus. Viu margens de rios e córregos serem aterradas e concretadas, depois tomadas por casebres, e áreas de mata transformarem-se em bairros residenciais em poucos anos.

Por fim, viu prédios de seis ou até dez andares serem demolidos, abrindo caminho para torres ainda mais altas. Na última década, ele contava as transformações que testemunhou na cidade e não escondia o espanto.

São Paulo o impressionava com "a velocidade como as coisas se constroem, são substituídas e se destroem", ele disse certa vez. À época, ele já tinha mais de 80 anos de idade, uma vida dedicada quase inteiramente à cidade e a seus dilemas.

A imagem mostra um homem idoso com cabelo grisalho e um sorriso largo. Ele está usando uma camiseta clara e o fundo é de cor verde escura.
Antônio Cláudio Moreira Lima e Moreira (1935 - 2024) - Arquivo pessoal

Antônio Cláudio Moreira Lima e Moreira cresceu em Higienópolis, na região central da capital, durante as décadas de 1930 a 1950. Sua família tinha fazendas de café de Itatiba, no interior paulista, e seu pai foi um dos fundadores da Bolsa de Valores de São Paulo.

Nascido na riqueza, fez da desigualdade uma preocupação central da sua carreira. Seu interesse pelo tema foi despertado pela militância na Juventude Universitária Católica —grupo que ele frequentava antes mesmo de entrar na faculdade.

Na década de 1950, durante os primeiros anos na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, fez parte do grupo de pesquisadores da Sagmacs (Sociedade para a Análise Gráfica e Mecanográfica Aplicada aos Complexos Sociais), instituição fundada pelo padre Louis-Joseph Lebret que teve grande influência no desenvolvimento da sociologia e do urbanismo no Brasil. Os amigos que fez nesses dois grupos o acompanhariam durante toda a vida.

Foi por causa dos encontros da JUC, inclusive, que teve início seu namoro com Marília Ignez, com quem se casaria e teria três filhos.

Nas suas aulas de administração pública e de urbanismo, Antônio Cláudio fazia questão de levar os alunos para excursões em favelas e locais onde deveriam desenvolver seus projetos. Os estudantes eram incentivados a entender de perto os problemas urbanos.

Seu trabalho na academia —na Fundação Getulio Vargas e na USP— ocorreu em paralelo à atuação como funcionário de órgãos de planejamento urbano na região metropolitana de São Paulo, como o Serviço Federal de Habitação e Urbanismo e a Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano.

Após a pandemia, resolveu viver em Itatiba, onde curtia suas férias na infância. Dava festas, recebia os amigos e descansava olhando as flores que plantou durante décadas numa chácara na cidade.

Ele morreu por complicações de um câncer, e deixa quatro irmãos, três filhos e duas netas.