sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Empresa faz primeiro voo de carro voador em escala real no Brasil; veja fotos, FSP

 A Gohobby realizou, nesta sexta-feira (20), o primeiro voo do carro voador EH216, da fabricante chinesa EHang, em solo brasileiro. A empresa havia conseguido, ainda em setembro, autorização da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para fazer voos-teste com o eVtol (veículo de pouso e decolagem na vertical).

A aeronave decolou por volta das 11h30 desta sexta e sobrevoou o Aeroquadra, aeroclube localizado em Quadra (SP), a cerca de 40 metros de altitude. O voo durou cerca de cinco minutos.

Pessoas assistem voo de carro voador, que é branco e tem hélices em volta
Convidados, equipe técnica e imprensa registram primeiro voo do modelo Ehang 216s no Brasil - Eduardo Knapp/Folhapress

Segundo a Anac, até o momento, autorizações de voos para teste no Brasil foram concedidas somente para a aeronave da Eve (empresa controlada pela Embraer) e para o modelo da EHang. A agência diz que o voo realizado pela Gohobby é o primeiro com eVtol em escala real.

A autorização emitida pela Anac é voltada para pesquisa e desenvolvimento. Por isso, a empresa ainda não está autorizada a transportar passageiros.

Não há previsão no curto prazo para que a aeronave seja certificada no país, de acordo com a Anac. A certificação é necessária para que o modelo possa ser usado para voos comerciais.

O carro voador vendido pela Gohobby tem 1,93 metros de altura e 5,73 metros de largura e possui até um compartimento que funciona como porta-malas. A velocidade máxima chega a 130 km/h, e a distância máxima a ser percorrida pelo eVtol é de 30 quilômetros.

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A aeronave é avaliada no Brasil em cerca de US$ 600 mil (quase R$ 3,4 milhões). Em meados de junho, havia 16 pessoas na lista de espera para compras, segundo a Gohobby.

O EH216 é fabricado no modelo S, voltado para o transporte de passageiros, e no modelo F, produzido para ser usado por bombeiros.

Pessoas observam aeronave decolando no céu. elas apontam as câmeras para registrar o momento.
Ehang 216s decolou por volta das 11h30 em um aeroclube no interior de São Paulo - Eduardo Knapp/Folhapress

A Gohobby, que comercializa o modelo da EHang no Brasil, já levou o modelo da EHang para eventos do setor neste ano, como a Expo eVTOL, feira que foi realizada na capital paulista em maio, e o Catarina Aviation Show, organizado pelo aeroporto executivo Catarina, em São Roque (SP), em junho.

Como ainda não há regulamentação para eVtols no país, o carro voador da EHang, que é comercializado no Brasil pela Gohobby, está enquadrado no regulamento de drones, o RBAC-E 94. O tipo de autorização emitida pelo órgão regulador já foi expedido outras vezes para outras empresas, como a Xmobots, especializada em drones, por exemplo.

"A aviação sempre foi glamorosa, mas não muito acessível. O eVtol vem para democratizar a aviação para todos, para que você possa ir trabalhar voando. Com certeza vai ser a maneira pela qual nós vamos nos transportar em grandes cidades e entre cidades", disse o CEO da Gohobby, Adriano Buzaid.

Também presente no evento, a COO para Europa e América Latina da EHang, Victoria Jing Xiang, disse à reportagem que a fabricante conversa com a CAAC (autoridade de aviação da China) e a Anac para que o veículo possa obter o certificado no Brasil. As agências dos dois países trabalham juntas no processo.

Concorrente brasileira da EHang, a Eve revelou seu primeiro protótipo do eVtol em escala real em julho durante uma feira do setor em Farnborough, no Reino Unido. Segundo a empresa, o modelo, que foi produzido na fábrica da Embraer em Gavião Peixoto (interior de São Paulo), vai para uma próxima fase que envolve uma série de testes para avaliar operação e desempenho da aeronave, desde as capacidades de voo até recursos de segurança.

Assim que todos os testes em solo forem concluídos, o protótipo fará seu primeiro voo, disse a Eve em nota para reportagem. Em paralelo, a empresa diz continuar as conversas com a Anac para obter a certificação da aeronave.

Desaparecimento do 'wokismo' radical é prova de alguns dos seus méritos, João Pereira Coutinho, FSP

Dora Kramer - A política se degrada, FSP

 O lamaçal que assola a disputa eleitoral em São Paulo à parte, mas ele incluído como símbolo do fenômeno de que falaremos a seguir, nosso ambiente político sofre acelerado processo de degradação e não é de hoje.

Há pelo menos uns 20 anos o nível dos meios e modos na política vem baixando de modo permanente. Uma maravilha nunca foi, mas havia qualidade em meio a nichos de desqualificação nos partidos e no Congresso.

Mão enfaixada de Pablo Marçal (PRTB) durante debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo organizado pela RedeTV! e o UOL; seu adversário Datena (PSDB) o atingiu com uma cadeira - Zanone Fraissat/Folhapress - Folhapress


Tanto que a Constituição que nos rege, lembremos, foi elaborada, votada e aprovada por senadores e deputados há 36 anos. Em legislatura anterior, senadores e deputados rejeitaram o candidato à Presidência da ditadura e, antes disso, fizeram a Lei da Anistia. Imperfeita? Era o possível à época.

A transição do regime autoritário para o Estado de Direito foi fruto da política, atividade sem a qual não se tem um país democrático. Portanto, a navegação em ondas de sentimentos antipolítica corresponde ao embarque no barco do autoritarismo.

Personagens que encarnavam esse figurino faziam sucesso pontual, mas acabavam sendo expelidos ou extintos por inanição. O que temos hoje é um cenário onde a exceção está em via de se tornar quase numa regra de mau espetáculo. Assusta, embora não surpreenda, ver o circo mambembe exibido nos debates da eleição municipal da maior cidade do país. Se essa canoa virou foi porque deixaram ela virar.

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E nisso a culpa é coletiva: dos partidos em sua distorção de critérios para escolha de candidatos, do eleitorado em seu apreço pelo baixo entretenimento, dos políticos mais qualificados que se deixam levar e aderem ao deboche, mas também dos organizadores dos encontros em sua busca por audiência.

As cenas de ofensas e agressões se repetem no Parlamento, onde hoje não é mais fato raro reuniões de comissões e até sessões em plenário se transformarem em tablados de vale-tudo enquanto nos bastidores se administram balcões de negócios. Já disse e repito: não foi sempre assim.

Em nome da saúde da democracia urge que a política entre em processo de reabilitação, antes da degradação total.