quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Taioba: confundida com mato, ela tem mais nutrientes do que muitos vegetais famosos, OESP

 


Por Regina Célia Pereira

08/11/2023 | 09h22

Atualização: 08/11/2023 | 10h17

5 min

de leitura

Exuberante, não só pelo tamanho – a planta pode atingir 2 metros de altura e suas folhas chegam a 80 centímetros de comprimento e 60 centímetros de largura –, a taioba também esbanja nutrientes. “Contém três vezes mais ferro do que o brócolis e seu teor de vitamina A é equivalente ao da cenoura”, compara a nutricionista Suzana Camacho Lima, coordenadora da pós-graduação de Nutrição e Gastronomia do Senac EAD.


Ainda no confronto com as hortaliças, oferece o dobro de magnésio e de fibras em relação à couve e duas vezes a quantidade de fósforo do espinafre. “E é rica em compostos fenólicos”, completa a nutricionista Vanderlí Marchiori, da Associação Brasileira de Fitoterapia (ABFIT). Trata-se de um grupo de substâncias festejado pela atuação anti-inflamatória, antioxidante e por aparecer em estudos como protetor das artérias.


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Taioba é uma planta enorme e cheia de nutrientes

Taioba é uma planta enorme e cheia de nutrientes Foto: Ronaldo Almeida/Adobe Stock

Quanto aos outros nutrientes mencionados, sobre o magnésio há indícios de seu papel no humor. Já a vitamina A é grande aliada da saúde dos olhos, o fósforo integra os ossos e as fibras zelam pela microbiota intestinal, com impactos positivos ao sistema imune.


“O ferro, por sua vez, regula diversas reações bioquímicas no nosso organismo e tem funções essenciais no combate à anemia, daí a importância às mulheres que menstruam”, destaca Vanderlí.


Com essa lista de atributos, não há dúvida de que a taioba merece um espaço no cardápio. “Assim como outras PANCs, as plantas alimentícias não convencionais, ela tem sido resgatada nos últimos tempos e aparece até no menu de alguns restaurantes de grandes cidades”, comenta Vanderlí. Embora dê as caras em estabelecimentos diferenciados e feiras de orgânicos, nem sempre é fácil encontrá-la em hortifrútis e supermercados.



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Raio-X da espécie

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O vegetal grandalhão e nutritivo pode estar escondido em meio a outros, em algum jardim, praça, terreno se passando por “mato” ou cumprindo papel ornamental.


Nativo da América do Sul, gosta de clima quente, chuvoso e surge naturalmente em vários pontos do nosso litoral, além de certas cidades no interior de Minas Gerais e de Goiás. Faz parte da família Arácea, que conta com integrantes como o antúrio, o taro (um tipo de inhame ou cará) e a taioba-brava, que não é comestível. Todos são bem parecidos, o que pode desencadear confusões.


Inclusive, há quem aponte equívocos e informações desencontradas como as responsáveis por tirar a taioba do prato de muita gente, muito pelo medo de envenenamento.


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“As avós sabiam diferenciar”, diz Suzana, que reforça a necessidade de recuperar essas tradições alimentares. “É preciso viabilizar os conhecimentos antigos, trazer para as novas gerações, ampliando, assim, as opções à mesa”, defende.


Algumas pistas podem ajudar na distinção das variedades. “A espécie tóxica, a brava, tem o talo arroxeado”, sinaliza Suzana.


Já a chamada taioba-mansa, ou verdadeira, apresenta haste verde. A folha, com formato que lembra um coração, é toda contornada por uma linha fina, que, inclusive, serve de adorno. Outro detalhe é que o talo – ou pecíolo como ensinam os botânicos – deve estar inserido justamente na base, onde as duas “orelhas” se juntam.


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Para os que não têm a menor familiaridade, o melhor é pedir ajuda especializada para passar longe de riscos.


Tem taioba na cozinha

E, ainda que seja a mansa, vale uma dose de cautela na hora do consumo. “O vegetal precisa passar por branqueamento”, ensina Vanderlí. Isso ajuda a reduzir o ácido oxálico, substância que causa irritação na mucosa da garganta, provocando coceira e até, quando há excesso, a sensação de asfixia.


Nessa técnica culinária, as folhas devem ser colocadas na água fervente, por alguns minutos. Depois é só escorrer e mergulhar em água gelada para o choque térmico.


Antes de iniciar esse processo de levar ao fogo, há quem recomende excluir as nervuras que desenham toda a superfície da planta, isso porque elas costumam acumular o tal composto. Dá para retirar com as mãos mesmo ou com auxílio de uma faca.


Na hora de levar à mesa, é só usar a criatividade. Para muita gente, o sabor da taioba está entre a couve e o espinafre, assim pode ser empregada da mesma maneira.


No dia a dia, a taioba pode ser usada da mesma maneira que couve e espinafre

No dia a dia, a taioba pode ser usada da mesma maneira que couve e espinafre Foto: Jobz fotografia/Adobe Stock

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“Desde o refogado do dia a dia até preparações mais elaboradas”, diz Suzana. Fica perfeita no recheio de massas, caso do ravióli e do torteli, em quiches, tortas. Combina com a carne de porco e junto de angu forma pratos com o sabor da culinária caipira. “Enriquece o arroz e a farofa também”, exemplifica.


Vanderlí sugere congelar as folhas, depois de branqueadas, claro, e usar para preparar sucos. “Vale acrescentar laranja ou acerola, que são ricas em vitamina C, numa estratégia que contribui para o aproveitamento do ferro”, ensina.


Alguns cozinheiros gostam de incluir ainda o talo da taioba nas receitas, nesse caso, a sugestão é retirar primeiro a película que o envolve, já que tende a ser bastante fibrosa. E aqui, também é fundamental que fique bem cozido, justamente pela concentração de ácido oxálico.


“O importante é mostrar o caminho de volta à cozinha, estimular o preparo das refeições, mas claro, com um olhar atento ao cotidiano de cada um, tem que encaixar no dia a dia”, afirma Suzana.


A professora ressalta que quanto maior o conhecimento e o interesse sobre as PANCs, maiores as chances de aumento no cultivo e produção. “Precisamos valorizar a diversidade brasileira, a regionalidade, o que torna o cardápio mais nutritivo, fresco e saboroso”, diz.


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Festival MixBrasil traz 'A Metade de Nós', filme modesto sobre luto, FSP

 Inácio Araujo

A METADE DE NÓS

  • Quando Quin. (9), 20h30, e qui. (16), 16h
  • Onde Festival Mix Brasil
  • Classificação 14 anos
  • Elenco Denise Weinberg e Cacá Amaral
  • Produção Brasil, 2023
  • Direção Flávio Botelho

Quem trata de um tema como o suicídio deve saber que nesse terreno é muito mais fácil errar do que acertar, tais e tantas são as armadilhas que encontrará pelo caminho. Flavio Botelho, diretor que estreia em longas com este "A Metade de Nós", aceitou o risco e, modesto diante do assunto, conseguiu contornar os obstáculos que se apresentavam, sobretudo porque no caso de que se ocupa trata-se do suicídio de um filho.

Diante da morte do jovem, e da evidente tragédia que os atinge, os pais veem a sua vida desabar. O filme poderia desabar junto, o que não acontece em boa parte graças ao casal de atores que interpreta Francisca (Denise Weinberg) e Carlos (Cacá Amaral).

Cena do filme 'A Metade de Nós', de Flávio Botelho
Cena do filme 'A Metade de Nós', de Flávio Botelho - Divulgação

São dois atores que desconhecem o vício, infelizmente tão frequente, de piscar os olhos para a plateia depois de fazer uma cena difícil, como a dizer "viu do que eu sou capaz?". Talvez por isso não frequentem as galerias de atores mais falados e badalados, com fãs nas redes sociais e tal e coisa.

São, em contrapartida, bastante eficientes e conhecem seus personagens muito bem. Dizer que o conjunto os ajuda é uma meia-verdade: afinal, estão os dois, todo o tempo, diante da câmera, numa produção de baixo orçamento. Mas, ok, o dinheiro magro de que dispunha a produção bastou para o filme.

Desde o início lá estão eles, atônitos, tentando saber o que afinal levou o filho ao suicídio. Qual a culpa que teriam no acontecimento? Seria possível transferi-la para o psiquiatra que atendia o rapaz? Será que isso aconteceu por que o menino era gay? Mas ele era gay?

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Eis uma boa providência tomada por Botelho: evitar que a sexualidade tomasse conta da cena. Nada desse hábito que consiste em ver qualquer tipo de orientação sexual menos ortodoxa como inferno ou paraíso. Aliás, o filme mantém uma prudente (ou esperta) ambiguidade sobre o assunto: seria o rapaz gay ou não? Nem Hugo, rapaz que foi vizinho dele, responde.

A atitude do homem e da mulher são diferentes diante do luto. Enquanto ela se fecha, não fala, chega mesmo a se demitir da faculdade em que dá aulas, o marido tenta se arranjar como pode. Eles se separam silenciosamente. Ela segue na casa em que moravam. Não há "vida que segue". É preciso sair do nada, do bem menos que nada. O pai se instala no apartamento do filho. Ele se dedica a, de algum modo, recomeçar a vida: todos os atalhos são permitidos; alguns, veremos, nem são tão atalhos assim. Ela, ao contrário, evita qualquer diálogo, mesmo com a irmã, e segue ensimesmada (tem por único suporte é seu cachorro).

Falei de armadilhas que podem afetar tremendamente um filme sobre tal assunto. A obviedade é um deles. O filme abdica de coisas como mostrar velório e enterro, com a decorrente choradeira, ou a separação do casal e eventuais brigas: tudo isso o espectador pode muito bem adivinhar que aconteceu (ou não), mas nada acrescenta à questão, a saber: a dor dos pais.

Também se evitam coisas como o pieguismo ou a dispersão por subplots (nem haveria dinheiro na produção para isso, mas tudo bem). Quase se cai na armadilha do ato extremado, quando a mãe encontra um revólver e pensa em utilizá-lo contra o psiquiatra. O uso de elipses ajuda, no mais, a transitar pelo enredo sem explicar obviedades que devem ser transmitidas pela imagem.

Em nenhum momento se trata a morte do filho como acontecimento a superar. Os protagonistas têm plena noção de que essa dor não é eliminável (é assim que a transmitem a nós, em todo caso). Pode se transformar, não desaparece. Nem por isso é possível arrastar o luto pela eternidade. E seguir adiante é uma questão. A questão do filme, precisamente.

Quase tanto quanto dos atores e da firmeza da direção em manejar seus poucos recursos, o filme deve muito a uma banda de ruídos presente, que substitui com vantagem o recurso à música como elemento dramático (e que dispersa o espectador de eventuais falhas).

Flavio Botelho faz uma estreia modesta e eficiente, num filme típico do chamado "baixo orçamento", marcado pela enorme crise do cinema brasileiro, que ainda estamos longe de superar _e que ao menos tem a vantagem de evitar tolices infladas nas telas). É alguém de quem se pode esperar o próximo trabalho pensando que dali não sairá nenhuma besteira. É muito mais do que nada.

Dono da Starbucks deve R$ 10 milhões a ex-funcionários, FSP

 Fernanda Brigatti

SÃO PAULO

As empresas sob gestão da SouthRock no Brasil têm dívidas a serem pagas a 2.357 credores, segundo documentos enviados pelo grupo à Justiça de São Paulo.

Com ex-funcionários, a dívida da controladora da Starbucks é de R$ 10,447 milhões e alcança 885 pessoas, com valores descritos como referentes à rescisão de contrato.

A maioria na lista de pessoas, empresas, bancos e órgãos públicos com valores a receber, 1.031 deles, são créditos sem preferência em uma eventual recuperação judicial, os do tipo quirografários.

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Fachada da Starbucks na alameda Santos, em São Paulo, fechada desde o dia 31 de outubro, quando sua controladora pediu recuperação judicial - Danilo Verpa-01.nov.23/Folhapress

O detalhamento dos credores foi incluído no pedido de recuperação judicial feito pelo grupo à Justiça de São Paulo e que ainda não foi analisado. Na petição inicial, os advogados do grupo apontam que o valor da ação é R$ 1,8 bilhão. A lista de credores enviada dias depois soma R$ 2,5 bilhões.

No dia 1º, o juiz Leonardo Fernandes dos Santos, da 1ª Vara de Falências da Justiça de São Paulo, negou os pedidos de tutela de urgência feito pela SouthRock para suspender a rescisão do acordo de licenciamento com Starbucks e para impedir a retenção de recebíveis.

Na terça (7), Santos concedeu parte do pedido da SouthRock e determinou que credores do grupo fiquem impedidos de levantar valores já bloqueados em ações de execução em andamento. Segundo o advogado Gabriel de Britto Silva, especializado em direito empresarial, caso a recuperação judicial seja aceita, esses credores "furariam a fila" de recebimento.

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O grupo SouthRock controla diversas empresas de alimentação no Brasil, além da rede de cafeterias, de onde vem sua principal fonte de receitas, cerca de R$ 50 milhões ao mês. Eataly, TGI Fridays, Brazil Airport Restaurantes, Brazil Highway Restaurantes, Vai Pay Soluções em Pagamento e Subway estão entre os negócios do grupo.

O Subway não entrou na RJ no Brasil. O Banco ABC, que consta entre os 20 maiores credores da SouthRock no pedido de recuperação judicial, com R$ 29,1 milhões, questionou na Justiça os motivos para a não inclusão da rede de lanchonetes.

"Causou estranheza ao Banco ABC o fato de que, dentre as requerentes", escreveram os advogados do banco, "não houve a inclusão das sociedades empresárias relacionadas a rede Subway". "Isso porque, ao que se sabe, o grupo era todo regido mediante caixa único e sob a mesma gestão empresarial".

Outros bancos e fundos estão no topo da lista de credores, como Banco do Brasil, com R$ 176,9 milhões, Pine, com R$ 58,6 milhões, Santander, com R$ 45,4 milhões, e Votorantim, com R$ 40,3 milhões. Entre os principais credores também estão a Receita Federal –são R$ 32,1 milhões em débitos referentes a contribuições previdenciária que não foram recolhidas.

Com a Starbucks Coffee Internacional, estão listadas duas dívidas em dólares. Uma de US$ 9,6 milhões (cerca de R$ 47 milhões), referente a um acordo de pagamento, e outros US$ 7,9 milhões (R$ 38,6 milhões), de royalties e fornecimento de produtos.

Há também o lançamento de R$ 49 milhões devidos à Starbucks LLC, descrito como valor remanescente de aquisição.

O pedido de recuperação judicial dos negócios da SouthRock foi acelerado pela notificação de rescisão do contrato de licenciamento para o uso da marca, que chegou em 13 de outubro. Assessores legais da dona da marca e os controladores no Brasil ainda negociaram até o dia 27 de outubro, quando as conversas foram interrompidas.

Em 31 de outubro, o pedido de recuperação judicial foi apresentado e, no mesmo dia, diversas unidades da rede de cafeterias já não abriram ao público e funcionários foram demitidos.

A SouthRock pediu à Justiça que concedesse, de maneira emergencial, a suspensão da perda do direito de uso da marca, mas o juiz da vara de falências considerou que o tema era alheio à recuperação judicial.

No pedido encaminhado ao judiciário, o grupo diz ter acelerado a expansão de unidades da rede de cafeterias a partir de 2019, no ano seguinte à aquisição do controle no Brasil. Até então, eram 187 lojas próprias. A rede não diz quantas foram fechadas.

A estreia da Starbucks no Brasil foi em dezembro de 2006, no Shopping Morumbi, na zona oeste da capital paulista. Até a aquisição pela SouthRock, as unidades ficavam concentradas no eixo Rio-São Paulo. Com a expansão, chegaram também a Santa Catarina, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais.

Além da rede Starbucks, o Eataly (centro gastronômico com 8.000 metros quadrados no bairro Morumbi), o TGI Fridays, com quatro lojas próprias no país, outros 31 restaurantes, 25 em aeroportos internacionais em São Paulo, Rio, Brasília (DF), Florianópolis (SC) e Belo Horizonte (MG), e seis em rodovias em São Paulo, também integram o pedido de RJ.