segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Golpe no Níger, editorial FSP

 

Em frente à embaixada da França, manifestantes apoiam golpe militar com bandeiras do Níger e da Rússia, em Niamei (Níger) - AFP

Espremido entre o deserto do Saara ao norte e as savanas africanas ao sul, o Sahel é uma zona árida e asfixiante em mais de um sentido.

Nos últimos anos, países que compõem a região foram palco do aumento da atividade de grupos terroristas islâmicos, da brutalidade de mercenários e de uma sequência de golpes de Estado.

A última peça do dominó a cair é o Níger, vasto país do tamanho do Pará e terceiro mais pobre do mundo, segundo a ONU.

Em 26 de julho, o presidente eleito democraticamente em 2021, Mohamed Bazoum, foi deposto por uma junta militar e submetido a prisão domiciliar. Ele fora empossado após a primeira transferência pacífica de poder no país desde a independência da França, em 1960.

A reação internacional ao golpe, numa região em que quarteladas são fatos corriqueiros, desta vez foi surpreendentemente dura.

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Isso se explica pelo cenário geopolítico tenso, agravado pela guerra da Ucrânia. O Níger era um raro aliado do Ocidente na região contra a ameaça jihadista e atuava como uma barreira de contenção à infiltração do infame grupo russo Wagner, que já atua em países vizinhos como Mali, Burkina Faso e, um pouco mais ao sul, a República Centro-Africana.

Os mercenários, notórios pelo envolvimento na guerra da Ucrânia e pelo breve levante contra o presidente Vladimir Putin em junho, atuam na África como uma espécie de braço da política externa russa, fechando acordos com ditadores locais que muitas vezes incluem a expulsão de tropas ocidentais.

Soma-se a esse contexto o fato de o país ter algumas das maiores jazidas mundiais de urânio, mineral necessário tanto para bombas atômicas quanto para a descarbonização das fontes de energia.

Preso pela junta, mas ainda com meios para se comunicar, o presidente deposto fez um apelo direto por uma intervenção internacional na quinta-feira (3).

Países da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental cogitam uma força multinacional para restituir Bazoum ao poder, possivelmente com apoio de cerca de 1.100 soldados americanos baseados no Níger.

No entanto desfazer o golpe seria, na melhor das hipóteses, um pequeno alento para trazer alguma estabilidade. Em qualquer cenário, pobreza extrema, terroristas e disputas geopolíticas seguirão fazendo do Sahel uma das regiões mais irrespiráveis do planeta.


Zoom anuncia volta aos escritórios, tHE nEWS

 A empresa que virou a cara da onda do home office com a pandemia acabou de anunciar que seus colaboradores precisarão voltar aos escritórios pelo menos duas vezes por semana.

  • Segundo o comunicado enviado à equipe, a mudança vale para aqueles que moram em um raio de 80 km de algum escritório da empresa.

No ano passado, a companhia divulgou que apenas 2% de sua força de trabalho trabalharia em um escritório. Parece que a visão dos diretores mudou, seguindo um movimento feito por outras grandes empresas TECH.

A Zoom é peculiar justamente por seu produto ser intimamente ligado ao trabalho remoto. Ainda que seja híbrido, tecnicamente, se as empresas tomarem essa mesma decisão, o mercado da Zoom simplesmente diminui.

É só pensar que as reuniões que seriam on-line viram presenciais, no escritório. Tanto que, em relação ao pico da pandemia, quando basicamente todas as empresas estavam de casa, a empresa já perdeu mais de US$ 100 bilhões em valor de mercado.


Be8 deve investir R$ 300 milhões para produção de glúten vital em unidade de etanol., Nova Cana

 O presidente da Be8, Erasmo Carlos Battistella, anunciou nesta sexta-feira, 4, durante visita do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, à fábrica de Passo Fundo (RS) mais uma novidade que será integrada ao investimento da planta de etanol: a produção de glúten vital.

Segundo ele, trata-se de um concentrado proteico em pó obtido a partir da farinha de cereais. A nova linha representa um acréscimo de cerca de R$ 300 milhões ao investimento anunciado para a usina.

“Atualmente todo o glúten consumido no Brasil é importado. Como este projeto inovador, a Be8 suprirá integralmente o mercado brasileiro, com capacidade para atender ao Mercosul também”, explica Battistella. “Vamos assegurar assim o fornecimento com estabilidade, favorecendo melhores preços e parcerias com produtores de trigo da região”, completa.

A unidade terá a capacidade para produzir 35 mil toneladas ao ano de glúten vital, substituindo todo o produto importado, que totalizou 25 mil toneladas no ano de 2022.

O glúten é uma proteína extraída de cereais, tais como trigo, centeio, cevada e triticale. As características do glúten vital extraído e do glúten naturalmente presente na farinha não são as mesmas. A diferença principal está na capacidade de absorção de água. O glúten de trigo vital é normalmente utilizado como aditivo na panificação. Para isso, é necessário extraí-lo da farinha e transformá-lo em um pó a partir de um processo com múltiplas etapas.

De acordo com a Be8, as aplicações do glúten vital são inúmeras na panificação, mas a principal delas é a fortificação de farinhas “standard”, já que é geralmente necessário o uso de farinhas fortes para a produção de pães. O glúten retém os gases produzidos durante a fermentação, favorecendo o crescimento e volume.

Ainda segundo a companhia, a integração da linha de produção ao processo do etanol permite aproveitar a mesma matéria-prima, extraindo a proteína do cereal para produzir o glúten e o amido para o biocombustível.

O projeto terá um importante impacto no Rio Grande do Sul porque destinará o trigo produzido no estado para o mercado interno, reduzindo a necessidade de importação do produto para panificação. A previsão é que sua produção possa começar junto com a de etanol, em 2025.