quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Antibolsonarismo X Antipetismo, Mariliz Pereira Jorge, FSP

 Jair Bolsonaro tem um adversário maior do que Lula, ele mesmo. Na última pesquisa Ipec, 50% dos entrevistados disseram que não votariam nele de jeito nenhum. A rejeição enfrentada pelo candidato do PT bate nos 40%.

Você pode estar desconfiado dos institutos, mas essa eleição é tão atípica que parece evidente que os votos têm mudado de destino por variáveis difíceis de serem detectadas. Uma coisa é certa: a força do antibolsonarismo e do antipetismo. Os dois candidatos não deveriam ignorar a ojeriza que despertam num punhado importante de cidadãos.

À esquerda, o ex-presidente Lula participa de evento do PT, à direita, o presidente Jair Bolsonaro participa do Dia do Soldado na Concha Acústica do Exército, em Brasília (DF) - Pedro Ladeira e Gabriela Biló/Folhapress

Bolsonaro sabe o quanto é odiado e se movimentou rapidamente. Adotou de imediato uma fala mansa, mesmo ao criticar os institutos de pesquisa, o STF e a imprensa. Acenou aos eleitores que não votaram nele. De lá pra cá, elogiou a mídia, chamou nordestinos de "irmãos", depois de relacioná-los ao analfabetismo.

Sua rejeição cai quando ele diminui o tom. Tivesse dito as atrocidades que perfilou nos últimos anos em voz baixa e com sorriso no rosto, estaria eleito. É difícil entender o que passa na cabeça de quem vota num sujeito desse. Por outro lado, o antipetismo é uma realidade que o partido e seus apoiadores precisam encarar e a essa altura ainda parecem não saber como lidar.

O anúncio de tentar mobilizar a militância para bater de porta em porta na periferia é uma boa estratégia. Maravilha, mas os voluntários estarão preparados para responder questões sobre corrupção, sobre o desastre econômico do governo Dilma? Vão chamar de golpe o impeachment apoiado por potenciais novos eleitores? É sobre isso.

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Vídeo de artista fazendo L, foto com 13 livros empilhados, Dilma no palanque funcionam para deixar quentinho o coração do convertido. O eleitor que não sabe se odeia mais Bolsonaro do que Lula precisa ser ouvido, orientado, convencido. Pergunto novamente, querem ganhar a eleição ou ter razão?

Biden concede perdão a condenados por posse de maconha nos EUA, FSP

 Em um primeiro aceno rumo à descriminalização da maconha nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden anunciou nesta quinta-feira (6) o perdão a todos os condenados a nível federal por posse da substância.

Em comunicado, o democrata afirmou também que pediu que os governadores tomem medida semelhante nas esferas estaduais, no que descreveu como um passo importante para acabar com o que chamou de "abordagem fracassada".

"Existem milhares de pessoas que têm condenações federais anteriores por porte de maconha, que podem ter tido negadas oportunidades de emprego, moradia ou educação como resultado disso. Minha medida ajudará a aliviar os efeitos colaterais decorrentes dessas condenações", afirmou o presidente.

Joe Biden, presidente dos EUA, desembarca em Nova York - Tom Brenner - 6.out.22/Reuters

O perdão é quase simbólico e se resume a pessoas presas e condenadas por posse de maconha por agentes federais, já que hoje uma série de estados possui regras que descriminalizam ou legalizam o uso da erva. Na capital do país, Washington, por exemplo, não é crime ter até 56 gramas de maconha ou três plantas maduras em casa. Assim, a polícia de DC não pode prender quem se enquadra nesse limite.

A situação muda no chamado National Mall, imensa área verde da cidade onde ficam Casa Branca, Congresso e a maioria dos monumentos e museus museus, ou no principal parque da cidade. Como esses são territórios federais, o uso de maconha pode ser coibido por agentes federais. Nesses locais, pela legislação federal, a posse é punível com até um ano de prisão e multa de US$ 1.000 (R$ 5.210) para a primeira condenação.

Biden também afirmou nesta quinta-feira ter pedido ao secretário de Saúde e ao procurador-geral dos Estados Unidos que tomem medidas administrativas para revisar a legislação do país sobre a maconha, hoje classificada na Lei de Substâncias Controladas na mesma categoria de drogas mais fortes, como heroína, LSD, fentanil e metanfetamina.

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"Muitas vidas foram tiradas por causa da nossa abordagem fracassada. É hora de corrigirmos esses erros", disse o democrata, que ressaltou também que a população negra é presa, processada e condenada de modo desproporcional no país.

Hoje, a maconha é de alguma forma legalizada na maior parte dos Estados Unidos. Em 19 estados, é permitido o uso recreativo, como Califórnia, Nova York, Nova Jersey, Colorado e a capital, Washington. Quando se fala em maconha medicinal, o uso é permitido em 37 estados, inclusive em regiões conservadoras, como na Flórida e no Mississippi.

Promessa de campanha de Biden, o presidente americano usou seus primeiros indultos, em abril deste ano, para perdoar e reduzir as penas de pessoas condenadas por crimes não violentos relacionados a drogas.


Golpe da compra fantasma leva o saldo do cartão; veja como identificar e evitar, FSP

 Natalie Vanz

CURITIBA

Mensagens de erro ao tentar pagar com cartão de crédito ou débito são comuns, frequentemente sinalizando problemas técnicos inofensivos ao consumidor. Porém, um novo golpe vem simulando erros em máquinas de cartão para duplicar transações e, sem que lojista ou cliente percebam, realizar uma segunda cobrança ao cliente, de mesmo valor, mas direcionada à conta do golpista.

Análise da empresa de cibersegurança Kaspersky indicou que o esquema vem sendo aplicado pelo grupo Prilex, especializado em fraudes com cartões de crédito e débito. Golpistas contatam estabelecimentos por meio de telegramas ou ligações telefônicas, se passando por funcionários do banco ou da empresa da máquina de cartão, e solicitando o download de determinado arquivo para uma suposta atualização dos sistemas.

Se no golpe da mão fantasma a fraude ocorria após o usuário ser induzido a baixar aplicativos, no da compra fantasma é o estabelecimento comercial que precisa ficar atento para não permitir a invasão.

A Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) diz que o Prilex já é conhecido e combatido em sistemas de pagamentos e não é capaz de comprometer a segurança do chip. Segundo a entidade, esse tipo de evento foi identificado em apenas um tipo de sistema, não de forma generalizada, o que gerou rápida mobilização por parte das empresas para criar e implementar mecanismos de defesa capazes de neutralizar sua ação.

Ilustração colorida mostra uma maquininha de cartão de crédito com o símbolo de cifrão no centro da tela e o recibo da compra. Ao redor dela há desenhos de raios e estrelas e uma linha azul
Reprodução de ilustração feita pelo grafiteiro Ozi, inspiradas no trabalho de Alex Vallauri, um dos pioneiros do grafiteno Brasil - Gabriel Cabral/Folhapress

Este arquivo é uma ferramenta legítima que permite acessar o computador a distância, de forma que não é identificado como ameaça por programas de segurança. Porém, permite aos golpistas verificarem informações diversas, incluindo o volume de transações realizadas com cartão.

"Se forem poucos pagamentos, eles param o ataque por aí. Porém, se o volume for grande, a partir deste momento instalam o Prilex nesse computador, onde tem o software de pagamento", explica Fabio Assolini, diretor da equipe global de pesquisa e análise da Kaspersky na América Latina.

Os criminosos ajustam a instalação para que o Prilex não seja detectado pelo antivírus, frequentemente removendo os softwares de segurança. Uma vez instalado, ele afeta os pagamentos nas máquinas conectadas ao sistema. A primeira tentativa de compra aparenta resultar em erro: "Você vai inserir seu cartão, digitar sua senha ou pin, mas aí vai ocorrer um problema. A transação não será aprovada, e isso vai forçar você a repetir a operação", diz Assolini.

Mas a primeira tentativa, apesar de imperceptível para estabelecimento e cliente, aconteceu: o Prilex capturou os dados do cartão, sua senha e a chave de autenticação da operação, e desviou o montante para outra máquina. O erro é simulado para que o cliente repita o pagamento e o estabelecimento receba o valor devido, sem desconfiar da fraude. O registro do crime só aparece na fatura do cartão, em que constam duas compras de mesmo valor: uma delas, realizada sem que o cliente perceba, é chamada de transação fantasma.

ASSOCIAÇÃO DE CARTÕES RECOMENDA CUIDADO AOS LOJISTAS

A Abecs recomenda aos lojistas atenção a eventuais ligações telefônicas de falsos técnicos que desejam realizar uma suposta atualização de sistema na máquina de cartão. "É importante confirmar a identidade do profissional sempre que receber um contato da empresa credenciadora."

A associação afirma que a indústria de meios eletrônicos de pagamento no Brasil é uma das mais seguras do mundo.

CONSUMIDORES DEVEM VERIFICAR FATURA DO CARTÃO E ACIONAR AVISOS DE COMPRAS

Aos consumidores, a Abecs indica sempre conferir a fatura do cartão, cadastrar para receber mensagens sempre que o cartão for utilizado e, em caso de transações não reconhecidas, entrar em contato imediatamente com a central de atendimento do cartão.

Assolini aponta que há pouco que o usuário possa fazer para se prevenir contra o golpe. "Ao efetuar um pagamento, você não sabe se aquele determinado sistema está infectado ou não. A única coisa que pode fazer é ficar de olho no seu extrato do cartão de crédito. Caso seja detectada uma transação não reconhecida, é sempre recomendado que entre em contato rapidamente com seu banco ou com o emissor do cartão reportando a transação fraudulenta", explica.

A Kaspersky também diz ter identificado ofertas do Prilex para que outros grupos operacionalizem os ataques. Atualmente, investiga suposta oferta de US$ 13 mil (R$ 67,7 mil) pelo malware.

Em nota, a assessoria de imprensa da Polícia Civil de São Paulo disse que o estado conta com a Divisão de Crimes Cibernéticos do Departamento Estadual de Investigações Criminais, criada para combater os crimes patrimoniais cometidos por meios eletrônicos, e ressalta a importância do registro de ocorrências de forma presencial ou por meio da Delegacia Eletrônica. Também declara a existência de cartilha com recomendações e orientações, disponível neste link.

PRILEX INICIOU INVADINDO CAIXAS ELETRÔNICOS, EM 2016

O grupo iniciou os ataques durante o Carnaval de 2016: "Eles conseguiram instalar um vírus em mais de mil caixas eletrônicos, e programar esses caixas para cuspir todo o dinheiro em um ataque sincronizado em várias cidades do Brasil", relata Assolini. Neste mesmo ataque, foram capturados dados de 28 mil cartões de crédito inseridos nos caixas.

Neste mesmo ano, eles passaram a focar meios de pagamento, evoluindo até a sua forma atual. "O Prilex vem mudando sua tática desde o começo, justamente para poder continuar cometendo estas fraudes", diz.