terça-feira, 16 de novembro de 2021

B3 inaugura Touro de Ouro inspirado em bolsas internacionais, OESP

 

Touro de Ouro B3 Bull
A escultura Touro de Ouro foi inaugurada em frente à sede da B3, no centro da Cidade de São Paulo. A estátua é simbólo de agressividade e prosperidade no mercado financeiro. Foto: Cauê Diniz
  • A partir desta terça-feira (16), quem passar em frente à sede da B3, a Bolsa do Brasil, vai encontrar a escultura Touro de Ouro
  • A escultura ficará disponível em frente ao prédio da B3, na Rua XV de Novembro, no Centro da cidade de São Paulo
  • O touro financeiro mais famoso, o Charging Bull, localizado em Wall Street, foi criado pelo artista italiano Arturo Di Modica

A partir desta terça-feira (16), quem passar em frente à sede da B3, a Bolsa do Brasil, vai encontrar a escultura Touro de Ouro, símbolo do mercado financeiro presente em bolsas de todo o mundo. A escultura ficará disponível em frente ao prédio da B3, na Rua XV de Novembro, no Centro da cidade de São Paulo.

Durante o evento de inauguração, nomes como Luiz Barsi, economista e maior investidor individual brasileiro, Guilherme Benchimol, fundador e presidente executivo da XP Inc. e Gilson Finkelsztain, presidente da B3, estiveram presentes.

O artista plástico e arquiteto Rafael Brancatelli e o economista, apresentador e influenciador digital Pablo Spyer foram responsáveis pela execução do projeto junto à B3.

Simbologia ao redor do mundo

No contexto do mercado financeiro, a imagem do animal é símbolo de otimismo e prosperidade. O touro financeiro mais famoso, o Charging Bull, localizado em Wall Street, foi criado pelo artista italiano Arturo Di Modica após a quebra do mercado de ações da chamada ‘Segunda-Feira Negra’ de 1987. A estátua de cobre localizada em Nova York foi inaugurada em 1989.

Além de estar presente na capital financeira dos Estados Unidos, a estátua de um touro também pode ser encontrada em frente à Bolsa de Valores de Frankfurt, na Alemanha, quando foi inaugurada em 1985, como parte da celebração do 400° aniversário da Bolsa alemã.

Popularmente, acredita-se que ao tocar nas bolas do touro, a pessoa vai ter sorte e dinheiro, o que atrai milhares de turistas para visitação.

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Sem-teto comendo acarajé incomoda mais que a fila do osso, Guilherme Boulos, FSP

 Em julho, uma fila com centenas de pessoas em Cuiabá para pegar ossos de carne. Em outubro, gente correndo atrás de um caminhão de lixo em busca de restos de comida em Fortaleza. Na semana passada, um homem desesperado gritando de fome entre os prédios de Brasília. E todo dia vemos gente implorando por comida com placas de papelão nos semáforos de São Paulo. Silêncio da milícia palaciana.


Mas bastou uma foto de Wagner Moura comendo um acarajé no prato numa ocupação do MTST para despertar a revolta da horda bolsonarista. Eduardo Bananinha, aquele que posou vestido de xeique, tentou ironizar num tuíte diretamente de Dubai e referiu-se à fome... na Venezuela. Flavio, seu irmão, aquele da mais que suspeita mansão de R$ 6 milhões, também entrou na onda.

​Quando pensam em camarão, deve lhes vir à mente pratos com preços exorbitantes do bolsonarista Coco Bambu. Como desconhecem a cultura brasileira, talvez valha a pena lembrar que o acarajé, comida típica baiana, tem camarão seco, além do vatapá e do caruru. Nada mais apropriado para servir ao baiano Wagner Moura no dia da exibição de um filme sobre outro baiano, Carlos Marighella. Aliás, o prato foi doado pelo restaurante Acarajazz —onde é vendido por R$20—, liderado pela ativista Bia Souza, que já havia feito outras doações para ocupações do MTST.

Foto mostra Wagner Moura se servindo de um dos kits de acarajé doado pelo restaurante Acarajazz
Wagner Moura se serve de um dos kits de acarajé doado pelo restaurante Acarajazz - Reproduçao/Guilherme Boulos
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Os mesmos que olham com indiferença a fome no Brasil e silenciam com gastos perdulários do cartão corporativo presidencial e excursões a Dubai expressam sua revolta com o acarajé. Enfim, a hipocrisia. Mas neste caso vai além. A imagem não teria causado tamanho furor se não tivesse sido feita numa ocupação do movimento sem-teto.

No fundo, está aí a velha conhecida povofobia de setores da elite e da classe média brasileira. Um misto de aversão, desprezo e medo dos pobres. Nessas mentes, MTST e camarão não cabem numa mesma frase. Assim como não cabem —nem nunca couberam— negro e universidade, pobre e aeroporto, empregada doméstica e direitos trabalhistas. São consciências binárias, que funcionam com base em dois termos devidamente apartados: Casa Grande e Senzala. Cidadãos e subcidadãos.

A polêmica do camarão, além de expor hipocrisia e ignorância dos filhotes presidenciais, serviu para desnudar mais uma vez a real polarização de um Brasil que nunca superou seus 300 anos de escravidão. Sem-teto comendo acarajé incomoda mais do que a fila do osso. O medo da ascensão dos mais pobres faz com que parte da sociedade permaneça refém do ressentimento que dá vazão aos piores preconceitos. É preciso colocar o dedo nessa ferida aberta para que um dia possa cicatrizar. Mais camarão aos sem-teto!

Alvaro Costa e Silva O cronista que namorou a morte, FSP

 Verão de 1967. Seis modelos posam para o fotógrafo Paulo Garcez numa cobertura de Ipanema —Vinicius de Moraes, Paulo Mendes Campos, Sérgio Porto, José Carlos Oliveira, Fernando Sabino e Rubem Braga. Apesar do calor, eles vestem terno e gravata. Mas, para sorte dos leitores, sempre escreveram como quem anda de bermuda. A prova é uma antologia que acaba de sair, "Os Sabiás da Crônica".

Homens de terno posam para foto
Na capa da antologia, os cronistas Vinicius de Moraes, Paulo Mendes Campos, Sérgio Porto, José Carlos Oliveira, Fernando Sabino e Rubem Braga - Paulo Garcez/Divulgação

Na foto que ilustra a capa do livro, Carlinhos Oliveira está no centro da roda de cronistas. Hoje ele é o menos badalado da turma. Seu primeiro romance, "O Pavão Desiludido" (1972), não foi bem recebido na época e, sem reedição, continua um dos maiores segredos da literatura brasileira. É sintomático que um autor que passou a vida sendo cobrado por ser uma promessa não cumprida tenha escrito um livro tão bom e ninguém tenha notado.

Carlinhos —morto em 1986, aos 51 anos, devastado depois de beber todas— afirmava que poderia escrever um romance autobiográfico de 500 páginas começando, capítulo por capítulo, da mesma maneira: "Ontem dormi tarde, bebi muito". Com 1,58 metro e 53 quilos, andar de passarinho, inimigo do chuveiro, barbicha de clochard, usando a blusa emprestada da namorada, ele fez do flerte com a morte seu pão de cada dia.

Como cronista, tinha uma pegada mais de jornalista. Em sua coluna no Jornal do Brasil, publicada quatro vezes por semana durante 23 anos ininterruptos, tratou de política, sexo, terrorismo, cultura, cidades, violência, neuroses, drogas, juventude, preconceitos. Escritor místico e panfletário, jamais abandonou seus temas preferidos: solidão, amor, amizade, desejo, morte, religião. De vez em quando falava de literatura, geralmente para espinafrar a vaidade dos colegas.

Os 15 textos selecionados em "Os Sabiás da Crônica" são um aperitivo de seu talento. Sua grande obra, no entanto, jaz na coleção do JB, um interminável romance incompleto e fragmentário.

Imagem com a capa do livro "O Pavão Desiludido" de José Carlos Oliveira. Ela é rosa e mostra o rosto do autor, que está de óculos e fuma um cigarro.
Publicado em 1972, 'O Pavão Desiludido' é o primeiro romance de José Carlos Oliveira - Reprodução