terça-feira, 12 de outubro de 2021

Mortes: Aos 116, era a mais velha do Brasil e a terceira do mundo, Patricia Pasquini, FSP

 


SÃO PAULO

Já pensou chegar aos 116 anos sem nunca ter tomado um comprimido para controlar a pressão arterial? A dona Francisca Celsa dos Santos chegou. E por 17 dias não alcançou 117 primaveras.

O segredo? A assistente administrativo Fernanda Aliny Barroso Celsa, 41, disse que a avó era espirituosa, alimentava-se bem e tinha fé em Deus. O amor também fazia parte da receita milagrosa.

Francisca ficou doente uma vez na vida, com pouco mais de 80 anos. Teve um câncer no estômago. Como odiava hospitais, usou a teimosia que lhe era peculiar e o poder sobre a família para evitar a internação. O tratamento foi feito em casa, segundo Fernanda, com remédios naturais —a famosa garrafada.

Francisca Celsa dos Santos (1904-2021)
Francisca Celsa dos Santos (1904-2021) - Arquivo pessoal

Natural de Cascavel, na região metropolitana de Fortaleza (CE), a centenária trabalhou com artesanato a maior parte da vida.

Para a neta, ela estava sempre à frente do seu tempo. Como era decidida, aos 47 anos tomou a iniciativa de ir a um cartório se dar entrada no próprio registro.

Francisca venceu ilesa duas pandemias: gripe espanhola e coronavírus. Quando chegou aos 80, anualmente dizia a todos "eu não passo desse ano”.

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O Gerontology Research Group, fundado em Los Angeles, nos EUA, para identificar supercentenários, a reconheceu como a pessoa mais velha do Brasil e a terceira do mundo.

Um dia antes de morrer foi reconhecida como a mais velha da América Latina pelo Guinness, livro de recordes mundiais.

A lucidez acompanhou Francisca até cinco anos atrás, mas até o último dia ela ensinou a amar a família e o próximo.

Francisca morreu em 5 de outubro, aos 116 anos, de pneumonia. No dia 22 de outubro, ela completaria 117 anos.

Viúva, deixa três filhas, netos, bisnetos, trinetos e um legado de bondade.

Vera Iaconelli Sapos, filhos e cachorros, Vera Iaconelli, FSP

 Muitas pessoas dizem que não podem ter filhos, quando na verdade querem dizer que não podem tê-los a partir do próprio corpo, com sua carga genética. O subentendido ocorre porque costumamos reduzir a parentalidade à reprodução de corpos, esquecendo que filhos têm diferentes procedências.

“Quero ter um bebê”, frase tão corriqueira, é mais um exemplo de uma curiosa redução. Equivale a dizer “quero ter girinos”, quando de fato se trata muito mais de criar sapos. A depender do alcance do desejo, alguns pais/mães nunca se recuperam do fim da infância dos filhos, sonhando com pequenos eternizados.

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Mãe faz carinho na filha - fizkes - stock.adobe.com

Filhos vêm de diferentes lugares e nem sempre chegam a nós nos primórdios mas, seja quando for, podemos contar com tumulto, transformações, choro e ranger de dentes. A depender do início da jornada, um tanto de sorte e nossa própria longevidade, seremos pais de bebês, de crianças, de adolescentes, de jovens adultos e de velhos.

A cada fase desafiadora, nos caberá criar repertório inédito para lidar com um sujeito que vai ficando cada vez mais crítico e exigente. A crítica é o pesadelo dos pais de adolescentes, enquanto os filhos têm por ocupação usar os pais como primeira baliza. Somos os modelos mais próximos e importantes, portanto, os mais sujeitos a ouvir palpites e receber avaliações implacáveis.

Além disso, com nosso envelhecimento, fica provado que não nos tornamos exatamente aquilo que fantasiamos vir a ser. Vai ficando cada vez mais difícil justificar o injustificável da nossa existência para nós e para eles.

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Temos insatisfações no trabalho, ambivalências na vida amorosa, insistimos em amizades anacrônicas, cultivamos hábitos insalubres e lá estão os fiscais do comportamento alheio para nos lembrar disso diuturnamente. É como se os anos de infinitas ordens e responsabilizações intrínsecos a qualquer processo educativo fosse interpretado como estelionato eleitoral. A credulidade infantil dá lugar a uma desconfiança de que os pais nunca estiveram à altura do cargo. E se não podemos evitar sermos tão distantes do ideal que nos persegue, tampouco podemos impedir que os filhos descubram essa farsa, da qual não escaparão também. Ganha quem não se apegar demais à imagem a ponto de disputá-la. Mas também quem tiver consideração e respeito pela condição humana, nossa e deles.

Chegamos, então, à fase na qual não há mais adolescentes em casa, apenas adultos dividindo espaços, hábitos e afetos. Adultos com status diferentes uma vez que se os filhos já pudessem assumir integralmente os custos de uma casa, provavelmente não morariam mais com os pais. A casa acaba por responder mais aos anseios dos últimos, que a construíram segundo suas metas e possibilidades e, frequentemente, lá permanecerão.

Nesse ponto nos perguntamos se a jornada que começa com a falsa premissa de ter um bebê –nosso adorável e saudoso girino– terá valido a pena depois do esculacho e queda de braço da adolescência. Ou ainda, quando a passionalidade adolescente não opera mais, mas sim a delicada convivência entre adultos com diferentes anseios sobre o mesmo teto. Como é descobrir que na parentalidade começamos príncipes e terminamos sapos?

Se os humanos, com suas pequenas glórias ordinárias, inseguranças pueris, disputas patéticas e surpreendente capacidade de amar e aprender te encantam e inspiram a cuidar, a parentalidade pode ser uma campo fértil para você (mas não o único).

Mas, se você quer ser amado incondicionalmente e seguido com louvor, sugiro cachorros.


Governo descobre novos depósitos de potássio para uso na agricultura, Gov.br

 Governo descobre novos depósitos de potássio para uso na agricultura

Minério foi identificado na Bacia do Amazonas. - Foto: Agência Brasil

Com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre o potencial no país de minerais usados na agricultura, o Serviço Geológico do Brasil, empresa pública ligada ao Ministério de Minas e Energia, identificou na Bacia do Amazonas novas ocorrências e ampliou em 70% a potencialidade sobre depósitos de sais de potássio, ou silvinita, como é denominado o mineral cloreto de potássio, do qual se extrai o potássio (K).

Essencial para qualquer tipo de cultivo, o potássio é um dos minérios mais importantes para a indústria de fertilizantes. O mineral é largamente utilizado para aumentar a produtividade no campo e, juntamente com o nitrogênio e o fósforo, forma a tríade presente nas formulações NPK.

Atualmente, o Brasil importa 96,5% do cloreto de potássio que utiliza para fertilização do solo. Também ostenta o título de maior importador mundial de potássio, com 10,45 milhões de toneladas adquiridas em 2019, de acordo com dados do Ministério da Economia.

De acordo com o Informe Avaliação do Potencial de Potássio no Brasil - Área Bacia do Amazonas, setor Centro ­Oeste, Estado do Amazonas e Pará, até o momento, pode-se afirmar a existência de depósitos em Nova Olinda do Norte, Autazes e Itacoatiara, com reservas em torno de 3,2 bilhões de toneladas de minério, além de ocorrências em Silves, São Sebastião do Uatumã, Itapiranga, Faro, Nhamundá e Juruti. Na região de Autazes, o minério pode ser encontrado a profundidades entre 650m a 850m, com teor de 30,7% KCl. Em Nova Olinda, a profundidade varia em torno de 980m e até 1200m, com teor médio de 32,59% KCl.

Impacto para o setor agrícola

De acordo com o diretor de Geologia e Recursos Minerais, do Serviço Geológico do Brasil, Marcio Remédio, caso esses depósitos já identificados entrem em produção, o impacto para o setor agrícola e para produção de fertilizantes no Brasil pode ser imediato. “A expectativa é que, ao reduzir a importação de fertilizantes, o insumo torne-se mais barato e acessível, eliminando custos de transporte e logística”, explicou.

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, ressaltou a importância do trabalho que o Serviço Geológico do Brasil tem prestado para viabilizar insumos tão necessários para o desenvolvimento do país. “O Brasil é conhecido mundialmente por ser uma potência agroambiental, atendendo parte significativa da demanda mundial e crescente de alimentos. A pesquisa voltada a minimizar a dependência de agrominerais importados é uma ação estratégica e uma meta do Programa Mineração e Desenvolvimento, recentemente lançado.”

Outro ponto importante é a questão da soberania nacional. Neste ano, o mercado do potássio entrou em alerta devido à crise política em Belarus, maior fornecedor mundial da commodity, levando à elevação de preços e preocupação com o fornecimento do insumo. “Uma das nossas linhas de atuação é fomentar o descobrimento de novas jazidas para commodities estratégicas como o fosfato e o potássio, por meio de diversos projetos de prospecção, principalmente diante da preocupação em atender à projeção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de aumento de cerca de 27% da nossa produção de grãos na próxima década”, ressaltou o diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil, Esteves Pedro Colnago.

O secretário de Geologia e Transformação Mineral, Alexandre Vidigal, lembrou dos benefícios, além do agronegócio e da economia do país, que a atividade mineral pode gerar em âmbito regional, como a criação de novos empregos, melhoria na renda da comunidade local e mais arrecadação nos municípios produtores, que passam a receber a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM).