sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Presidente do TST diz que conversou com Bolsonaro e contraindica apoio de Cortes Regionais a protestos pela Justiça do Trabalho, OESP

O presidente do Tribunal Superior do Trabalho, João Batista Brito Pereira, afirmou, nesta sexta-feira, 18, que conversou com o presidente Jair Bolsonaro (PSL), que teria prometido que não proporia alterações na Constituição referentes à Justiça do Trabalho. Em ofício aos presidentes de todas as Cortes Regionais do Trabalho, o ministro também desaconselha o apoio institucional dos tribunais a movimentos de associações de magistrados em defesa da Justiça do Trabalho.

Documento

Entidades têm convocado atos pela ‘defesa da Justiça do Trabalho’ nos dias 21 de janeiro e 5 de fevereiro, desde que Bolsonaro, em entrevista ao SBT, em dezembro, acenou com a possibilidade de extinção deste ramo do Judiciário. As declarações de Bolsonaro soaram para os magistrados como uma ameaça à Justiça do Trabalho. O ofício às Cortes foi uma resposta à chamada feita pelas associações aos magistrados.
No documento, Brito Pereira diz que ‘na qualidade de Presidente do TST e do CSJT (Conselho Superior da Justiça do Trabalho), a quem cabe a defesa da Instituição no intuito de preservar a sua imagem e o seu regular funcionamento, ante os mencionados atos que se avizinham, de responsabilidade exclusiva das entidades associativas promotoras, expresso a Vossa Excelência a inconveniência e a inoportunidade de apoio institucional aos mencionados movimentos e participação dos exercentes de cargo de direção nesses eventos’.
Ele ainda lembra, em ofício, que, antes da posse, Bolsonaro afirmou, em visita ao TST, ‘que qualquer proposta de mudança na legislação que interesse à Justiça do Trabalho será objeto de consulta aos Ministros do TST. “Essa manifestação foi amplamente noticiada nos jornais naquela semana”.
O presidente do TST diz que ‘jamais duvidou da seriedade e das palavras proferidas por Sua Excelência na ocasião, circunstância que afasta qualquer motivação para os eventos que as entidades associativas anunciam para os dias 21 deste mês e 5 de fevereiro próximo’.
“Esclareço, ainda, que, em conversa pessoal, na manhã de hoje, o Excelentíssimo Senhor Presidente da República assegurou-me que não cogita em qualquer plano ou projeto acerca de alteração constitucional envolvendo a Justiça do Trabalho. Reafirmou, também, o que nos disse na ocasião de sua visita ao TST no dia 13 de novembro último”, conclui.

Gestão Doria quer reduzir avaliações de alunos e mudar bônus de professores, FSP

Paulo Saldaña
SÃO PAULO
O novo secretário de Educação do estado de São Paulo, Rossieli Soares da Silva, quer reduzir o número de avaliações feitas por alunos durante o ano para dar mais tempo a aulas e alterar o sistema de bonificação por resultados na rede escolar, política central das sucessivas gestões do PSDB no governo paulista.
Ao invés de avaliar o aluno a cada dois meses, como atualmente, isso deve passar a ocorrer trimestralmente. "Precisamos garantir mais tempo para o professor dar aula", disse Silva à Folha. "Depois vamos pensar em um bônus com outro olhar, com outras informações [para compor o cálculo da bonificação]".
A mudança na bonificação, de profissionais de escolas que progridam no indicador estadual de educação, o Idesp, será discutida no primeiro semestre. A implementação deve ocorrer em 2020.
O novo secretário de educação de SP, Rossieli Soares Silva, na secretaria estadual de Educação - Eduardo Anizelli/Folhapress
A partir do ano que vem o secretário pretende começar a implementar a reforma do ensino médio na rede. O modelo flexibiliza o currículo, mas tirá-lo do papel é visto com dúvidas por especialistas.
O plano dele é chegar em 2022 com o novo modelo em todo o estado. Das 5.300, 3.000 oferecem ensino médio.
Silva foi ministro da Educação do governo Michel Temer (MDB) e também ocupou a secretaria de Educação Básica do MEC. A reforma do ensino médio foi uma das bandeiras da sua gestão.
O agora secretário paulista foi trazido pelo governador João Doria (PSDB) para comandar a rede de 3 milhões de alunos e quase 200 mil professores. A meta estipulada pelo tucano é recolocar a educação paulista no topo dos indicadores educacionais do país.
A liderança no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), foi perdida na gestão do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB).
São Paulo ficou para trás tanto em duas etapas do ensino fundamental quanto no ensino médio, onde a situação é mais grave. Mesmo quando liderava no índice, o estado ainda se mantinha em patamares considerados baixos.
O mandato de Doria é o sétimo seguido do PSDB no estado. O período se inicia em 1995 em SP mas não foi capaz de garantir políticas bem sucedidas de longo prazo na educação e eliminar deficiências.
Silva teve que, nos primeiros dias do ano, gerir uma crise de fornecimento de kits escolares e materiais didáticos, e foi a Brasília acompanhar decisão do Supremo Tribunal Federal que garantiu a contratação de professores temporários --havia o risco de 60 mil alunos ficarem sem aulas.
Para ele, essas questões são mais ligadas com o planejamento de 2019 do que com o legado tucano --de abril a dezembro de 2018, SP foi governado por Márcio França (PSB), vice de Alckmin, derrotado no pleito estadual.
Seguindo estilo de Doria, Silva reforça o discurso de que há uma nova postura."É inaceitável que São Paulo, um estado pujante, líder em tantas áreas, não lidere o processo educacional no Brasil. Precisamos ter claridade que São Paulo pode fazer muito mais", diz. "Nosso olhar agora é para a aprendizagem. Essa é a grande discussão, vamos trazer isso com muito mais energia."
Em São Paulo, profissionais das escolas que cumpram metas (ou parte) no Idesp recebem bônus em dinheiro. Nos últimos oito anos o estado desembolsou R$ 4,2 bilhões.
O Idesp é calculado a partir da avaliação dos alunos em matemática e português, o Saresp, e taxas de aprovação escolar. Há índices para o 5º e 9º anos do fundamental e para o 3º do médio.
O sistema sempre foi polêmico e nunca houve evidências científicas para sua manutenção. A Folha revelou em maio de 2018 que avaliações do próprio governo concluíram que o bônus não promoveu melhorias. Advertências para correções foram ignoradas pelo menos desde 2011.
Segundo ele, novas informações devem ser incluídas para definição do bônus, o que será discutido neste semestre.
O bônus continuará anual, mas o Saresp (prova estadual que compõe o indicador de qualidade) será só nos anos pares. Nos ímpares, o estado utilizará dados da avaliação federal, aplicada a cada dois anos para calcular o Ideb.
Silva poderá colocar em prática políticas pensadas em sua passagem pelo MEC: reforma do ensino médio e implementação do currículo construído à luz da Base Nacional Comum Curricular (que define o que os alunos devem aprender).
São Paulo tem desde 2008 um currículo estruturado, mas, mesmo articulado com a bonificação, não foi capaz de alavancar a educação.
"A gente não tem uma bala de prata. A gente aprovou a base mas ela não vai resolver todos os problemas do Brasil. Não resolve a formação de professore por si só, a infraestrutura das escolas, a valorização dos profissionais. Estas dimensões precisam ser cuidadas", diz Silva.
A expectativa é que as escolas tenham itinerários formativos para o aluno decidir: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e educação profissional.
Silva sabe das limitações orçamentárias, mas diz buscar ampliar recursos. "Se a gente não colocar, em primeiro lugar, o professor dentro da sala de aula, não temos nem chance de fazer o trabalho com aluno. Depois, se não valorizar o professor, não só no aspecto salarial e em outros aspectos, também não vai dar".
Presidente da Apeoesp (sindicato da categoria), Maria Izabel Noronha, a Bebel, diz que Silva teve bom começo na pasta. Ela critica, no entanto, a insistência na política de bônus. "Há comprovação de que isso não tem impacto na qualidade do ensino, e que não valorizou os professores", diz ela, que foi eleita deputada estadual pelo PT.

AO CONTRÁRIO DE DORIA, SECRETÁRIO É CONTRA LEI DE ESCOLA SEM PARTIDO

Ao contrário do governador João Doria (PSDB), favorável ao Escola sem Partido, projeto polêmico que busca limitar o que professor pode falar na sala de aula como combate a supostas doutrinações de esquerda, o secretário de Educação do estado de São Paulo, Rossieli Soares da Silva, não vê necessidade da medida.
"Não pode haver doutrinação, nesse sentido estamos buscando a mesma coisa, mas entendo não ser necessário uma lei para regular isso. Se há conflito, a escola precisa ser o primeiro lugar para resolver", afirma.
"Mas a discussão é que precisamos colocar o foco na aprendizagem. Se o aluno souber ler e interpretar um texto, terá condições de fazer suas críticas a um pensador de esquerda ou de direita".
Silva era secretário de Educação Básica do MEC quando o governo retirou menções à gênero da Base Nacional Comum Curricular. Grupos religiosos e conservadores têm se mobilizado contra o que chamam pejorativamente de "ideologia de gênero" na educação.
O termo nunca esteve na base e não é adotado por educadores. A abordagem de temas sobre identidade de gênero pode, segundo estudiosos, influenciar na discussão de problemas como violência contra a mulher, gravidez na adolescência e homofobia.
Grupos conservadores e religiosos vem na discussão um ataque ao conceito tradicional de família. "O uso do termo gênero para uma coisa e ideologia para outra tem causado essas divisões que não permitem avançar o que precisamos. Temos, sim, que preservar os direitos humanos, respeitar as diferenças, respeitando as instituições, inclusive a própria famílias", diz.
O tema é a principal bandeira do governo do presidente, Jair Bolsonaro (PSL). Na semana passada, o Ministério da Educação envolveu Silva numa polêmica ao acusar a gestão Temer de ter alterado um edital de compra de livros que excluía exigências bibliográficas e temas de direitos humanos. "Temos tido boa relação, me parece que foi muito mais um erro mesmo", diz.
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Nelson Barbosa Carta ao povo petista, FSP

Vai ter reforma da Previdência, e é melhor o PT começar a preparar sua alternativa

Dado que o governo Bolsonaro prossegue com bizarrices ideológicas, indefinições políticas e erros administrativos, hoje prefiro me dirigir aos colegas petistas, com duas sugestões.
Em primeiro lugar, nosso candidato a presidente recebeu 47 milhões de votos! A população brasileira espera que o PT lidere a oposição democrática aos desvarios bolsonaristas, uma vez que CiroMarina e similares ainda procuram um rumo.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente Jair Bolsonaro
O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente Jair Bolsonaro - Adriano Machado - 7.jan.19/Reuters
Sei que alguns preferem deixar Bolsonaro ser vidraça, mas, quando o vidro quebrar, isso irá prejudicará a todos. Como principal partido de oposição e defensor da democracia, o PT deve manter a racionalidade, a civilidade e a esperança no debate público.
Apostar no “quanto pior, melhor” é irresponsável e suicida, vide a situação melancólica do PSDB, do DEM e do MDB. Mas estou divagando. Minha segunda sugestão é mais uma constatação: vai ter reforma da Previdência!
Pode haver greve geral, passeata, abaixo-assinado de intelectuais e artistas, show na Cinelândia e manifestação no Tuca. Ainda assim a reforma do nosso sistema de aposentadorias é necessária por questões de justiça social e reequilíbrio orçamentário.
Nesse sentido, é melhor o PT começar a preparar um substitutivo ao Frankenstein em elaboração pela dupla Bolso-Guedes. A população conta com isso.
Começando pelo corporativismo de Bolsonaro, qualquer reforma tem que incluir os militares. As Forças Armadas devem ter tratamento diferenciado, como acontece em todos os países, mas no Brasil a diferença virou privilégio injustificável.
Já sobre os excessos de Guedes, qualquer reforma da Previdência deve manter ou aumentar o teto do INSS, não reduzir. Diminuir a cobertura do INSS para R$ 2.000 por mês, como aventado por algumas viúvas de Pinochet, é um atentado contra as gerações futuras.
Esta proposta tem por único objetivo criar mercado para fundos de previdência privada e, não por acaso, é defendida por economistas sem partido, mas com patrocínio.
A população brasileira está vivendo mais, e a forma responsável de lidar com essa mudança benéfica é aumentar a receita da Previdência Social. Isso envolve tanto elevar o percentual de contribuição sobre o faturamento de microempresas e ruralistas ao INSS (hoje subtributados) quanto aumentar a contribuição previdenciária de todos os trabalhadores, do setor público e do setor privado.
Por exemplo, a contribuição dos servidores civis deve subir de 11% para 14% do salário, como aprovou recentemente o governo do PT, na Bahia.
O mesmo princípio deve valer para o “sistema de proteção dos militares” (não pode chamar de previdência porque eles não gostam), só que com transição mais longa para uma alíquota de 11% (hoje ela está em 7,5%).
No caso do INSS, a contribuição máxima também deve subir gradualmente, de 11% para 14%. A diferença para os trabalhadores privados é que isso pode e deve ser compensado com a redução da contribuição compulsória para o FGTS, de 8% para 5%.
Em compensação, a remuneração dos novos depósitos deve subir da TR + 3% ao ano para o rendimento da poupança ou a taxa média paga pelo Tesouro (nisso, sou quase neoliberal).
Também é preciso adotar a idade mínima para novas gerações (por exemplo: quem nasceu a partir de 2003) e criar um regime de transição baseado no fator 85-95 móvel que já existe hoje, mas como critério de acesso ao benefício, não de cálculo do benefício. Por limite de espaço, tratarei desse tema em outro momento.
O fato é que há mais de uma reforma da Previdência possível e, portanto, o PT deve preparar suas alternativas.