sábado, 23 de junho de 2018

O senhor do Rodoanel, Opinião FSP

Prisão de ex-presidente da Dersa cria novos embaraços para o tucano Geraldo Alckmin

Obra no trecho norte do Rodoanel, na altura da rodovia Fernão Dias, em São Paulo
Obra no trecho norte do Rodoanel, na altura da rodovia Fernão Dias, em São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress
A operação da Polícia Federal que prendeu na quinta (21) Laurence Casagrande Lourenço, ex-presidente da Dersa, deixou mais uma vez o ex-governador paulista Geraldo Alckmin em situação difícil.
O pré-candidato do PSDB à Presidência da República viu-se constrangido a dar declarações para defender sua gestão e apoiar as investigações, como já fizera outras vezes —assim se deu na prisão dePaulo Vieira de Souza, o Paulo Pretoex-diretor da mesma Dersa, estatal que administra rodovias.
No caso deste último, Alckmin pôde dizer que não se tratava de personagem de seu círculo e que determinou apurações na empresa. Quanto a Lourenço, porém, a situação é mais complicada.
Este, afinal, vinha ocupando o comando da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), depois de ter sido secretário estadual de Logística e Transportes de maio de 2017 a abril passado. Sua passagem pela Dersa, de janeiro de 2011 a maio de 2017, está longe de ter sido breve.
Tal currículo explicita ligações duradouras entre o ex-governador e o suspeito de ter se envolvido com operações fraudulentas na companhia, por meio de adendos contratuais irregulares nas obras do trecho norte do Rodoanel. Polícia e Ministério Público estimam prejuízos de cerca de R$ 600 milhões. 
Além do ex-presidente da estatal, foram presos sete servidores e ex-funcionários. Na outra ponta do esquema, teriam sido beneficiadas as construtoras OAS e Mendes Júnior, ambas investigadas pela Operação Lava Jato.
As apurações sobre os desvios datam de 2016, quando um ex-empregado de uma empresa que participava da obra apresentou uma denúncia em depoimento à PF.
Ouvido posteriormente, Emílio Urbano Squarcina, ex-gerente do Rodoanel, confirmou que havia surgido na Dersa a estratégia de mudar o valor do contrato de modo irregular. Ele relatou ter resistido a pressões para elevar os valores e perdido o cargo.
De acordo com o Ministério Público, os aditivos foram mantidos mesmo depois de um laudo em contrário emitido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), órgão vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação.
Com dificuldades para conquistar percentuais mais expressivos nas pesquisas de intenção de voto, Alckmin e seu partido encontram embaraços óbvios para sustentar um discurso anticorrupção —não bastassem os episódios paulistas, há a tibieza no tratamento do senador Aécio Neves (MG), seu último candidato ao Planalto.
Para agravar os problemas, o trecho norte do Rodoanel não será entregue no prazo prometido. Marcada de início para 2014, a conclusão da obra ficará para 2019, na melhor hipótese. Nem se pode dizer, aliás, que atrasos do tipo sejam incomuns na administração tucana.

Lógica polar, André Singer, FSP

As eleições na Colômbia, no último domingo (17), e no México, no próximo dia 1º, trazem um elemento que ajuda a pensar o pleito brasileiro de outubro. Nos dois casos, a disputa gira em torno da opção direita versus esquerda, mostrando que essa dualidade permanece central. Também aqui algo do tipo deverá ocorrer, em que pese a cerrada neblina que nos envolve no momento.
O direitista Iván Duque venceu o segundo turno no país de Gabriel García Márquez, mas a esquerda, pela primeira vez, firmou-se como alternativa de poder. Com 42% dos votos, o ex-guerrilheiro Gustavo Petro firmou a coligação Colômbia Humana na qualidade de força que precisará ser levada em consideração daqui para frente. 
Retardatário (em virtude da longeva guerra civil) a constituir uma corrente eleitoralmente competitiva, como ocorreu a partir dos anos 1990 em outros países da região, o campo popular colombiano passa agora a fazer parte efetiva do jogo institucional.
No México, prevê-se a vitória de Andrés López Obrador, líder do Morena (Movimento de Regeneração Nacional), contra Ricardo Anaya, do conservador PAN (Partido de Ação Nacional). 
O ex-prefeito de centro-esquerda da Cidade do México chega como franco favorito à sua terceira eleição presidencial e há quem considere inevitável, desta vez, a sua ascensão ao governo, a menos que haja fraude. Vale lembrar que em 2006 ele perdeu por apenas 0,6% dos votos e fez longa campanha, frustrada, pela recontagem dos sufrágios.
Seja qual for o resultado, o México confirma a tendência de a América Latina afunilar a disputa para opções ideologicamente polares. Sem embargo das incontáveis contradições de cada formação capaz de vencer, elas representam escolhas que apontam para caminhos diferentes no que diz respeito aos temas do Estado e da igualdade.
No Brasil, a concorrência entre PT e PSDB traduziu durante 20 anos tal bifurcação. Mesmo que a Lava Jato tenha abalado os grandes partidos, os dois polos que eles representaram precisarão achar um modo de se unificar em 2018, ao menos no segundo turno. 
Tal como as melancias no caminhão, o sacolejo irá arrumando, numa ala, as relações entre BolsonaroAlckminMeirelles (Temer), Maia Marina. Do outro lado, Lula (ou quem ele indicar), Ciro (ainda que tenha acenado com alianças à direita), Manuela e Boulos precisarão, de algum modo, se entender. 
Dada a heterogeneidade, fragmentação e desestruturação provocada pela crise, o processo de unidade será difícil de parte a parte. Mas, preservada a democracia, no fim a lógica deverá prevalecer. E quem compreender rápido a natureza do jogo pode extrair vantagem da antecipação.

Mãe é de graça..., do blog Passarinhos no telhado



É bom ter mãe quando se é criança, e também é bom quando se é adulto. Quando se é adolescente a gente pensa que viveria melhor sem ela, mas é um erro de avaliação. Mãe é bom em qualquer idade. Sem ela, ficamos órfãos de tudo, já que o mundo lá fora não é nem um pouco maternal conosco.

 O mundo não se importa se estamos desagasalhados e passando fome. Não liga se viramos a noite na rua, não dá a mínima se estamos acompanhados por maus elementos. O mundo quer defender o seu, não o nosso.
 O mundo quer que a gente torre nossa grana, que a gente compre um apartamento que vai nos deixar endividados, que a gente ande na moda, que a gente troque de carro, que a gente tenha boa aparência e estoure o cartão de crédito. Mãe também quer que a gente tenha boa aparência, mas está mais preocupada com o nosso banho, nossos dentes, nossos ouvidos, com a nossa limpeza interna: não quer que a gente se drogue, que a gente fume, que a gente beba.

O mundo nos olha superficialmente. Não detecta nossa tristeza, nosso queixo que treme, nosso abatimento. O mundo quer que sejamos lindos, magros e vitoriosos para enfeitar a ele próprio, como se fossemos objetos de decoração do planeta. O mundo não tira nossa febre, não penteia nosso cabelo, não oferece um pedaço de bolo feito em casa.

 O mundo quer nosso voto, mas não quer atender nossas necessidades. O mundo, quando não concorda com a gente, nos pune, nos rotula, nos exclui. O mundo não tem doçura, não tem paciência, não nos escuta. O mundo pergunta quantos eletrodomésticos temos em casa e qual é o nosso grau de instrução, mas não sabe nada dos nossos medos de infância, das nossas notas no colégio, de como foi duro arranjar o primeiro emprego.

 Mãe é de outro mundo. É emocionalmente incorreta: exclusivista, parcial, metida, brigona, insistente, dramática. Sofre no lugar da gente, se preocupa com detalhes e tenta adivinhar todas as nossas vontades, enquanto que o mundo nos exige eficiência máxima, seleciona os mais bem dotados e cobra caro pelo seu tempo. Mãe é de graça.

Está é uma a singela homenagem a todas as mães que pousarem por aqui...

Feliz dia das Mães! 


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