sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Aumento de etanol na gasolina para 25% só depende de Dilma



Estudos técnicos foram concluídos e produtores esperam o sinal verde de Dilma, que pode vir junto com anúncio de reajuste 

10 de janeiro de 2013 | 21h 48
Célia Froufe, da Agência Estado
BRASÍLIA - Produtores de álcool aguardam o sinal verde da presidente Dilma Rousseff para aumentar a mistura de etanol na gasolina dos atuais 20% para 25%. Todos os estudos técnicos já foram encerrados pelos ministérios envolvidos, segundo fontes de vários deles, e até a portaria que determina a volta da fatia maior de álcool já está pronta.
Essas fontes acreditam que o Planalto anunciará a medida junto com o inevitável aumento da gasolina. Assim, o impacto da alta aos consumidores seria, em parte, atenuado por uma redução de preço do biocombustível.
O ministério mais empenhado no retorno dos 25% é o da Agricultura. Desde outubro do ano passado, a Pasta já tinha apreciado possíveis obstáculos para que o aumento ocorresse logo.
Ainda que na ocasião já se soubesse que a ampliação do mix fosse ocorrer apenas quando a safra de cana-de-açúcar estivesse a todo o vapor, em junho deste ano, a intenção de alta pelo governo já seria um sinal positivo para que as usinas investissem mais nos canaviais e se preparassem para o crescimento da demanda. A ideia era deixar a possibilidade de antecipação da entrada em vigor do novo porcentual conforme o andamento do cultivo.
O Brasil diminuiu a quantidade de etanol na gasolina, de 25% para 20%, em outubro de 2011. No ano passado não houve espaço para a volta do porcentual maior porque, com a quebra de safra de cana na Índia, os usineiros brasileiros direcionaram a produção para o açúcar e voltaram-se para as exportações em um momento de baixa oferta mundial. Com isso, os preços internos seguiram pressionados.
Aval técnico. Além de um cenário maior de previsibilidade para os produtores, outro ponto positivo para o governo com a volta dos 25% é o menor impacto das importações de combustíveis sobre a balança comercial, que iniciou o ano com déficit de US$ 100 milhões. Ainda que a necessidade de compra externa não acabe com mais etanol na gasolina, qualquer redução é vista como ajuda. Participantes do Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (Cima) já deram o aval técnico para o Planalto mexer na mistura.
Há seis meses, o ministro do Minas e Energia, Edison Lobão, já havia afirmado que o governo poderia aumentar o mix assim que a produção de cana deslanchasse para níveis considerados adequados.
Nesta quinta, a União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica) informou que as usinas do Centro-Sul venderam 4,05% mais etanol de abril até 31 de dezembro de 2012, na comparação com igual período de 2011. O volume chegou a 16,84 bilhões de litros, sendo 2,88 bilhões de litros para exportação e 13,95 bilhões de litros para o mercado interno. 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Haddad libera R$ 84,6 milhões para coleta de lixo


O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad
São Paulo - O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), liberou nesta sexta-feira R$ 84,6 milhões para serviços de coleta de lixo. A medida visa a reduzir riscos de enchentes com ações emergenciais em favelas, beiras de córregos e ocupações ilegais, onde desde esta sexta-feira equipes das concessionárias Loga e Ecourbis trabalham para retirar o lixo acumulado.
Com a liberação, Haddad conclui a concessão de reajuste nos contratos do lixo retroativo a 2009, apontado como necessário em estudo de 2012 da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). A não concessão do aumento foi um dos argumentos das empresas para não ampliar a coleta seletiva e a instalação de contêineres na periferia.
No dia 28, o governo anterior e a equipe de transição decidiram adiantar R$ 117,4 milhões à Loga. Nesta sexta-feira, a Ecourbis recebeu R$ 84,6 milhões. Os recursos também pagam investimentos feitos nos últimos anos pelas duas concessionárias, como a renovação da frota e o aumento de pontos de coleta de resíduos hospitalares - os pontos em unidades de saúde saltaram de 4 mil em 2004 para 13 mil no ano passado e cada concessionária adquiriu 20 novos caminhões.
Os donos da Loga e da Ecourbis se reuniram na quarta-feira com o secretário de Serviços, Simão Pedro, que pediu uma lista de medidas emergenciais que as empresas avaliam como necessárias para a cidade ficar mais limpa. O reequilíbrio dos contratos deu novo fôlego financeiro às concessionárias do lixo às vésperas das chuvas de verão, na avaliação de técnicos. Nesta sexta-feira, as empresas já colocaram funcionários para retirar lixo de favelas das zonas norte e leste.
O governo também cobrou das empresas melhora da coleta de regiões comerciais do centro e nos bairros e a ampliação da coleta seletiva, que hoje atinge apenas 1% das 17 mil toneladas de resíduos retirados da capital todos os dias. O secretário de Serviços pediu às empresas instalação imediata de contêineres em áreas do comércio popular do Bom Retiro, Brás, Pari, Santa Ifigênia e 25 de Março para facilitar o recolhimento do lixo que tem entupido os bueiros.
O prefeito tem mobilizado sua equipe de secretários para cobrar mais empenho das empresas de limpeza e varrição, além de fiscalizar os serviços com maior rigor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Receita para afastar um amante, da coluna do Xico Sá


Finalmente encontro Amaro. Queria agradecer por um conselho amoroso. Havia se manifestado apenas por email.
O desejo de Amaro, aproveitando minha passagem nas praias de Pernambuco, era oferecer um banquete, o que o fez de forma pantagruélica, babélica, dionisíaca etc, na sua residência em Piedade.
Amaro está feliz, em lua de mel restaurada, com a cria da sua costela. Ao drama, felizmente resolvido, para quem não lembra mais:
O leitor aflito me escreve. Quer ajuda, conselhos, alguma consolação, ombro, ouvidos… Invoco a Miss Corações Solitários que costuma fazer morada nesta pobre caveira envelhecida em barris de bálsamo.
Não posso deixá-lo a mascar o jiló do abandono. Está desconsolado, como o Sizenando de Rubem Braga, que viu a amada cair nos braços de um playboy. Um idiota que não sabia sequer uma palavra de esperanto.
A vida é triste, Sizenando, como soprou-lhe o cronista.
Com Amaro, chamemos assim o nosso personagem, não foi diferente.
Quis o destino parafusar objetos pontiagudos à testa da pobre criatura.
Sim, ela tem um amante. Daqueles amantes que se encontram à tarde, num intervalo qualquer, no recreio da vida chata.
Nem foi preciso contratar o detive particular, conta-me o nosso Amaro. Ele mesmo fez as vezes de cão farejador da própria desgraça.
Que fazer?, indaga, num email no qual até a arroba bóia em poças de lágrimas.
Mato o desgraçado?
Tiro a vida da desalmada?
Vou-me embora pra Tegucigalpa?
Salto mortal da ponte Buarque de Macedo?
Um trágico, esse rapaz. Como os de antigamente. Amaro é do tempo em que os homens coravam. Ainda tenho vergonha na cara, diz, urrando vaidades e orgulhos.
Sossega, Amaro.
O melhor que fazes, respondi ao marido em fúria, é sumir por uns dias, inventar uma viagem, e dar todo tempo do mundo ao infeliz desse amante.
Banalizar o amante, meu caro e bom Amaro.
Entendeste?
Deixar que eles durmam e acordem juntos por vários dias seguidos. Que tenham seus problemas, que percam o luxo dos encontros fortuitos e vespertinos, que se esbaldem.
É necessário deixar a Bovary sentir o bafo matinal da rotina.
A vida dos amantes dura porque eles só vivem as surpresas e valorizam cada minuto do relógio que põem sobre a cabeceira daquele motel barato.
Nada mais cruel para o amante da tua mulher que presenteá-lo com o pão-com-manteiga do dia-a-dia. A rotina é o cavalo de tróia do amor.
Amaro, nada de violência ou besteiras desse naipe.
Ao amante, todas as chances do mundo. Ao amante aquela D.R., a famosa discussão de relação, em plena TPM.
Um amante nunca sabe o que venha ser uma mulher sob o domínio da TPM. Ela faz questão de reservar todos os direitos desse ciclo ao pobre marido.
Ao amante, Amaro, a tapioca fria e sem recheio da rotina do calendário.
Ao amante, Amaro, a falta de assunto.
Ao amante, os cabelos revoltos da mulher, naqueles dias em que nem mesmo ela se agüenta ou encara o espelho. Naqueles dias em que os cabelos brigam com as leis do cosmo e não há pente ou diabo que dê jeito.
Some, Amaro, depois me conta.