terça-feira, 30 de outubro de 2012

Grupo Estado anuncia revisão de portfólio


SÃO PAULO - O Jornal da Tarde deixará de circular por uma decisão empresarial, tomada para o aprimoramento do foco estratégico do Grupo Estado. A última edição sairá no dia 31 de outubro. A determinação leva em conta o objetivo de investir na marca Estadão com uma estratégia multiplataforma integrada (papel, digital, áudio e vídeo e mobile), para levar maior volume de conteúdo a mais leitores, sem barreira de distância e custos de distribuição.
"Hoje, o meio jornal é a segunda mídia mais importante para a publicidade, com o dobro de participação do terceiro colocado. Daí a estratégia de focar no Estadão, principal marca do Grupo, e de investir em uma plataforma digital mais robusta e avançada", declara Francisco Mesquita Neto, diretor presidente do Grupo Estado.
Mas a grande novidade estará num importante legado do JT: o Jornal do Carro, maior sucesso editorial do mercado de automóveis. A partir da próxima quarta-feira, dia 7 de novembro, o Jornal do Carro passa a circular encartado no Estadão, ampliado e com novas seções. O Jornal do Carro será a nova marca dos Classificados de Autos doEstadão também às quintas, sábados e domingos.
O novo Jornal do Carro será uma plataforma multimídia de alcance nacional. Aos cadernos semanais publicados no Estadão se somarão, em 2013, um portal com o melhor conteúdo do setor, dicas de compra e exclusiva tabela de preços online, revistas sazonais e eventos, além do já existente programa aos sábados na rádio Estadão ESPN(FM 92,9 e AM 700).
JT deixará de existir, mas suas principais contribuições permanecem no seu irmão mais velho, o Estadão. Os leitores do JT - que nos últimos anos se aproximaram do universo de leitores do Estadão - já podem perceber esta proximidade por meio da vibração e qualidade do caderno de Esportes, do olhar atento do Metrópole e da criatividade e prestação de serviços do Divirta-se, marca original do JT, que circula toda sexta-feira no Estadão.
Com o objetivo de ampliar a estratégia de marcas que compõem o universo doEstadão, junto ao Jornal do Carro somam-se outros importantes títulos que já marcam a cobertura qualificada do jornal, como os cadernos PaladarViagem,Caderno 2CasaEconomia & NegóciosLink, entre outros. "O Estadão é o jornal número um na Grande São Paulo e, com essas mudanças, vai ficar ainda mais forte", reforça Francisco Mesquita Neto.
Ao longo de seus 46 anos de circulação, o JT foi polo de inovação e criatividade e, com seus premiados jornalismo e design gráfico e sua prestação de serviços, influenciou gerações de leitores e de profissionais da comunicação. "O Grupo Estado agradece aos leitores do Jornal da Tarde por todos os anos de convivência, aos anunciantes, pelo apoio com que sempre nos prestigiaram, e a todos os profissionais que participaram dessa história: jornalistas, colunistas, publicitários, equipe de arte, integrantes das áreas comercial e administrativa, e das áreas de produção e distribuição", finaliza Mesquita Neto.

Rio dará quase 10 mil vagas para cotistas


HELOISA ARUTH STURM / RIO - O Estado de S.Paulo
As universidades públicas no Estado do Rio terão quase 10 mil vagas reservadas para ações afirmativas em 2013. Os editais com as novas regras nos processos seletivos começam a ser publicados. As maiores ofertas estão nos cursos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que destinará 2.770 delas a estudantes egressos de escolas públicas; pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), que vai reservar 2.462; e pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com 2.169.
Todas as federais estarão adequadas à nova Lei de Cotas, mas algumas discutem o porcentual de vagas a ser reservado - o mínimo determinado em lei para 2013 é de 12,5%. É o caso do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), que no ano passado ofereceu cerca de 1,2 mil vagas, sem cotas, em cursos de graduação na área de exatas; e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que aguarda definição do Conselho de Ensino e Pesquisa da universidade quanto ao porcentual a ser aplicado em relação às quase 3,5 mil vagas disponíveis.
Outras, como a UFF e a UFRJ, destinarão porcentuais superiores ao determinado pela lei. A UFRJ reservará 30%. Na UFF, além dos 12,5% previstos legalmente, outros 10% serão reservados a candidatos que cumprirem certos critérios socioeconômicos, mas sem o critério racial.
Para Nidia Majerowicz, pró-reitora de graduação da UFRRJ, um dos maiores desafios decorrentes da nova lei será "a criação de mecanismos seguros e eficientes para garantir a verificação da renda para que a reserva de vagas pelo critério socioeconômico seja efetivamente destinada ao público que a ela faz jus".
Algumas federais, como a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRJ), já reservavam 20% das vagas com habilitação em licenciatura para candidatos que fossem professores em atividade na rede pública. O reitor da UniRio, Luiz Pedro San Gil Jutuca, não só apoia a nova lei como manterá a política afirmativa anterior. "Acho até que essa lei demorou a chegar, porque busca minorar toda uma dívida que a sociedade tem para o contingente menos agraciado ultimamente com uma educação de qualidade", afirmou.
As universidades estaduais são orientadas por lei estadual de 2008, que reserva 45% das vagas a estudantes carentes, sendo 20% para negros ou indígenas, 20% para oriundos da rede pública de ensino e 5% para pessoas com deficiência ou filhos de agentes de segurança mortos ou incapacitados durante o serviço.
Além da Uerj, outras três estaduais - Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec, que oferece cursos de graduação), Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (Uezo) e Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) - terão reservadas cerca de mil vagas.
A distância. Os cursos a distância semipresenciais terão vagas preenchidas pelo sistema de cotas. Das 6.305 vagas disponíveis, quase 2 mil serão destinadas a egressos de escolas públicas ou professores da rede pública, observando as leis federal e estadual de cotas, e o Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica. Serão oferecidas vagas em 13 cursos, sendo 9 deles de licenciatura, 2 em tecnologia e 2 bacharelados. O processo seletivo é organizado pelo consórcio Cederj, que congrega sete instituições públicas.

Onda de crimes em São Paulo


Bruno Paes Manso, Marcelo Godoy e William Cardoso
SÃO PAULO - Atentados contra policiais militares foram ordenados por traficantes de Paraisópolis, na zona sul. Nesta segunda-feira, 29, pela primeira vez, o governo admitiu que foi de bandidos dessa comunidade que partiu a determinação de executar policiais. "Dali emanaram algumas ordens de atentados contra PMs", afirmou o secretário da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, minutos antes de chegar à favela, ocupada horas antes por 600 homens da Tropa de Choque da PM.
Comunidade virou uma espécie de esconderijo de traficantes do PCC e ladrões - Nilton Fukuda/Estadão
Nilton Fukuda/Estadão
Comunidade virou uma espécie de esconderijo de traficantes do PCC e ladrões
O objetivo é asfixiar o tráfico de drogas e causar prejuízos ao Primeiro Comando da Capital (PCC). A ação na segunda maior favela de São Paulo deve durar pelo menos um mês.
A guerra não declarada entre PCC e PM é apontada por especialistas como a principal causa do aumento de homicídios - no mês de setembro, eles cresceram 96% na capital, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Muitas das execuções de policiais são seguidas por ações de criminosos em motos ou carros, que, mascarados, atiram indiscriminadamente contra suspeitos de usar drogas ou supostos ladrões ou traficantes. Famílias de vítimas denunciam a ação de policiais.
Oficialmente, o secretaria informa que o objetivo da operação em Paraisópolis é "combater o tráfico de drogas e diminuir roubos na região, além de dar sossego a quem vive na comunidade". Mas dados de criminalidade mostram que a região registrou apenas um assassinato no mês passado e queda de roubos e furtos, em relação à agosto.
O que torna Paraisópolis importante do ponto de vista criminal é o fato de a comunidade ter virado uma espécie de esconderijo de traficantes do PCC e ladrões que agem no Morumbi. Policiais ocuparam a comunidade após investigação que contou com grampos telefônicos e infiltração de agentes na região. Foram apreendidos 130 kg de maconha, 6 kg de cocaína, 50 frascos de lança-perfume, um fuzil. Também foi preso Edson Santos, de 31 anos, o Nenê. Ele é acusado de ser o "disciplina" do PCC em Paraisópolis, responsável pelo "tribunal do crime" na região. Os "julgamentos" ocorriam no campo do Palmeirinha, tomado nesta segunda pela Tropa de Choque. Nenê era o braço direito do chefão do tráfico na favela: Francisco Antônio Cesário da Silva, o Piauí, preso em 26 de agosto pela Polícia Federal em Itajaí (SC).
Segundo o deputado Major Olímpio, o traficante disse aos policiais que o prenderam que a ordem da facção é matar um PM a cada integrante do PCC preso e matar dois PMs a cada bandido morto. O vereador eleito Conte Lopes (PTB) disse que ouviu a mesma informação. "Nossa área de inteligência o localizou (Piauí) e entrou em contato com a PF, que fez a prisão", explicou o secretário.
Ferreira Pinto afirmou ainda que a operação em Paraisópolis é "só a primeira de outras que devem ser feitas pela PM para combater a onda de homicídios". Mas tentou mais uma vez minimizar o poder do PCC, afirmando que o tráfico não é monopólio da facção.
Críticas. Na favela, a presença de PMs a cavalo e fortemente armados causou estranheza e críticas. Moradores reclamam de não terem sido informados. Apesar do aparato policial, até o início da noite o comércio funcionava normalmente.