terça-feira, 25 de setembro de 2012

Coreanos constroem protótipo de casa com mais de 95 soluções sustentáveis


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Unindo arquitetura a tecnologias modernas de construção, os designers coreanos da Unsangdong, em parceria com o Kolon Institute of Technology, criaram uma casa com mais de 95 soluções sustentáveis.
O projeto recebeu o nome de E+Green Home e reúne sistemas de captação de luz por painéis solares e de reuso de água, teto verde e entradas estratégicas para ventilação natural, diminuindo consideravelmente a necessidade da utilização do ar condicionado.
Além disso, os próprios materiais de infraestrutura (como tijolos, cabos, tintas, etc.) empregados na obra são ecologicamente corretos.
A empreitada conquistou o Passive House Certificate, um selo de qualidade verde concedido pelo instituto Passivhaus. O certificado é dado para construções que utilizam apenas 15kWh/m² de energia ao ano em aquecimento.
A intenção é que a residência sirva de modelo para construções ecológicas no futuro.
Divulgação
Casa projetada pelo escritório Unsangdong poupa energia e utiliza materiais ecológicos
Casa projetada pelo escritório Unsangdong poupa energia e utiliza materiais ecológicos

Mais de R$ 100 bilhões serão investidos na expansão dos sistemas de transporte de passageiros sobre trilhos


Ao todo, estão sendo estudados e desenvolvidos mais de 60 projetos na área de transporte metroferroviário. Recursos são provenientes do Governo Federal, Governos Estaduais e iniciativa privada
Somente 12 das 63 médias e grandes regiões metropolitanas do país possuem algum tipo de sistema de transporte de passageiros sobre trilhos. Para mudar esse panorama, nos próximos anos, o governo federal, governos estaduais e a iniciativa privada investirão mais de R$ 100 bilhões na expansão deste sistema de transporte.
São cerca de 60 projetos sendo estudados e desenvolvidos. Projetos estes que, em sua maioria, estão incluídos no Programa de aceleração do Crescimento (PAC 2), PAC da Mobilidade Grandes e Médias Cidades, projetos voltados para a Copa do Mundo de Futebol e os jogos Olímpicos de 2016, o Trem de Alta Velocidade (TAV) além de outros projetos estaduais.
O Brasil tem 15 sistemas urbanos de transporte de passageiros sobre trilhos, distribuídos em 11 Estados e mais o Distrito Federal. Esses sistemas são operados por 15 empresas, das quais três são privadas. Atualmente, o sistema de transporte de passageiros sobre trilhos possui 1.030 km de extensão, divididos em 39 linhas, 493 estações e 716 composições.
Esses números foram revelados na última semana, em Brasília, durante a divulgação do balanço do transporte metroferroviário, promovido pela Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos).
“Já somos 8,5 milhões de passageiros transportados diariamente sobre trilhos no Brasil. A expectativa é de que o número total de pessoas transportadas entre 2011/2012, a ser apurado no final do ano, tenha um acréscimo de 10%”, revela o presidente da ANPTrilhos, Joubert Flores.
Segundo Flores, por meio do PAC da Mobilidade Grandes e Médias Cidades, serão investidos recursos para garantir a infraestrutura de transporte público de cidades acima de 250 mil habitantes. “Para as grandes cidades, na área metroferroviária, 22 projetos já foram selecionados, dentre os quais: implantação do sistema de metrô nas cidades de Curitiba e Porto Alegre; ampliação e implantação de novas linhas em Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Fortaleza; e a implantação de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Natal, João Pessoa, Maceió, Goiânia, Brasília e São Paulo”, declara.
Apesar dos valores divulgados serem significativos, os investimentos não corresponderam às necessidades da população e nem acompanharam o crescimento da demanda. Faltam investimentos para a implantação e expansão dos sistemas, aumento da frota e modernização. Entre 2011 e 2012 também não houve investimentos significativos na acessibilidade do cidadão.
“É importante que os projetos sejam efetivamente tirados do papel; defendemos a mudança dessa realidade por meio da conscientização dos governantes. O momento é propício, já que há vários programas de investimento para a mobilidade e a infraestrutura do país e o sistema de transporte sobre trilhos deve estar presente nesse plano”, finaliza o presidente da ANPTrilhos.
Outros números, bem como os dados completos do setor, podem ser acessados na página da entidade: www.anptrilhos.org.br

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Bonde do Itaquerão


Multiplicam-se por ali as igrejas, construídas nas brechas da lei, e lançamentos imobiliários
"Ita", todos sabemos, significa pedra em tupi. Itaquera, costuma-se repetir, é "pedra dura". Há, contudo, a versão de que "ita aquer", expressão supostamente dita por um índio guaianás ao padre Anchieta, queria dizer "pedra adormecida". Dura ou adormecida, pedra sobrava por ali, onde funcionou a Pedreira União, por anos fornecedora de material para obras em São Paulo.
Foi para lá que partimos, de manhã cedo, na quarta-feira passada, um grupo de jornalistas daFolha. Faríamos uma incursão à zona leste, região mais populosa da capital, com 3,9 milhões de habitantes -ou 35% das almas de São Paulo.
É o "bonde do Itaquerão", pensei ao entrar na van para o passeio, que culminaria numa visita ao estádio do Corinthians. Além do diretor, do editor-executivo e dos secretários de Redação, a van levava um repórter e um arquiteto, conhecedores da cidade.
O bonde partiu às 9h30 e a paisagem do centro-leste foi-se descortinando, árida em muitos aspectos, mas em transformação. Espécie de "vetor evangélico" da cidade, multiplicam-se por ali as igrejas, construídas nas brechas da lei, e lançamentos imobiliários. Não faltam condomínios tipo "all inclusive" para a nova classe média ou a "nova classe trabalhadora", como diria minha amiga audaz, "daprés" Marilena Chauí. Nem seu cachorrinho precisará passear na rua, anuncia um deles.
A obra do Itaquerão vai em ritmo acelerado. Um guindaste gigantesco já se prepara para a difícil tarefa de colocar a cobertura da arena, cuja construção está orçada em R$ 830 milhões. Cerca de metade desse dinheiro é financiamento do BNDES, que o Corinthians pretende pagar com o chamado "naming rigths", ou seja, com a venda do nome do estádio para alguma marca.
Fora as cadeiras extras, removíveis, que serão montadas para a Copa, são 48 mil assentos, 502 banheiros e estacionamento com 2.500 vagas, sendo 929 cobertas. A melhor opção, porém, deve ser ir de trem ou metrô -a estação que conecta os dois já está ao lado. Foi sobre trilhos que voltamos aos Campos Elíseos, onde fica a FolhaCPTM até o Brás e metrô até Santa Cecília.
Dois dias depois, estávamos outra vez a caminho da ZL, desta vez rumo ao extremo, no Itaim Paulista -que o candidato Fernando Haddad, do PT, confundiu com o Bibi. Normal. Aliás, nessa franja pobre e maltratada da cidade, com seus favelões, calçadas detonadas e ausência de verde, não se vê sinal de campanha que não seja petista.
Imagino que nos tenham confundido com ETs em missão de paz, quando descemos da van-espaçonave no ponto final da linha 213 C, Itaim Paulista-Vila Califórnia. Ficamos no boteco, à espera do busão, e apareceu um líder local. Queria saber de onde éramos e se pretendíamos comprar a linha de ônibus. Aproveitou para alertar que a van não podia estacionar atrás do ponto.
Nos guiava o entusiasta de São Paulo José Luís Portella, ex-secretário de Transportes Metropolitanos do Estado, blogueiro e colunista. A ideia era conhecer um exemplo da irracionalidade do transporte público e andar na mais longa linha de ônibus.
O ônibus estacionou. Entre ruas apertadas e moradias precárias seguimos até a estação Jardim Helena-Vila Mara. E de lá chegamos sobre trilhos ao centro da cidade.