segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Paulo Skaf concorre em chapa única e volta à Fiesp em janeiro, FSP

 

São Paulo

Paulo Skaf concorre nesta segunda-feira (4) a mais um mandato à frente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) sem oposição e em chapa única.

Em janeiro de 2026, ele assumirá o quinto mandato no comando da federação e, ao fim dele, terá fechado 20 anos liderando a entidade que reúne os sindicatos industriais do maior estado brasileiro, em um momento de pressão sob o setor com tarifaço para exportação e juros altos.

A articulação de Skaf para voltar ao comando da Fiesp começou no ano passado, com reuniões com sindicatos que depois apoiaram a chapa encabeçada por ele. Contudo, há quem veja essa movimentação tendo início ainda em 2022, no primeiro ano do mandato do atual presidente, Josué Gomes da Silva.

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Josué Gomes e Paulo Skaf em evento em dezembro de 2021, quando o último encerrava 17 anos à frente da Fiesp - Jardiel Carvalho/Folhapress

Nome apoiado por Skaf e também eleito sem concorrência, Josué enfrentou uma rebelião cujo ápice foi a realização de uma assembleia extraordinária que aprovou sua destituição. Apesar de ter sido apoiado pelo antecessor, o estilo de administração do atual presidente, visto como menos político e mais discreto que o do antecessor, deixou insatisfeitos.

Nos anos Skaf, presidentes e diretores de sindicatos aliados eram frequentemente vistos na sede da federação, na avenida Paulista, em almoços e cafés.

Josué mexeu em cargos na federação, reduzindo a presença e influência dos sindicatos nos conselhos e nas diretorias, tradicionalmente ocupados por pessoas indicadas pelas entidades. A Fiesp tem diretorias, departamentos, conselhos e comitês.

As novas nomeações, bem vistas fora da entidade, desagradaram dirigentes antigos, acostumados a fazer suas indicações e a comandar setores.

Na época, Skaf não falou publicamente sobre a tentativa de destituição de Josué e seus aliados diziam que era injusto atribuir ao ex-presidente qualquer protagonismo na crise, pois, caso a saída se confirmasse, não seria ele o novo presidente.

O ex-presidente da Fiesp teria participado de algumas reuniões e foi procurado por aliados para interceder junto à atual direção. A crise, porém, só começou a arrefecer depois que Skaf entrou em ação. No fim de janeiro de 2023, ele assinou com Josué uma carta conjunta por paz na entidade.

"Concluímos que cabe a nós dar o exemplo de superação de divergências", dizem Skaf e Josué no documento divulgado à época.

A volta de Skaf à frente da Fiesp pode marcar também uma nova inflexão política da entidade. Josué é próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e chegou a ser convidado para assumir o Ministério da Indústria.

Skaf, durante os anos à frente da entidade, levou a Fiesp mais à direita, com apoio explícito ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Para muitos, a Fiesp perdeu representação enquanto ele a comandava por ter misturado a própria imagem com a da federação, que teria virado uma plataforma para suas aspirações eleitorais. Da entrega no Congresso de um abaixo-assinado em carrinhos de supermercado contra a continuidade da CPMF ao exército de patos colocado em marcha contra a então presidente Dilma Rousseff (PT), viu-se, mais que formas de protesto, intervenções midiáticas centradas na figura de Skaf, projetando-o nacionalmente.

O ex-presidente da federação também tem aspirações eleitorais e chegou a ser candidato ao governo de São Paulo pelo MDB em 2018 e 2014. Em 2022, filiou-se ao Republicanos, mesmo partido do governador Tarcísio de Freitas.

Desde sua primeira eleição à frente da entidade, em 2004, Skaf explorou a imagem de alguém que cresceu à margem da elite do setor industrial. Seus críticos gostam de dizer que ele é um "industrial sem indústria".

Ele não é, de fato, um empresário convencional. Josué Gomes, seu sucessor e agora também antecessor, preside o grupo têxtil Coteminas, fundado por sua família no norte de Minas Gerais. Já Skaf está no setor têxtil por 20 anos e chegou à presidência da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções) e do Sinditêxtil (Sindicato da Indústria Têxtil de São Paulo).

A eleição para a nova diretoria da Fiesp vai até 17h desta segunda, com a apuração de votos começando em seguida. Segundo a federação, o processo é acompanhado por uma comissão presidida pelo ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Sydney Sanches.

Também integram a comissão a ex-ministra do STF Ellen Gracie, o ex-ministro do TSE (Tribunal Superior do Trabalho) Almir Pazzianotto, o jurista Ives Gandra Martins e a desembargadora aposentada do Tribunal Regional do Trabalho Maria Cristina Mattioli.

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