segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Desiludidos com o Exército, patriotas pedem intervenção dos EUA, Álvaro Costa e Silva -FSP

 Os governadores de direita (ou de extrema direita, hoje no Brasil é difícil demarcar a linha entre as duas vertentes) sabem que dependem do voto bolsonarista para o projeto de concorrer à Presidência. Mas estão aos poucos tentando camuflar a herança tóxica do ex-presidente, a qual afasta uma enorme parcela de eleitores. Em busca da poção mágica que transforma o dr. Jekyll no mr. Hyde, esforçam-se para construir a imagem de um candidato híbrido, de dupla personalidade. Um líder que, conforme a ocasião, aja como democrata ou como ditador.

Com o ambiente sacudido pelo tarifaço ideológico de Trump e o método miliciano de Eduardo Bolsonaro nos EUA, a manifestação na avenida Paulista lembrou a época em que os patriotas se mobilizavam para exigir intervenção militar. A diferença é que agora, desiludidos com o Exército, pedem a intervenção de um país estrangeiro no Brasil.

O mais significativo, no entanto, foram as ausências de Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado, Romeu Zema e Ratinho Júnior. Bem avaliada nas pesquisas, Michele Bolsonaro também fez forfait. Não quis cancelar sua agenda de pregação religiosa no Pará. A ex-primeira-dama é o trunfo do PL, partido que alimenta o golpismo ao insistir na anistia, rejeitada por 55% da população, segundo o Datafolha.

Caiado é o único até agora a escapar dos ataques do filho 03, o celerado que se acha a última cocada preta do tabuleiro. O governador de Goiás garante que, se eleito, vai "anistiar todo mundo". Além de um ato inconstitucional, é um convite a levar um golpe nos primeiros meses de governo.

Zema já escolheu Alexandre de Moraes como alvo, dizendo que o ministro perseguido por Trump "paga pelo que plantou". De olho no apoio do deus mercado, Ratinho morde e assopra, é uma espécie de Eduardo Paes à procura de projeção nacional.

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A alegação de Tarcísio para faltar ao ato pró-Bolsonaro —fazer um procedimento médico na tireoide em pleno domingo— mostra que, no momento, ele pensa mais em São Paulo do que em Brasília.

Bolsonaristas em ato na avenida Paulista no domingo - Eduardo Knapp - 3.ago.25/Folhapress

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