Essa capacidade de jogar luz em canções esquecidas permanece até hoje. Há menos de dois anos, eles regravaram "Se Ainda Existe Amor", uma composição de Raul Seixas, já gravada por Balthazar —e por eles mesmos, há 40 anos—, sem muito sucesso. Só no Spotify, a nova versão já tem mais de 3 milhões de reproduções.
Depois de "Como Eu Chorei", a dupla não parou mais. Em seus mais de 50 discos lançados, emplacou uma série de sucessos sem nunca largar o estilo caipira mais tradicional. Entre suas gravações mais conhecidas estão "Menina da Aldeia", "Os Três Boiadeiros Japoneses", "O Telefone Chora" e "Franguinho na Panela".
A última delas narra a rotina de um trabalhador do campo, que às vezes passa fome, tem que almoçar pão com mortadela ou farinha com ovo —que "desce seco na goela". A dificuldade compensa porque, diz a letra, a mulher e os filhos têm frango na panela.
Não foi exatamente a rotina de Lourenço & Lourival, que fizeram o caminho contrário —foram do campo à metrópole e depois de estabelecidos levaram o pai e a família a São Paulo. Mas a humildade casa com a poesia. Para os irmãos, que dizem nunca ter atrasado um show, nada é mais importante que respeito ao público.
O segredo para manter as vozes potentes, eles afirmam, é "não fazer extravagância". "Acabou de cantar? Bebe um refrigerante e vai dormir, não faz graça. Tem gente que canta e fuma três maços de cigarro por dia, bebe pinga, conhaque. Isso estraga a voz. E tem a graça de Deus. Não se cai uma folha se não for por ele", diz Lourenço.
Cantar, diz Lourival, todo mundo canta. "Quero ver durar cantando, até ficar velhinho, com a mesma voz."
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