Engenheiros e arquitetos do Metrô de São Paulo contestam a decisão do governador Tarcísio de Freitas, que autorizou a empresa espanhola Acciona a fazer o planejamento da linha 16-Violeta. O trecho, de 16 km de extensão, ligará os Jardins à Cidade Tiradentes, no extremo da zona leste de São Paulo.
"Ficamos contrariados com a decisão que foi tomada sem termos sido consultados. Isso nos deixou ressabiados em relação à intenção do governo. Até porque tem toda aquela história de privatizar [todas as linhas do metrô]", disse ao Painel S.A. Luís Kolle, presidente da Ameasp (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô).
Segundo Kolle, a estatal que controla a maioria das linhas do metrô, a Companhia do Metropolitano de São Paulo, já tem um corpo técnico competente dedicado há 30 anos a essa etapa de implementação da expansão do metrô.
O engenheiro diz que é comum que o governo entregue a etapa de estudos de viabilidade financeira para o setor privado. Mas é a primeira vez que a responsabilização pelo planejamento técnico da malha fique com outra empresa, e estrangeira.
"Os técnicos do metrô e da CPTM conhecem a fundo a cidade de São Paulo e toda essa região. A Acciona é uma empresa espanhola. Não faz sentido", disse.
A Acciona é acionista da concessionária Linha Uni, responsável pela obra da linha Laranja do metrô, que abriu crateras por São Paulo no ano passado.
Kolle diz que a Ameasp está em contato com outras entidades do setor para levar recomendações ao governo de São Paulo. A associação também cobra transparência no processo.
Em decisão publicada na semana passada, a Secretaria de Parcerias em Investimentos deu aval para que todo o estudo de aprofundamento do projeto da obra e da operação do ramal ficasse com a Acciona. A empresa receberá R$ 42,4 milhões para executar o trabalho.
Procurado, o governo de São Paulo não se manifestou até a publicação da reportagem.
Com Stéfanie Rigamonti
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