O início das operações fabris das chinesas BYD e GWM vai aumentar a capacidade de produção da indústria automotiva nacional a partir de 2025.
Somadas, essas empresas terão potencial para montar 500 mil unidades por ano, número que pode ser atingido até o fim da década. Entretanto, trata-se de um resultado que dificilmente será alcançado.
A Anfavea (associação das montadoras) estima que o parque industrial instalado hoje no país tem capacidade para fabricar 4,2 milhões de veículos leves e pesados por ano. Contudo, há 45% de ociosidade nas linhas de produção, e parte desse problema se deve às importações feitas pelas empresas chinesas nos últimos dois anos.
Essas montadoras ainda não revelaram quais são as metas para conteúdo local de seus produtos, algo que terá impacto direto nas regiões em que estão instaladas. Quanto maior a produção nacional de componentes, maior será a geração de emprego e renda na indústria.
Por enquanto, a GWM confirma a contratação de 700 funcionários até o início das operações da fábrica de Iracemápolis (interior de São Paulo). A previsão é que a montagem tenha início em maio.
"Inicialmente construída para ter uma capacidade instalada de 20 mil veículos por ano, a fábrica da GWM será ampliada e modernizada para atingir a capacidade produtiva de 50 mil unidades dentro de três anos", diz o comunicado divulgado pela empresa.
Já a BYD prevê a abertura de 2.000 vagas em Camaçari (BA) neste mês, seguidas por mais 3.000 em maio e outras 5.000 em agosto. A montadora, que pretende ter uma planta capaz de fazer 450 mil veículos por ano, vai iniciar a produção ainda no primeiro semestre.
No momento, a fabricante busca recuperar a imagem após uma força-tarefa afirmar ter resgatado 163 trabalhadores chineses em condições análogas à escravidão nas obras da fábrica baiana. Os funcionários foram contratados pela empreiteira terceirizada JinJiang, que nega as acusações.
Há ainda novas montadoras que devem anunciar linhas de produção local ao longo de 2025, como Neta, GAC e Omoda/Jaecoo. Nesses casos, a montagem local deve ter início entre 2026 e 2030.
O sucesso desses empreendimentos depende não só do crescimento do mercado nacional. É necessário expandir as exportações, sem as quais há o risco de a capacidade ociosa da indústria automotiva aumentar ainda mais.
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