Começou nesta terça-feira (16) a campanha eleitoral. Serão dias de tensão, sobretudo porque a pesquisa do Ipec (ex-Ibope) trouxe más notícias para Bolsonaro. A pior delas veio de Minas Gerais. O governador Romeu Zema, ostensivamente descolado do presidente, tem 40% da preferência, contra 22% de Alexandre Kalil, que é apoiado por Lula.
O prefixo "Bolso", que já foi alavanca, parece ter se tornado um fardo. Isso foi percebido por candidatos que, mesmo tendo o apoio do capitão, evitam ser confundidos com ele.
No Rio, o governador Claudio Castro (21%) está tecnicamente empatado com Marcelo Freixo (17%). O mesmo acontece no estado no confronto de Lula (35%) com Bolsonaro (33%). Lá, há quatro anos o capitão fez cabelo, barba e bigode. Elegeu um juiz de pouca fama e nenhum futuro. Conseguiu 4,4 milhões de votos para seu filho Flávio.
Eleição, como a Copa do Mundo, só começa quando a bola começa a rolar. Se a última pesquisa do Datafolha deu alento a Bolsonaro, a do Ipec foi um copo de água fria no clima de otimismo que corria no Planalto na semana passada.
A onda bolsonarista de 2018 parece coisa passada. O presidente perdeu seu maior aliado: o sentimento anti-PT. Ele persiste, enfraquecido. Hoje vem acompanhado pela rejeição ao próprio Bolsonaro. Ela está em 46%, enquanto a de Lula ficou em 33%. A conjunção desses dois fatores leva Lula, com 44% a entrar como favorito sobre Bolsonaro (32%).
Os palacianos da semana passada garantiam que Bolsonaro cresceria e o ministro Paulo Guedes informava ao andar de cima que há um arsenal de bombas contra Lula.
Resta ao presidente confiar na sua capacidade demolidora. O maior demolidor da política brasileira foi Carlos Lacerda. No século passado ele destruiu dois presidentes, Getúlio Vargas em 1954 e João Goulart em 1964. Nos dois casos jogava com o uniforme da oposição.
Em 1965, quando seu governo foi para a frigideira, os eleitores fritaram seu candidato. Registre-se que Lacerda foi um governador estelar. Demolição é uma arma que favorece a turma do contra. Vinda da situação, confunde-se com baixaria. Além disso, em décadas de atividade parlamentar, Bolsonaro foi mais um provocador do que um demolidor.
A oposição a Bolsonaro tem sido criativa e eficaz pregando aos convertidos. A carta pela Democracia lida no cenário da Faculdade de Direito da USP foi comovente, mas é sempre bom lembrar que as Arcadas que tiveram Joaquim Nabuco e Castro Alves como alunos, tiveram também, como diretores, os professores Luis Antonio da Gama e Silva e Alfredo Buzaid. Um redigiu o Ato Institucional nº 5. O outro sucedeu-o no ministério da Justiça, com idêntico ardor.
Duas coisa são certas: se Bolsonaro continuar montado no discurso contra as urnas eletrônicas, congelará a fotografia das pesquisas de hoje. Do outro lado do balcão, seus adversários festejam que o Auxílio Brasil não fez efeito. Pudera, pois o dinheiro ainda não entrou no bolso dos cidadãos que viram o governo chamar a Covid de "gripezinha". Algum efeito terá, a dúvida fica na avaliação do tamanho.
Nesta quinta-feira (18) tem Datafolha, com resultados que permitem a visualização das curvas dos candidatos.



!["Eles [TSE] convidaram as Forças Armadas a participarem do processo eleitoral. Será que esqueceram que o chefe supremo das Forças Armadas se chama Bolsonaro?"](https://f.i.uol.com.br/fotografia/2022/05/16/16527300656282a8d14ade3_1652730065_3x2_md.jpg)

!["A grande preocupação realmente não é perder no voto [a eleição presidencial], é perder na fraude. Então, essa possibilidade de fraude no segundo turno, talvez até no primeiro, é concreta."](https://f.i.uol.com.br/fotografia/2022/05/16/16527300736282a8d9b365b_1652730073_3x2_md.jpg)
!["Eu fui eleito [em 2018] no primeiro turno, eu tenho provas materiais disso [presidente nunca apresentou provas], mas o sistema, a fraude que existiu, sim, me jogou para o segundo turno"](https://f.i.uol.com.br/fotografia/2022/05/16/16527300936282a8ed87936_1652730093_3x2_md.jpg)


!["Pelas provas que tenho em minhas mãos, que vou mostrar brevemente [até hoje o presidente não apresentou o material], eu fui eleito no primeiro turno, mas, no meu entender, teve fraude](https://f.i.uol.com.br/fotografia/2022/05/16/16527300796282a8df48506_1652730079_3x2_md.jpg)

!["Mais que desconfio, eu tenho convicção [de] que realmente tem fraude. As informações que nós tivemos aqui talvez a gente venha a disponibilizar um dia é que, em 2014, o Aécio ganhou as eleições, em 2018, eu ganhei em primeiro turno"](https://f.i.uol.com.br/fotografia/2022/05/16/16527301006282a8f41580b_1652730100_3x2_md.jpg)



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