terça-feira, 16 de agosto de 2022

Ciro inicia campanha e incomoda PT ao homenagear Suplicy em plano de governo, FSP

 

SÃO PAULO

A campanha do candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, tem causado incomodo no PT ao batizar de "Eduardo Suplicy" seu programa de transferência de renda que prevê complementar em até R$ 1.000 a renda de famílias abaixo da linha da pobreza.

O projeto foi citado durante o primeiro compromisso de campanha do candidato, uma caminhada por Guaianases, bairro no extremo leste de São Paulo, na manhã desta terça-feira (16).

"A homenagem que eu faço ao Eduardo Suplicy é uma questão simples, ele dedicou uma vida inteira a colocar esse assunto em pauta no Brasil e o PT sempre o levou ao deboche e ao ridículo. Eu não, eu sempre o levei a sério", disse.

Ciro Gomes acena para eleitores em Guaianases
Ciro Gomes (PDT) caminha por Guaianases, na zona leste de São Paulo, em primeiro dia da campanha presidencial - Zanone Fraissat/Folhapress

Pessoas próximas ao vereador, e um dos nomes mais conhecidos do PT em São Paulo, relatam receber críticas de diversas alas do partido pela proximidade com o candidato do PDT. Ciro tem atacado constantemente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato petista à Presidência.

"Eu ajudei o Lula a maior parte da minha vida pública e vi de perto o Lula se corromper", disse ao ser questionado sobre a oposição ao ex-presidente.

Ciro e Suplicy se reúnem para falar sobre programa de transferência de renda desde 1994, quando o pedetista era ministro da Fazenda no governo Itamar Franco e encomendou um estudo sobre o tema.

A aproximação se tornou mais constante a partir da campanha presidencial de Ciro em 2018, quando o projeto de transferência de renda passou a fazer parte de seu programa de governo. A leitura de Suplicy é que Ciro dá mais importância ao tema do que aliados que orbitam no entorno de Lula.

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"O que a gente quer do Ciro é o voto do eleitor dele que tem compromisso com o país", afirmou o advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas e próximo do ex-presidente Lula. "Precisamos reconstruir e reconciliar o país. Fazemos um desejo sincero que o Ciro tenha um momento de lucidez."

Um petista afirmou à reportagem, sob reserva, que a iniciativa é uma provocação de Ciro. Ele disse ainda que a campanha de Lula não irá polarizar com o pedetista, mas com o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nesta segunda-feira (15), Suplicy recebeu Aloizio Mercadante, coordenador do programa de governo de Lula, para definir a proposta final do programa de transferência de renda a ser levada para aprovação de Lula, após uma série de reuniões.

Ciro anunciou seu programa na última quinta-feira (11), durante agenda em Salvador (BA).

O programa do PDT visa a reunir diversas iniciativas de seguridade social, como o Auxílio Brasil, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) —voltado aos idosos—, o seguro-desemprego e o vale-gás.

O candidato também afirmou que parte da iniciativa será custeada por meio de recursos do imposto sobre grandes fortunas, uma promessa de campanha.

Alíquotas de 0,5% a 1,5% irão incidir sobre patrimônios acima de R$ 20 milhões. O custo do programa será de R$ 172 bilhões por ano ou em torno de 6% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo o pedetista.

Ciro também propõe que o programa de renda mínima seja previsto em uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

Durante caminhada pelas ruas de Guaianases, o candidato do PDT cumprimentou comerciantes ao lado de Antônio Neto, candidato a deputado federal, da vice, Ana Paula Matos, e do ex-ministro Aldo Rebelo, candidato do partido ao Senado.

Após a agenda na zona leste, Ciro iria falar com comerciantes no bairro do Jabaquara, na zona sul de São Paulo, mas adiou o compromisso para ir a Brasília acompanhar a posse do ministro Alexandre de Moraes como presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

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