terça-feira, 16 de agosto de 2022

Casa Califórnia, lanchonete tradicional que faria 98 anos, fecha as portas no centro de SP, FSP

 NATHALIA DURVAL

SÃO PAULO

Uma pequena lanchonete fundada há quase cem anos no centro de São Paulo sobreviveu a diferentes crises econômicas, a mudanças na administração, a trocas de prefeitos, governadores e presidentes e à degradação da região central da cidade. Mas não à pandemia de Covid-19.

O coronavírus e a crise gerada pela quarentena deu fim à história da Casa Califórnia, endereço que faria 98 anos e que ficou conhecido pelos sanduíches feitos com linguiças de Bragança Paulista, no interior do estado. O ponto teve as atividades encerradas há cerca de um ano.

Fachada da Casa Califórnia, que foi fechada no centro de SP durante a pandemia
Fachada da antiga Casa Califórnia, na rua São Bento, fechada em junho de 2021 - Nathalia Durval/Folhapress

Fundado na rua São Bento em 1924, o espaço surgiu como uma mercearia de secos e molhados. Os produtos eram importados principalmente da Califórnia, nos Estados Unidos —por isso o nome. O sanduíche feito com a tradicional linguiça bragantina apareceu por lá apenas na década de 1960, muito antes de o embutido ser gourmetizado e pipocar nos cardápios dos bares e restaurantes paulistanos.

A tradição foi mantida até os anos 1990, quando o endereço mudou de gestão e acabou se tornando uma lanchonete qualquer. Até que, em 2012, o comerciante Carlos Kley comprou o ponto e resgatou a receita feita com linguiças artesanais de produtores de Bragança Paulista, cidade do interior de São Paulo conhecida como a capital da linguiça.

A lanchonete era frequentada principalmente por trabalhadores da região. Antes da pandemia, o dono já vinha encarando outras dificuldades, como o aumento do preço do embutido e a queda do movimento, mas a crise da Covid agravou a situação.

"Fechamos por três meses. Depois a gente tinha que funcionar com horário reduzido, com aluguel caro e sem cliente, porque todos estavam de home office", diz Kley. "Fechei com muitas dívidas, a pandemia foi só a pá de cal. Sem ajuda do governo estadual, não tinha mais como prosseguir."

Com dificuldade de manter a lanchonete, que contava com s ete funcionários, Kley decidiu baixar definitivamente as portas em junho do ano passado. No lugar do letreiro, há uma placa de aluga-se. O espaço está vago desde então.

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