O programa Mais Médicos, que se iniciou em 8 de julho de 2013, desempenhou um papel muito importante na promoção da saúde no Brasil. Seu propósito foi captar médicos no próprio país e no mundo para trabalhar nas zonas pobres e afastadas do país.
A participação cubana, até 2018, foi muito efetiva. Organizou-se sobre a base de um projeto de cooperação técnica entre a Organização Panamericana de Saúde e os ministérios de Saúde de Cuba e do Brasil. Teve a virtude de não constituir uma competição —os cubanos ocuparam postos não cobertos por médicos brasileiros ou estrangeiros.
É reconhecido em todo o Brasil que Cuba teve uma presença proeminente, fato confirmado com dados. Os médicos cubanos representavam 80% de todos os participantes do programa. Em cinco anos, o total do pessoal cubano da Saúde alcançou 20 mil colaboradores. No momento em que a iniciativa foi suspensa, havia mais de 8.000 médicos cubanos no Brasil. Os profissionais da ilha atenderam mais de 113 milhões de pacientes em mais de 3.600 municípios, dos quais 700 tiveram serviços médicos pela primeira vez em sua história. Os cubanos cobriram um universo de cerca de 60 milhões de pessoas em zonas de pobreza extrema e, em particular, nos 34 distritos especiais indígenas.
Nos lugares em que trabalharam, todos os indicadores de saúde melhoraram ostensivamente, os índices de mortes foram reduzidos e evitou-se o sofrimento desnecessário por doenças curáveis.
O papel dos médicos cubanos foi reconhecido pela população, que sofreu muito com sua partida. Segundo investigação encomendada pelo Ministério da Saúde do Brasil à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 95% dos entrevistados confirmaram a alta consideração do povo brasileiro pelo trabalho dos médicos cubanos. Sempre foram distinguidos por seu profissionalismo, caráter amistoso e sua capacidade de se misturar com o povo.
Tanto no Brasil como em outros países, assumiram muitos riscos de contágio de doenças perigosas. Tal conduta se explica pelo fato de que os médicos cubanos são educados sobre a base de valores e a concepção de que a saúde é direito humano, e o paciente não é mercadoria.
Não é algo excepcional: esse comportamento caracteriza toda a colaboração internacional de Cuba nas últimas seis décadas. Nesse período, mais de 605 mil médicos apoiaram mais de 170 nações, geralmente as mais pobres, nas quais atenderam comunidades humildes que habitam regiões intrincadas.
Com esses antecedentes, é obvio concluir que as causas que provocaram o fim da participação de Cuba no programa Mais Médicos foram completamente injustificadas —e o resultado, desnecessário e doloroso para os cidadãos brasileiros, que ficaram sem serviços médicos, precisamente nos prelúdios da pandemia.
Os povos do Brasil e de Cuba têm muito em comum e possibilidades infinitas de intercâmbio, tendo em conta nossas respectivas fortalezas. Por isso, estamos seguros de que, no futuro, serão criadas condições para empreender projetos fraternais nesta e em outras esferas.
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