O presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo, Paulo Sérgio Brant de Carvalho Galizia, diz que, em toda a sua trajetória na magistratura, jamais presenciou uma ofensiva contra as urnas eletrônicas como a que está em curso. Ele, contudo, se mostra otimista em relação às eleições deste ano.
"A nossa Justiça Eleitoral tem 90 anos, já temos experiência das eleições anteriores", destaca o desembargador à coluna. "Contamos com 500 mil pessoas que vão trabalhar nas eleições: 400 mil mesários mais os funcionários. E temos ampla certeza de que a eleição correrá bem", segue.
"Estamos preparados para um eventual caso de violência, mas acredito que será muito pontual. Estou confiante no sucesso das eleições", diz Galizia.
O magistrado afirma que cada pleito é marcado por alguma particularidade e diz já ter vivido momentos difíceis —ele foi nomeado juiz em 1985, ano em que a Prefeitura de São Paulo foi disputada por Fernando Henrique Cardoso, à época senador pelo PMDB, e pelo ex-presidente Jânio Quadros.
Além de ser a primeira eleição na capital paulista em 20 anos, a corrida eleitoral daquele ano ficou marcada pelo episódio em que FHC se sentou na cadeira de prefeito um dia antes da votação, convencido de que sairia dela vencedor.
No ano seguinte, ao tomar posse, Jânio Quadros usou um inseticida para limpar o assento. "Gostaria que os senhores testemunhassem que estou desinfetando esta poltrona, porque nádegas indevidas a usaram, porque o senhor Henrique Cardoso nunca teria o direito de sentar-se cá, e o fez, de forma abusiva", disse Jânio.
"Cada eleição é uma história. Na eleição passada, foi a pandemia. Acredito que [a desse ano, permeada por ataques] vai ser mais um capítulo, mas que com certeza será vencido pela Justiça Eleitoral e pela democracia, que são muito fortes", afirma o presidente do TRE-SP.
Na semana passada, Paulo Sérgio Brant de Carvalho Galizia compareceu a um evento realizado na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, em que foi realizado o lançamento de um projeto documental com personagens considerados emblemáticos para a história da Justiça Eleitoral brasileira.
Tendo recebido magistrados, um ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e advogados eleitoralistas, o evento organizado pela Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep) reafirmou o apoio à democracia e ao sistema eleitoral, fazendo um novo contraponto à retórica estimulada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) —ainda que sem citá-lo.
"A comunidade dos juízes e dos juristas eleitorais tem muitas divergências ao longo das campanhas, mas todos, no fundo, formam uma família no sentido de um respeito mútuo. É muito importante, nesse momento, verificar que advogados de vários partidos e de vários candidatos estão aqui em pleno diálogo", diz o presidente do TRE-SP sobre a iniciativa.
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