Quem venceu o debate? Essa é fácil. Triunfou o candidato pelo qual você, leitor, tem mais simpatia. Via de regra, nossos cérebros operam buscando sinais que confirmem aquilo que já pensamos. Isso é péssimo se o seu objetivo é fazer ciência (refutações são logicamente mais informativas que corroborações), mas é ótimo se a meta é azeitar a sua vida social.
Quando vemos nosso presidenciável favorito falando diante das câmeras, tendemos a superestimar os momentos em que ele se sai bem e a minimizar aqueles em que tropeça. Isso significa que debates são inúteis? Eu não iria tão longe, mas acho que podemos afirmar com segurança que eles são sobrevalorizados por marqueteiros, candidatos e jornalistas.
É muito difícil, se é que já aconteceu, de um debate mudar o curso de uma eleição. Mesmo quando um candidato diz uma megabobagem, o efeito sobre o eleitorado costuma ser efêmero, não mais do que uma baixa transitória nas pesquisas. Pode ser um problema se a encrenca estoura às vésperas de um pleito muito disputado, no qual um ou dois pontos percentuais façam a diferença. Mas não são tantas as eleições que se decidem no olhar eletrônico. Desde a redemocratização, só em 2014 a corrida presidencial foi definida por menos de cinco pontos percentuais.
No que, então, os debates contribuem para a democracia? Não parece ser o caso deste pleito, mas muitas vezes o eleitor deixa a escolha para a última hora. Aí, é preferível que ele tome sua decisão observando os postulantes numa situação de mundo real —como um debate, quando o político é pressionado e provocado— a que o faça através de peças publicitárias cuidadosamente desenhadas pelos marqueteiros.
No domingo, por exemplo, o eleitor teve a oportunidade de ver Bolsonaro como ele realmente é, isto é, um mitômano misógino e valentão, e Lula enrolando para não falar de corrupção. São coisas que a campanha oficial na TV não mostra.
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