Com 27 das 81 cadeiras em disputa, o Senado Federal deve ter um alto índice de renovação nas eleições deste ano. Isso porque, já na largada da corrida eleitoral, apenas 12 dos atuais senadores em fim de mandato vão concorrer à reeleição.
Oito senadores em fim dos mandatos iniciados em 2015 não vão disputar nenhum cargo na eleição deste ano. Outros sete vão concorrer a cargos na Câmara dos Deputados, governos estaduais, suplência ao Senado e até a Presidência.
Dentre eles estão os dois senadores do PT e PSDB em fim de mandato, além de três dos quatro senadores do MDB e do PP que foram eleitos em 2014.
Nomes tradicionais da política brasileira se despedem do Senado neste ano, caso de José Serra (PSDB-SP), Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Simone Tebet (MDB-MS) e Fernando Collor (PTB-AL).
Tebet e Collor são os únicos que vão concorrer a um cargo executivo. A senadora, que teria pela frente uma dura disputa por um novo mandato em Mato Grosso do Sul, foi escolhida pelo MDB para disputar a Presidência da República.
Collor, que também teria uma disputa difícil contra o ex-governador Renan Filho (MDB), deu uma das cartadas mais arriscadas de sua trajetória política e vai concorrer ao Governo de Alagoas.
Outros três senadores dão um passo atrás e vão concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados: José Serra (PSDB-SP), Elmano Férrer (PP-PI) e Lasier Martins (Podemos-RS).
Aos 80 anos, Serra deve ser um puxador de votos para o PSDB de São Paulo, que prometeu para o senador uma estrutura de campanha equivalente a uma disputa majoritária.
Ele foi diagnosticado com Parkinson em estágio inicial em agosto do ano passado e chegou a se licenciar do Senado por cinco meses.
Lasier Martins até queria concorrer a um novo mandato no Senado, mas ficou sem espaço na chapa após o Podemos decidir apoiar no Rio Grande do Sul um novo mandato de Eduardo Leite (PSDB) ao governo estadual.
Na reta final antes das convenções, Leite acabou fechando alianças com partidos mais robustos no estado como MDB, PSD, União Brasil. Coube ao PSD indicar a ex-senadora Ana Amélia como candidata ao Senado na chapa.
"As vagas na chapa ficaram com os poderosos e endinheirados, acabei ficando avulso. Cheguei a pensar em voltar para casa e largar a política, mas amigos e eleitores pediram que eu concorresse a deputado federal", afirma Lasier Martins.
Ele destaca que, concorrendo a uma vaga na Câmara, pode ajudar o partido a robustecer sua bancada federal.
Também diz, que, fora da disputa, deixará menos fragmentado o campo da direita em seu estado, que já se divide entre as candidaturas ao Senado de Ana Amélia (PSD), Hamilton Mourão (Republicanos) e Comandante Nádia (PP), todas consideradas competitivas.
No Piauí, Elmano Férrer (PP) também vai concorrer a deputado federal, evitando um embate difícil contra Wellington Dias (PT), que foi governador do estado por quatro mandatos e que vai disputar o Senado.
É o mesmo cenário enfrentado por Tasso Jereissati (PSDB), que vai se aposentar da política após 36 anos de mandatos. Ele chegou a ser convidado para disputar a reeleição na chapa liderada por Roberto Cláudio (PDT), mas decidiu evitar um embate difícil contra o ex-governador Camilo Santana (PT).
Mas nem todos os casos de ficar fora das urnas envolveu uma decisão pessoal. O senador Reguffe (União Brasil) trabalhava para ser candidato a governador do Distrito Federal, mas teve a legenda negada para disputar o cargo na véspera do prazo limite das convenções.
Em uma rede social, o senador lamentou a decisão do partido. Disse que lhe foi feito um convite para concorrer a deputado federal, mas recusou: "Não considero esse um cargo menor, mas recusei o convite. [...] Fiquei muito triste, muito indignado, mas quero olhar para frente".
No Pará, o senador Paulo Rocha (PT) foi derrotado em uma disputa interna dentro de seu partido, que lançou o deputado federal Beto Faro para ser candidato a senador na chapa do governador Helder Barbalho (MDB).
Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), que foi líder do governo Jair Bolsonaro (PL) no Senado, decidiu não concorrer a um novo mandato para apoiar a candidatura do filho, Miguel Coelho (União Brasil), ao Governo de Pernambuco.
Parte dos senadores que disputam a reeleição enfrentarão disputas consideradas duras, caso de Roberto Rocha (PTB-MA), que vai duelar com o ex-governador Flávio Dino (PSB), de quem já foi aliado e hoje é ferrenho opositor.
Também vão disputar eleições difíceis os senadores Rose de Freitas (MDB-ES), Telmário Mota (Pros-RR) e Kátia Abreu (PP-TO) –os dois últimos sequer conseguiram fechar uma aliança e vão disputar o cargo de forma avulsa, sem o apoio de uma chapa para governador.
"A tendência é termos uma renovação grande. Uma parte grande dos senadores que disputam a reeleição vai enfrentar eleições difíceis", afirma o analista político Antônio Augusto Queiroz, mestre em políticas públicas e governo pela FGV.
O ciclo de mudanças do Senado Federal foi iniciado em 2018, quando a Casa teve a maior renovação da desde a redemocratização: das 54 vagas em disputa, apenas 8 foram conquistadas por senadores em reeleição, em uma renovação de mais de 85%.
Senadores que concorrem à reeleição:
- Omar Aziz (PSD-AM)
- Davi Alcolumbre (União Brasil-AP)
- Otto Alencar (PSD-BA)
- Rose de Freitas (MDB-ES)
- Roberto Rocha (PTB-MA)
- Alexandre Silveira (PSD-MG)
- Wellington Fagundes (PL-MT)
- Álvaro Dias (Podemos-PR)
- Romário (PL-RJ)
- Telmário Mota (PROS-RR)
- Kátia Abreu (PP-TO)
- Dário Berger (PSB-SC)
Senadores que não disputam um novo mandato:
- Simone Tebet (MDB-MS) – Concorre à Presidência
- Fernando Collor (PTB-AL) – Concorre a governador de Alagoas
- Mailza Gomes (PP-AC) – Concorre a vice-governadora do Acre
- José Serra (PSDB-SP) – Concorre a deputado federal
- Lasier Martins (Podemos-RS) – Concorre a deputado federal
- Elmano Férrer (PP-PI) – Concorre a deputado federal
- Jean Paul Prates (PT-RN) – Concorre a suplente de senador
- Paulo Rocha (PT-PA) – Não concorre
- Tasso Jereissati (PSDB-CE) – Não concorre
- Reguffe (União Brasil-DF) – Não concorre
- Nilda Gondim (MDB-PB) – Não concorre
- Acir Gurgacz (PDT-RO) – Não concorre
- Maria do Carmo Alves (PP-SE) – Não concorre
- Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) – Não concorre
- Luiz Carlos do Carmo (PSC-GO) – Não concorre
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