Ainda sem conseguir se recuperar da perda de passageiros provocada pela pandemia, concessionárias de trens e metrôs que atuam nos principais centros urbanos elaboraram um pacote de medidas para ser entregue aos presidenciáveis com o objetivo de desenvolver o transporte ferroviário no país.
O pacote elaborado pela ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos) contempla quatro principais eixos, entre eles a criação de um plano nacional de desenvolvimento para ampliar o transporte ferroviário de passageiros.
Considerado de enorme potencial e com baixa oferta, o sistema ferroviário regional é visto pelo setor como uma oportunidade para desenvolver uma indústria forte em 25 regiões metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes cada.
A proposta é que o documento ajude a destravar mais de 3.000 quilômetros de projetos existentes no país de transporte de passageiros sobre trilhos e que não saem do papel.
"A gente já conversou nos últimos anos com o Ministério da Infraestrutura para tentar que o Brasil voltasse a ter trens regionais, intercidades. É muito triste ver um país do tamanho do nosso com tantas cidades grandes e poucas linhas", disse o presidente do conselho da associação, Joubert Flores.
Segundo ele, para desenvolver esses sistemas de trens regionalizados é necessário também criar autoridades metropolitanas de transporte, outra das propostas do setor de trens e metrôs.
Formada por União, estados e municípios, a autoridade metropolitana atuaria na coordenação da mobilidade urbana e impulsionaria projetos estruturantes de longo prazo.
As outras duas propostas são a reformulação do marco legal do transporte público urbano e uma política de financiamentos para o segmento.
O país possui somente 1.116 quilômetros de trilhos urbanos, distribuídos em 21 sistemas de transporte de passageiros em 11 estados e no Distrito Federal, operados por 16 empresas (8 privadas).
Entre elas estão a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), a CCR Metrô Bahia e a ViaMobilidade.
Entre os principais candidatos à Presidência da República, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o único a ter recebido o documento até aqui, entregue no último dia 28 pelo próprio presidente do conselho.
A associação já conversou com as assessorias dos presidenciáveis Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) e tenta entregar também à equipe do presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição. Governos estaduais também deverão receber o documento.
"Não temos preferência [política], queremos que o eleito e a equipe dele tenham conhecimento das propostas do setor."
PREJUÍZO
Com a pandemia, a ANPTrilhos afirma que o deficit financeiro acumulado chegou a R$ 17 bilhões apenas com receitas tarifárias.
O setor, que emprega 39,4 mil funcionários, dos quais 31,7 mil diretos, ainda não recuperou a média diária de passageiros transportados antes da pandemia nem vê possibilidade de isso ocorrer em curto prazo.
Na Supervia, concessionária de trens que administra 270 quilômetros de ferrovias na região metropolitana do Rio, a média diária de 600 mil passageiros de antes da pandemia da Covid-19 atualmente está em 350 mil.
O presidente do conselho disse que a pandemia fez o setor ferroviário se aproximar do segmento de ônibus, o que pode ser importante para o desenvolvimento de medidas em conjunto.
"O [governo do] Rio tem metrô, trem e barcas concedidas. O ônibus é concedido pela capital e outros municípios também fazem suas linhas. Nem os entes públicos conversam entre si. Há um punhado de linhas superpostas, o que gera perdas. Isso, no fim, se reflete na tarifa."
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