sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Procurador de Justiça diz que pedir 'cacete e bala' contra MST não é crime, FSP

 

O Ministério Público de São Paulo recomendou ao Tribunal de Justiça que arquive um pedido de investigação feito contra o deputado estadual Frederico d’Avila (PSL-SP) que, em discurso na Assembleia, declarou que o produtor rural deve receber o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Teto) com "cacete e bala".

"Vou dar um recado para você, produtor rural. Vamos seguir aquilo que o presidente Bolsonaro falou: armem-se, armem-se, armem-se!", afirmou o deputado na tribuna no dia 14 de outubro.

Imagem em primeiro plano mostra homem de roupa social e frente para um microfone
O deputado estadual Frederico D'Ávila (PSL) em discurso na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) - Mauricio Garcia de Souza/Alesp/Divulgação

"Aproveitem a liberdade que o presidente nos deu, e vamos nos armar com legalidade. Quem é cidadão de bem deve se armar para enfrentar essa gente!", disse. Na sequência, dirigindo-se ao MST, declarou. "Vocês são bandidos que só conhecem duas linguagens: o cacete e a bala! É assim que nós vamos encontrar vocês e vamos enfrentar vocês."

Em parecer enviado ao Tribunal de Justiça, o procurador Marco Antônio de Campos Tebet, do Ministério Público de São Paulo, afirmou que o discurso foi feito em um contexto de crítica à invasão e depredação da sede da "Associação Brasileira de Produtores de Soja", no Distrito Federal, por integrantes do MST.

Para o procurador, d’Avila apenas "encorajou os produtores rurais a defenderem suas propriedades em casos de invasão e depredação". "Ora, não é demais lembrar que o instituto da legítima defesa encontra amparo no ordenamento jurídico pátrio", afirmou no parecer. Segundo ele, não houve apologia ou incitação ao crime.

O pedido de investigação foi feito pelo deputado estadual Emídio de Souza (PT). Para ele, o colega "claramente conclamou os fazendeiros à violência no campo". "A imunidade parlamentar, em especial a inviolabilidade contra palavras, opiniões e votos, não pode servir de blindagem ao cometimento de crimes", disse Souza na representação feita contra o deputado do PSL.

O Tribunal de Justiça deve tomar uma decisão sobre o caso no dia 15 de dezembro.

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