A que ponto o Brasil sob Bolsonaro chegou: quem se esforça para salvar vidas corre o risco de morrer assassinado.
À frente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o contra-almirante da reserva e cirurgião vascular Antonio Barra Torres declarou ao jornal O Globo: "Por mais que a Polícia Federal investigue, por mais que seja montado um esquema de proteção, quem está nas pequenas cidades da fronteira ou nos aeroportos usando um colete da Anvisa é um alvo fácil".
Depois de aprovar a vacinação contra Covid para crianças de 5 a 11 anos, a agência autônoma tem sido atacada pelo presidente e seus sequazes. Não se trata de caso isolado. Com métodos de intimidação miliciana, aparelhamento e cortes de recursos, os órgãos públicos estão na mira do bolsonarismo desde os primeiros movimentos do governo. O Iphan, por exemplo, deve ter cometido um crime de lesa-pátria ao interditar uma obra do empresário Luciano Hang —por isso foi "ripado".
A senha para a demolição foi anunciada por Bolsonaro no show de horrores, digo, na reunião ministerial de abril de 2020. "Vou interferir", ele esbravejou, referindo-se à Polícia Federal e a possíveis investigações envolvendo a si próprio, seus filhos e aliados.
Além das exonerações e mudanças de comando na PF, as irregularidades abarcam Coaf, Inmetro, ICMbio, Inpe, Ibama, Funai, Fundação Palmares, Arquivo Nacional e todos os órgãos ligados à educação e à cultura. Para completar o serviço, há suspeitíssimos hackers invadindo os sistemas da máquina estatal.
Após a debandada de mais de 600 auditores, a Receita Federal ameaça entrar em greve protestando contra os cortes no orçamento. É o tipo de impasse que não pode ser resolvido por policiais federais, cujo reajuste salarial no total de R$ 1,7 bilhão foi assegurado por Bolsonaro e aprovado pelo Congresso. A não ser que prendam todo mundo e sabotem até a arrecadação.
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