quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Nubank abre em alta e ações sobem mais de 30% em estreia na Bolsa de Nova York, OESP

 O Nubank estreou na Bolsa de Nova York (Nyse) às 11h desta quinta-feira (9) como a instituição financeira mais valiosa da América Latina, mas as cotações de suas ações demoraram a começar a rodar, o que pode acontecer no primeiro dia de negociação, para ajuste entre a oferta e demanda. 

A ação do banco digital abriu com forte no pregão com alta de 25%, chegou a subir mais de 30% e, por volta das 15h, subia 22%. Com isso, o valor de mercado do banco digital já salta de um pouco mais de US$ 41 bilhões para mais de US$ 50 bilhões.

Na quarta-feira à noite, o banco do cartão roxo precificou sua ação em US$ 9, abaixo do previsto quando lançou a oferta, e levantou US$ 2,6 bilhões, considerando apenas a oferta base. Além disso, a instituição conseguiu fazer o terceiro maior IPO do ano nos EUA, atrás apenas da sul-coreana Coupang e da chinesa DiDi.

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Nubank Nyse
Fachada da Bolsa de Nova York com a cor do Nubank; banco digital faz IPO com status de banco mais valioso da América Latina. Foto: Brendan McDermid/Reuters - 9/12/2021

O Nubank fez uma dupla listagem, ou seja, será listado tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, na B3. Por isso, será submetido à regulação dos dois mercados de capitais. Como os Estados Unidos a partir desta quinta-feira, 9, se tornam seu mercado primário, no Brasil serão listadas as BDRs, que se tratam de certificados que representam as ações listadas fora.

O dinheiro levantado na oferta será destinado para gastos com capital de giro e despesas operacionais, segundo aponta a instituição no prospecto da operação. Fora isso, os recursos poderão ser utilizados em investimentos e aquisições potenciais.

A oferta, que saiu em um momento de maior volatilidade em todo o mundo, precisou ajustar seu preço em 20%, mas conseguiu atrair um grupo de investidores estrangeiros. Segundo fontes, a demanda de investidores superou a oferta em quase dez vezes.

Entre os investidores locais, a gestora Catarina Capital foi uma que fez investimentos no IPO. O presidente da gestora, Thiago Lobão, afirma que houve uma assimetria de percepção entre brasileiros, porque, na sua leitura, não é possível uma comparação com o Itaú - superado pelo Nubank em valor de mercado. “O Itaú ainda luta para modernizar sua tecnologia e processos financeiros, muitos ainda datados dos anos 80, com custos anuais cada vez maiores para integração e atualização de sistemas, correndo atrás de se transformar um banco digital não apenas no marketing, mas sim na experiência ao usuário e em seus processos internos. É um grande gerador de caixa como banco, mas não uma empresa disruptiva frente às práticas e tecnologias que são adotadas pelos bancos hoje, o que o Nubank propõe transformar, já com resultados reais e bastante expressivos de tração de usuários", diz.

Segundo o Nubank, 815 mil pessoas físicas participaram do IPO. “No Brasil, é o maior IPO em investidores de varejo", afirmou o banco digital. Além disso, 7,5 milhões de clientes da instituição financeira aceitaram entrar no programa batizado de NuSócios e receberam um BDR cada.

O diretor de mercados de capitais internacionais da Nyse, Alex Ibrahim, disse ao Estadão, que a listagem do Nubank se tornou um marco, mostrando que o negócios da fintech “é real no Brasil e na América Latina". “Essa oferta deverá abrir a porta para outras, já que mostra que existe um mercado para elas”, afirma Ibrahim. 

Para o executivo, o Nubank, ao entrar no mercado norte-americano, passou a ter acesso a uma gama de investidores dedicados ao setor de tecnologia que não investem diretamente no Brasil. “O Nubank pegou o melhor dos dois mundos, porque ao também se listar na Bolsa brasileira deixou suas ações acessíveis aos seus clientes”, diz. 

As conversas com outras empresas brasileiras, incluindo as de tecnologia, seguem aquecidas e ofertas devem se materializar em 2022, afirma o diretor da Nyse.

Histórico

O Nubank foi fundado em 2013 pelo colombiano David Vélez, pela brasileira Cristina Junqueira e pelo americano Edward Wible. Desde então, o mais badalado banco digital do mundo já passou por 11 rodadas de captação e levantou, ao longo do tempo, cerca de US$ 2 bilhões, dinheiro que garantiu à fintech um rápido crescimento e um ganho meteórico do número de clientes. 

Em uma das últimas rodadas, em junho, o Nubank acrescentou mais US$ 500 milhões em seu caixa. O dinheiro veio de um dos investidores mais famosos do mundo, o oráculo de Omaha, Warren Buffett, por meio de sua gestora Berkshire Hathaway. Agora, o megainvestidor ampliou sua aposta no IPO do banco digital.

O título de unicórnio veio no início de 2018, quando a fintech recebeu um aporte de US$ 150 milhões, em rodada liderada pela DST Global. Em 2019 foram mais US$ 400 milhões injetados na empresa, dessa vez atraindo a gigante chinesa Tencent - e sua avaliação saltou para US$ 10 bilhões. Antes disso a Tencent já tinha injetado US$ 180 milhões em outubro de 2018.

Rumo ao lucro

Agora, como empresa listada, o banco digital terá de provar seu caminho rumo à lucratividade, visto que ainda anda no vermelho. De janeiro a setembro deste ano, o Nubank teve prejuízo líquido de US$ 99,1 milhões, pior que o observado no mesmo intervalo de 2020, quando a perda da fintech foi de US$ 64,4 milhões.  

A receita total do banco digital no acumulado do ano até setembro foi de US$ 1,062 bilhão, alta de 98,7% em termos anuais. No entanto, o número que mais chama atenção do Nubank é o rápido crescimento de sua base de clientes. No fim de setembro o número já estava em 48 milhões -  eram 3,7 milhões no início de 2018.


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