quinta-feira, 17 de junho de 2021

Morre aos 91 anos Boris Tabacof, empresário no setor de celulose e preso político de Getúlio Vargas, FSP

 RIBEIRÃO PRETO

Faleceu nesta terça-feira (15), aos 91 anos, o empresário Boris Tabacof. Durante a sua carreira, o engenheiro de destaque no setor de celulose foi secretário da Fazenda na Bahia e presidente do Conselho Superior de Economia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e do Conselho de Administração da Suzano. Ele faleceu devido a complicações de uma pneumonia.

Em nota, a empresa afirma que a história de Tabacof se confunde com a da companhia de produção de celulose.

PUBLICIDADE

"Tabacof participou de diversos momentos marcantes da empresa, incluindo a abertura de capital na década de 1980 e a construção da fábrica em Mucuri, na Bahia, abrindo uma nova fronteira para a evolução do setor de árvores cultivadas no Brasil", diz a nota. "(...) [Ele] será sempre lembrado como uma referência de pessoa e profissional."

Boris Tabacof em seu apartamento, em São Paulo, em 2005 - Eduardo Knapp - 1º.abr.2005/Folhapress

Nesta quarta (16), em nota de pesar, o presidente da Fiesp e do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, disse que a trajetória de Tabacof está ligada ao desenvolvimento da indústria no Brasil.

​Tabacof nasceu em Salvador, na Bahia, e era filho de imigrantes judeus. Ele se formou na em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade da Bahia

No ano passado, aos 90 anos, o engenheiro seguia ativo. Em março de 2020, ele lançou o livro "Riscos e oportunidades no novo milênio", pela editora Contexto, sobre o avanço tenológico e seus riscos e benefícios potenciais.

Em 2005, escreveu um livro de memórias, "Perdidos e Achados", pela editora Hucitec.

Na juventude, Tabacof foi membro do PCB (Partido Comunista Brasileiro) e ajudava militantes que atuavam dentro das Forças Armadas.

"Fui secretário de organização do Comitê do PCB na Bahia, o segundo cargo do partido no Estado. É aí que entra como eu tenho a ver com todo esse movimento, que foi um movimento dentro da esfera militar", afirmou na época em que deu depoimento à Comissão Nacional da Verdade, orgão fundado pela então presidente Dilma Rousseff que investigou atos de violações de direitos humanos entre 1946 e 1988.

Ele foi a primeira pessoa que relatou torturas fora do período da ditadura militar (1964-1985) no Brasil à comissão. Tabacof foi preso em 1952, durante o governo Getúlio Vargas.

"Como eu não estava contando nada que eles queriam, nem queria assinar, eles foram piorando as coisas. Eu fiquei alguns dias de pé com um soldado, de baioneta calada, ao meu lado, que não deixava que eu me sentasse", disse à comissão. Ele foi solto em 1954.

Nenhum comentário: