Em vez de piorar a qualidade da democracia brasileira com a introdução do chamado distritão, os parlamentares deveriam discutir formas de aprimorá-la. Fugindo um pouco à tradição jornalística de só criticar, ouso hoje fazer uma sugestão.
Numa época em que tanto se fala em igualdade, o sistema eleitoral brasileiro cria uma injustificável distinção entre cidadãos. Habitantes de cidades com mais de 200 mil eleitores podem tentar exercer seu poder de veto em eventuais segundos turnos de pleitos para prefeito, enquanto aqueles que vivem em municípios menores estão privados disso. Até onde sei, tal recorte foi estabelecido apenas por uma questão de custos.
A boa notícia é que existe uma medida simples que não só poria fim a essa iniquidade eleitoral como também permitiria ao poder público economizar bastante dinheiro, eliminando as despesas operacionais com os returnos e reduzindo a conta do financiamento público de campanhas.
Falo do voto preferencial, adotado esparsamente em vários lugares e que fará sua estreia em Nova York na eleição deste ano para prefeito. A vantagem desse sistema é que ele permite obter resultados semelhantes aos de um segundo turno com apenas uma visita às urnas.
Existem vários modelos de voto preferencial. No mais fácil de explicar (e entender), o eleitor ordena os candidatos segundo sua preferência. Caso nenhum dos postulantes seja a primeira escolha de mais de 50% dos votantes, procede-se a um returno virtual em que o candidato que ficou em último lugar é eliminado de todas as cédulas (em qualquer posição em que estivesse) e elas são recontadas. O processo segue até que alguém obtenha a maioria absoluta.
Embora os cientistas políticos ainda não tenham chegado a um consenso, especula-se que o voto preferencial estimule os candidatos a exercer a moderação, já que precisam não só conquistar preferências mas também evitar rejeições.
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