Em maio, o vice-procurador-geral eleitoral disse que o discurso de fraude na urna eletrônica era uma teoria da conspiração e que a defesa do voto impresso tentava "criar um estado de confusão mental" na população. Em junho, ele pediu que Jair Bolsonaro fosse condenado por campanha antecipada. Nesta quinta (24), ele saiu do cargo.
A Procuradoria-Geral da República dá sinais de que pretende deixar o caminho livre para o presidente na disputa de 2022. Até agora, a gestão de Augusto Aras foi dócil com os sucessivos comícios realizados por Bolsonaro com a máquina do governo e ignorou o movimento golpista que espalha informações falsas sobre a segurança das eleições.
A dispensa de Renato Brill de Góes tira da linha de frente da PGR um procurador que estava atento ao levante eleitoral ensaiado pelos bolsonaristas. Em entrevista à repórter Patrícia Campos Mello, ele disse que a divulgação de suspeitas falsas faria com que parte da população fosse "insuflada a fazer manifestações" contra o resultado das urnas.
As declarações jogaram o procurador numa rota de colisão com o chefe. Durante a campanha para a PGR, Aras disse a Bolsonaro que apoiaria a proposta de impressão do voto. No ano passado, quando o presidente inventou uma suspeita de fraude na disputa de 2018, ele afirmou que o modelo “daria um elemento adicional de segurança ao processo”.
Ministros do TSE acreditam que o procurador-geral vai facilitar a campanha de Bolsonaro contra a credibilidade das eleições. Apesar das cobranças do tribunal para que o presidente entregue provas de suas acusações, ele deve continuar mentindo se a equipe de Aras não acionar a Justiça Eleitoral para puni-lo.
Integrantes da corte não esperam nenhum questionamento da PGR sobre a conduta do presidente nessa área. A omissão ajuda a acobertar as investidas que lançam desconfianças sobre as eleições e preparam terreno para uma insurreição em caso de derrota. Aos poucos, Aras se torna sócio do golpismo de Bolsonaro.
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