O primeiro turno das eleições regionais da França, realizado no domingo, trouxe más notícias tanto para o presidente do país, Emmanuel Macron, como para sua principal contendora, Marine Le Pen.
Favorito em 6 das 13 regiões em disputa, o ultradireitista Reunião Nacional, partido comandado por Le Pen, teve um saldo bastante aquém do previsto. Conquistou o primeiro lugar em apenas uma localidade, e ainda assim por margem estreita, granjeando, no cômputo geral, 19% dos votos.
Trata-se de um resultado bem mais modesto que o da disputa regional anterior, ocorrida no final de 2015, quando a agremiação foi a mais votada no primeiro turno, com quase 28% dos sufrágios —embora, no segundo, tenha perdido para as alianças contrárias.
O revés representa um banho de água fria nas pretensões de Le Pen, derrotada por Macron em 2017, que pretendia transformar a votação numa catapulta para a corrida presidencial do ano que vem. Evidencia também os limites da estratégia de dar nova cara à sigla.
Nos últimos anos, Le Pen vem tentado suavizar a imagem do Reunião Nacional, marcada pelo discurso xenofóbico e pela defesa de políticas anti-imigração, com o objetivo de conquistar novos eleitores e, assim, romper as barreiras que até hoje impediram a ultradireita de alçar voos maiores no país.
As coisas tampouco transcorreram bem para o atual mandatário. O seu República em Marcha amealhou pouco mais de 11% dos votos, e nenhum dos ministros que concorreram obteve votos suficientes para chegar ao segundo turno.
Ainda que Macron lidere as pesquisas para a próxima eleição, o malogro regional acende o sinal amarelo num governo que principiou cercado de enormes expectativas, mas cujo capital político foi se esvaindo ao longo de seguidas crises —dos “coletes amarelos” aos protestos contra a reforma previdenciária e a nova lei de segurança.
Numa votação em que nada menos de 66% dos franceses se ausentaram, os vitoriosos acabaram sendo os partidos tradicionais, que haviam perdido terreno nos últimos anos. Os Republicanos, de centro-direita, obtiveram 27% dos votos, e os socialistas, quase 18%.
Assim, a dez meses do pleito presidencial, o panorama político que se delineia na França é profundamente incerto, com os principais postulantes enfraquecidos, enquanto as forças que reinaram no passado ganham novo impulso.
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