sábado, 29 de agosto de 2020

Alvaro Costa e Silva Caso Flordelis daria um ótimo filme de Zé do Caixão, FSP

 

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Muita gente já está aguardando o filme com a história de Flordelis. Um puro suco do Brasil contemporâneo. A única dúvida é quanto ao formato: um documentário do tipo crimes verídicos, explorando o prazer mórbido do espectador, ideal para exibição nas plataformas de streaming, ou uma produção mais sofisticada, na linha dos irmãos Coen, livremente baseada em fatos reais, com doses de humor negro, personagens psicopatas e sádicos e um anti-herói que acaba punido.

Com ingredientes macabros à Zé do Caixão —traição, incesto, orgias, rituais sangrentos, envenenamento, execução com 30 tiros—, o roteiro está pronto. Não falta sequer o subtexto político. Flordelis era íntima do poder: Bolsonaro, a mulher de Bolsonaro, os filhos de Bolsonaro.

Capa do filme Flordelis - Basta uma Palavra para Mudar
Cartaz do filme "Flordelis - Basta uma Palavra para Mudar" - Reprodução

Não será o primeiro filme sobre a pastora e cantora evangélica. Lançado em 2009, "Flordelis: Basta uma Palavra para Mudar" retrata uma mulher exemplar, cujo único projeto na vida —na época ela ainda não era a deputada federal mais votada do Rio— era afastar crianças e adolescentes das drogas e do crime. Flordelis (pronuncia-se flor de lis, e não flordélis, como eu, ignorante, sempre imaginei) vivia com 55 filhos, entre naturais e adotivos.

Eis a reviravolta na trama: como essa Mãe Coragem, enganando até a ministra Damares, virou o diabo em forma de gente e, segundo as investigações da polícia e do Ministério Público, tramou o assassinato do marido? A vítima, pastor Anderson do Carmo, antes de se casar com Flordelis tinha sido seu filho adotivo e seu genro e controlava o dinheiro da organização criminosa camuflada de igreja e família.

Outra obra também deve estar na cabeça dos cineastas: "Memórias do Cárcere", contadas por Ronaldinho Gaúcho. Com direito a uma cena de realismo mágico paraguaio: o "Bruxo" como maior atração no campeonato da cadeia, dando um balãozinho no carcereiro.

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Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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