Redação, AFP
19 de agosto de 2020 | 10h16
A professora chilena Yohana Agurto é a expressão viva de que toda crise pode se tornar uma oportunidade. Sem nenhuma renda com a pandemia, ela decidiu embalar mel para vender e escolheu um nome criativo, mas usando um trocadilho que viria a lhe render uma grande dor de cabeça. Criou, então, o Miel Gibson, mas sem pensar que o próprio ator de Hollywood, cujo nome ela queria imitar, iria complicar seu negócio.
Avisada pelos representantes de Mel Gibson sobre o uso dos direitos de sua imagem, ela recebeu milhares de mensagens de apoio nas redes sociais. E conseguiu um acordo para o uso do nome, o que propiciou um aumento de vendas de mel a tal ponto que, com um desfecho feliz, planeja parar de lecionar e se dedicar apenas a esse negócio.
“Foi difícil conseguir dinheiro para pagar a luz e o abastecimento básico da minha casa”, explica Yohana sobre os motivos que a levaram a abrir este negócio que hoje a mantém.
Mãe solteira com quatro filhos, ela parou de trabalhar como professora em fevereiro. Em maio, quando já havia esgotado suas economias, ocorreu-lhe vender um mel que havia acumulado em sua casa. Para oferecer o produto, ela usou uma imagem de Mel Gibson fazendo o papel de William Wallace no filme Coração Valente e batizou seu produto de "Miel Gibson", como um trocadilho, adicionando a frase: "Somente para corações valentes".
As vendas iam bem até a semana passada, quando os advogados do ator a avisaram em uma carta que ela tinha 48 horas para parar de usar aquela imagem. Ela postou a história em suas redes sociais e o caso explodiu.
“As pessoas se expressaram a tal ponto que passei de 1.200 seguidores para 15.000. As pessoas começaram a se manifestar em apoio a essa causa que tinha a ver com a venda de mel, sem usar a imagem de alguém”, diz Yohana fazendo uma pausa para atender uma das muitas chamadas de novos pedidos.
Final feliz
Após a comoção, Yohana chegou a um acordo com os representantes do ator americano Mel Gibson: ela só terá que mudar a imagem de seu logotipo, mas poderá continuar usando o nome Miel Gibson.
Enquanto retira os rótulos antigos e embaralha várias opções para um novo logotipo, os pedidos de mel se acumulam em seu celular e nas redes sociais, em meio a mensagens de incentivo.
Nos últimos dias, ela não parou de encher potes de mel e teve que recorrer à produção anual de uma tia produtora do sul do Chile para atender a uma demanda que multiplicou por 300 o volume do negócio.
Tanto aconteceu que agora a professora pensa se volta a lecionar ou continua com o projeto, enquanto fantasia a ideia de criar uma empresa com os conselhos que recebeu hoje e com seu produto "estar na mesa do Chile" e até de fora. Já recebeu encomendas do México e do Brasil.
“Outro dia tive um sonho à noite. Sonhei que tinha uma loja onde não só tinha mel, mas também merchandising e um avental com abelha”, conta Yohana.
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