Perto de finalizar seu quarto mandato como presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf anunciou nesta quarta-feira (19) que não irá tentar modificar o estatuto para disputar novamente a presidência da federação.
Skaf convocou uma reunião com cerca de 30 presidentes de sindicatos, que fazem parte da Fiesp, para dizer que abriria mão de uma nova reeleição.
Ele disse que já havia cumprido sua missão como presidente da entidade e que lançaria um nome para disputar a eleição em uma chapa que teria o seu apoio.
Em maio, a Folha noticiou que ele havia começado a se movimentar para tentar permanecer na presidência da entidade. Segundo pessoas ouvidas pela reportagem, no entanto, Skaf teria desistido por conta dos embates que se tornaram públicos na imprensa.
Desde o início do ano, ex-presidentes e até o atual segundo vice-presidente da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho, publicaram artigos na Folha afirmando que havia chegado a hora da mudança.
Skaf já fez duas alterações no estatuto desde que assumiu a Fiesp, em 2004. Seu mandato atual termina em 2021.
Segundo pessoas ligadas à entidade, na última vez em que pediu mudança no estatuto da Fiesp, Skaf teria garantido que não viriam outras. Teria informado que pretendia se dedicar à política e que só precisava da visibilidade do cargo de janeiro a maio de 2018, quando se licenciou para disputar as eleições para o governo do estado de São Paulo.
Skaf não esconde as ambições políticas e foi candidato ao governo do estado de São Paulo nas três últimas eleições. Em 2010 e em 2014, quando Geraldo Alckmin (PSDB) foi eleito e reeleito, ele terminou o pleito em segundo lugar. Em 2018, em terceiro.
Quando perdeu as eleições, voltou ao comando da Fiesp.
Diferentemente das outras vezes em que mudou o estatuto, Skaf também não está em seu melhor momento dentro da federação e ainda tem que lidar com uma investigação feita pela Operação Lava Jato.
No final de abril, ele foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo e pela Procuradoria Regional Eleitoral no estado de São Paulo, junto com o empresário Marcelo Odebrecht e o publicitário Duda Mendonça, pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e de caixa dois em montante superior a R$ 5 milhões durante as eleições que Skaf disputou ao governo do estado em 2014. Em maio, a Justiça aceitou a denúncia.
A defesa de Paulo Skaf diz que a aceitação da denúncia pela Justiça é "mera formalidade procedimental" e que está à disposição da Justiça.
"Todas as doações recebidas pela campanha de Skaf ao governo de São Paulo em 2014 estão devidamente registradas na Justiça Eleitoral, que aprovou sua prestação de contas sem qualquer reparo de mérito”, afirmou.
Para que ele possa se candidatar novamente, é necessário, mais uma vez, mudar o estatuto da federação.
Ele também tem um número cada vez maior de opositores dentro da federação; alguns, aliás, fizeram parte da chapa de Skaf à reeleição em 2017.
No início do ano, reportagem da Folha mostrou o descontentamento de alguns dos principais industriais de São Paulo com o que chamavam de militarização da Fiesp —a indicação de militares para vários cargos na entidade.
A estratégia foi interpretada como uma forma de Skaf sinalizar alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro.
Pessoas ligadas à Fiesp dizem ainda que essa aproximação seria um novo caminho, percebido por Skaf, para, enfim, vencer a eleição ao governo de São Paulo. E o aumento na popularidade do presidente após a pandemia do novo coronavírus coloca a candidatura em um local mais confortável.
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