sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Reciclagem química pode resolver gargalo dos plásticos, Mara Gama, FSP

 Plásticos filme, laminados, multicamadas e outros mais complexos são os mais difíceis de reciclar. Diferentemente do PET, que pode ser moído e cujos pellets já têm absorção do mercado, os plásticos mais flexíveis e finos costumam sobrar em cooperativas e em centrais mecanizadas de reciclagem e, sem recicladores que possam processá-los e sem valor de mercado, acabam sendo depositados em aterros sanitários.

A Braskem, que é a maior produtora de resinas plásticas das Américas, está investindo para ampliar a variedade de plásticos recicláveis e obter resina de boa qualidade como resultado da reciclagem química.

A novidade é a inclusão de um catalisador no processo de pirólise do plástico. A pirólise é o processo capaz de quebrar as moléculas da resina plástica por meio do calor, transformando-a novamente em matéria-prima, em forma de gás ou líquido, que pode ser reinserida na cadeia produtiva. Habitualmente requer altíssimas temperaturas.

Plásticos de vários tipos sendo misturados
Plásticos de variados tipos que podem ser misturados no processo de reciclagem química desenvolvido pela Braskem - Getty Images/iStockphoto/Braskem

Com o catalisador, o processo de pirólise exige temperaturas menores e as resinas obtidas ao final do processo têm melhor qualidade. “Esperamos ter, em 12 a 18 meses, catalisadores viáveis para o mercado”, diz Luiz Falcon, responsável pela plataforma de reciclagem química da empresa.

“A tecnologia de reciclagem química é complementar à mecânica. Ela amplia o leque de plásticos que podem ser reciclados. Pode existir numa empresa recicladora uma unidade ao lado da reciclagem mecânica. Além disso, como a resina resultante é da mesma qualidade do produto inicial, ela economizaria recursos”, afirma.

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Falcon considera o processo pioneiro no mundo. Apesar de usar um componente metálico no processo, a geração de resina de boa qualidade como resultado de reciclagem pode diminuir a extração de matéria-prima, que é derivada de petróleo.

Para o desenvolvimento da tecnologia, a empresa assinou acordo de cooperação com a Fábrica Carioca de Catalisadores (FCC S.A.) e mantém parcerias com o EngePol – Laboratório de Engenharia de Polímeros da Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro) e com o Senai.

Os investimentos nesta etapa da pesquisa estão estimados em R$ 2,7 milhões, entre recursos financeiros e pessoal das instituições e empresas.

Mara Gama

Jornalista e consultora de qualidade de texto.

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