As eleições no Rio prometem ser um teste de força para Bolsonaro. Há quase dois anos, no segundo turno para presidente, ele obteve a maioria dos votos em todos os bairros, com exceção de Laranjeiras. Hoje está colado em Marcelo Crivella (ou este colou nele), que, engajado no projeto de poder da Igreja Universal, tenta uma reeleição complicada.
No boca a boca, sua fama é a de “pior prefeito da história do Rio”. Um governo que chegou a ter, em dezembro de 2019, 72% de rejeição, segundo o Datafolha, e que, durante a pandemia, fez mais teatro do que combateu o novo coronavírus. Resta saber se a população aprovou a encenação —o município passou de 9.000 mortos, com alta nos últimos dias no número de casos.
Apesar de ter afirmado que não pretendia apoiar candidatos na disputa municipal, Bolsonaro não esconde o cacho com Crivella. Na semana passada, como se não tivesse nada para fazer, o presidente esteve no bairro do Rocha para inaugurar uma escola cívico-militar ao lado do prefeito. Parêntesis para a vida real, sempre distante dos atos de campanha: para o Orçamento de 2021, o governo federal prevê um corte de 13% na área da educação.
Crivella quer a deputada Major Fabiana como candidata a vice. Ela é do PSL, partido do qual Bolsonaro está se reaproximando. A indicação de Fabiana, ex-PM que ficou famosa por aparecer em fotos na internet de arma em punho durante um tumulto na favela do Jacarezinho, evidencia a moda da farda na política brasileira: se é militar, pode confiar; é pessoa mais do que preparada para resolver qualquer problema.
O maior adversário do bispo é Eduardo Paes. Para a Folha, o prefeito da Olimpíada resumiu sua estratégia: “Bolsonaro era papo de 2018. O papo agora é o Rio”. Terá de convencer os cariocas. Muitos deles ainda nem se aperceberam que daqui a menos de três meses terão de comparecer às urnas.
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