segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Pix, moeda social, CNH e água tratada ajudam a combater desigualdade no interior do Brasil, Daniel Weterman, OESP

 BRASÍLIA – O município de Itabira, no interior de Minas Gerais, inovou ao gastar seu dinheiro no combate à desigualdade. Para isso, limitou a despesa com servidores em 35% do orçamento e direcionou os recursos para tirar famílias da pobreza. A cidade do minério de ferro e onde nasceu o poeta e funcionário público Carlos Drummond de Andrade vai na contramão da maioria dos municípios brasileiros, que consumiu o dinheiro com pessoal.

A prefeitura da cidade mineira criou a “Facilita”, uma moeda social eletrônica com circulação restrita ao comércio local. Famílias de baixa renda recebem um cartão que é carregado todo mês com um valor de R$ 140. A moeda só pode ser usada na compra de alimentos, produtos de higiene e gás de cozinha. Por sua vez, os comerciantes recebem do município o dinheiro das vendas.

Ao mesmo tempo, a prefeitura contrata as mulheres beneficiadas pelo programa para trabalharem meio período como auxiliares de cozinha, auxiliares ambientais e auxiliares de serviços gerais durante um ano, por R$ 660 mensais. No restante do dia, elas fazem curso de qualificação profissional. O objetivo é que as pessoas de baixa renda saiam do programa e consigam empregos formais e independência financeira.

E muitas delas saíram. A moradora Leidiane Xavier dos Santos, 38 anos, começou a usar a moeda social em 2021. Com duas crianças pequenas em casa, ela fez um curso de qualificação. Depois de participar do programa, foi contratada como auxiliar de cozinha em um restaurante. Agora, sonha em abrir uma padaria. “A primeira coisa que eu fazia era comprar frutas para as crianças. Então, me ajudou bastante, porque me deu independência e eu consegui meu objetivo, que era ter um salário”, conta a moradora.

Itabira (MG) criou uma moeda social digital para população de baixa renda e programa de emprego para mulheres.
Itabira (MG) criou uma moeda social digital para população de baixa renda e programa de emprego para mulheres. Foto: Carol Veloso/Prefeitura de Itabira
Política

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Em três anos, foram seis mil famílias beneficiadas. A prefeitura já gastou R$ 11 milhões com o programa. De acordo com a administração, 500 famílias saíram da extrema pobreza e da pobreza e já não dependem mais da moeda social.

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“As pessoas que estão em situação de vulnerabilidade dificilmente acessam o mercado de trabalho. Muitas nunca tiveram carteira assinada e, com o programa, essas mulheres saíram da dependência econômica e financeira”, diz a secretária de Assistência Social de Itabira, Nélia Cunha.

A primeira coisa que eu fazia era comprar frutas para as crianças. Então, o programa me ajudou bastante, porque me deu independência e eu consegui meu objetivo, que era ter um salário.

Leidiane Xavier dos Santos, moradora de Itabira (MG)

Os municípios brasileiros nunca receberam tanto dinheiro público. Mesmo assim o Pais segue um dos mais desiguais do mundo. Por que razão? O Estadão percorreu 2.312 quilômetros, passando por 15 cidades do Distrito Federal, Goiás e Tocantins, em busca de respostas e de exemplos de como mudar essa realidade.

Enquanto a maior parte das cidades brasileiras usa todo dinheiro para inchar a máquina, algumas políticas públicas adotadas mostram o caminho para diminuir as desigualdades.

O caso de Itabira é um dos exemplos, ao lado de outras iniciativas adotadas no País. A criação da moeda social digital veio logo após outra inovação no Brasil: o Pix. O pagamento instantâneo, via celular, foi lançado pelo Banco Central em 2020. Na prática, mais pessoas tiveram acesso a uma conta bancária, transferindo e recebendo dinheiro. Em agosto deste ano, o Pix atingiu 140,6 milhões de usuários, de acordo com o Banco Central.

O Pix promoveu a inclusão financeira para 71 milhões de brasileiros até dezembro de 2022, e a maioria das transferências foi feita com valores inferiores a R$ 100,00. Apesar do avanço, ainda há desigualdade. Entre os brasileiros com renda de até um salário mínimo, mais de 60% da população já enviou ou recebeu pelo menos um Pix. Nas faixas de maior renda, o porcentual é de mais de 80%.

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“O Pix promoveu uma mudança positiva para as classes mais baixas porque o custo da transferência ficou menor”, diz Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV). “Na mesma direção, o auxílio emergencial da pandemia colocou muita gente dentro do sistema em um intervalo curto de tempo.”

Para o especialista, programas como a moeda social local têm um efeito maior na redução da desigualdade e na transição das pessoas para o mercado de trabalho do que políticas nacionais, como o Bolsa Família. “Esses programas têm a junção da inclusão digital com a transferência de renda e podem refletir melhor o que acontece em nível local.”

Carteira de habilitação de graça para pessoas de baixa renda

Outra medida para enfrentar a desigualdade no País foi a gratuidade do processo de obtenção da carteira de motorista para população de baixa renda. Essa iniciativa é executada em 12 Estados e no Distrito Federal.

Em Goiás, foram entregues 15,6 mil carteiras desde que o programa CNH Social foi implantado, em 2019. O critério para se beneficiar é estar inscrito no Cadastro Único (CadÚnico), que reúne famílias com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa.

O documento pode custar de R$ 1,8 mil a R$ 4,5 mil, dependendo da categoria. “Muitos brasileiros mal conseguem receber um salário mínimo e não têm como pagar. A carteira de motorista é um documento que dá dignidade porque gera oportunidade de emprego”, diz o presidente do Detran do Estado, o ex-deputado federal Waldir Soares.

O programa, porém, não alcança todo mundo. O governo banca o treinamento, as taxas, os exames e a expedição da carteira de habilitação, mas não o deslocamento dos beneficiados até o local das aulas e das provas. Quem mora em cidades onde não há autoescola, tem que tirar o dinheiro do próprio bolso para viajar.

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Dos 246 municípios goianos, 91 não possuem autoescola. Em Cavalcante, cidade de 9 mil habitantes no Norte do Estado, por exemplo, o local de formação mais próximo fica a 250 quilômetros, em Niquelândia, segundo o próprio Detran. “A CNH é um produto elitizado”, admite o presidente do órgão.

Água tratada para todos os moradores da cidade

A mais de 1,5 mil quilômetros de Itabira, a cidade de Morro da Fumaça, no sul de Santa Catarina, também comemora a redução da desigualdade social, mas por outro motivo: a água tratada. Neste ano, o município de 18 mil moradores atingiu a marca de 100% das residências com acesso à água potável, um direito negado a quase 35 milhões de brasileiros.

A prefeitura começou a operar o sistema em 2018, após romper o contrato que tinha com a Casan, empresa de saneamento do governo do Estado. Até então, moradores da área rural não tinham água tratada. O jeito era furar poços ou se abastecer em nascentes de rio, mas a água ficava suja quando chovia e faltava em época de seca.

O caso foi parar na Justiça, que deu amparo à decisão da prefeitura de cuidar do saneamento de forma autônoma. Em 2023, o município chegou a construir quatro quilômetros de encanamentos para atender uma única residência que ainda não tinha água encanada, atingindo 100% de cobertura.

“Nós pegávamos água do poço, de uma vertente que tinha debaixo de uma árvore, mas, de dez anos para cá, começou a secar e a faltar água quando não chovia”, conta o morador João Formentin Izepon, 66 anos. Ele vive há 30 anos na comunidade Linha Barracão, zona rural da cidade. “Hoje, é difícil faltar água e a gente não se incomodou mais.”

João Formentin Izepon vive em Morro da Fumaça (SC) há 30 anos e dependia de poço que secou. Município universalizou acesso à água tratada.
João Formentin Izepon vive em Morro da Fumaça (SC) há 30 anos e dependia de poço que secou. Município universalizou acesso à água tratada.  Foto: Beatriz Coan/Prefeitura de Morro da Fumaça

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Os moradores de Morro da Fumaça ainda enfrentam um problema: a falta de tratamento de esgoto. O marco legal do saneamento básico, uma lei federal aprovada em 2020, estabelece o atendimento de 99% da população com água potável e de 90% com esgoto adequado até 2033.

Nós pegávamos água do poço, de uma vertente que tinha debaixo de uma árvore, mas, de dez anos para cá, começou a secar e a faltar água quando não chovia.

João Formentin Izepon, morador de Morro da Fumaça (SC)

Água e esgoto impactam diretamente na qualidade de vida da população. Para cada um real investido em saneamento básico, são economizados quatro reais em saúde, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, a balança é invertida. Os municípios gastam dez vezes mais para socorrer a população com médicos, postos de saúde e hospitais do que investem em saneamento. No governo federal, a situação é ainda mais alarmante. O valor colocado em água e esgoto é 400 vezes menor do que a despesa da saúde.

“Muitos municípios não arrecadam porque o prefeito não deixa cortar a água para não perder voto. Aqui fizemos o contrário. A gente cortou a água, cobrou e religou. Eu prometi que ia melhorar o sistema, fiz isso, nunca mais faltou água na casa dos moradores e hoje eles agradecem”, diz o engenheiro químico e presidente do do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) de Morro da Fumaça, Rogério Sorato. “É uma obrigação do poder público. É o mínimo que se pode fazer.”

No próximo domingo, 8, a série “Desigualdade - O Brasil tem jeito?” vai trazer a resposta para essa pergunta com base em especialistas que pensam e estudam o País.

domingo, 1 de outubro de 2023

Governo Tarcísio quer aprovação de venda da Sabesp por deputados ainda em 2023, FSP

 


SÃO PAULO

O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) trabalha com um cronograma ambicioso segundo o qual o projeto de lei de privatização da Sabesp será aprovado na Assembleia Legislativa de São Paulo ainda em 2023. Com isso, o leilão de venda ocorreria no primeiro semestre do ano que vem.

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Natalia Resende, secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, durante cerimonia de posse do governador Tarcísio de Freitas realizada no Palácio dos Bandeirantes - Greg Salibian/Folhapress

O calendário enfrenta a realidade de uma base aliada no Legislativo muitas vezes desorganizada e com dificuldades para aprovar projetos bem mais simples.

O próximo passo dessa agenda é o envio do projeto de lei aos deputados, que deve acontecer ainda em outubro.

Outro provável empecilho à aprovação célere do projeto é o fato de que a gestão estadual só definirá nos primeiros meses de 2024 parâmetros fundamentais da venda.

Entre eles está o cálculo de qual o montante dos recursos da privatização será utilizada para reduzir as contas de água e esgoto e qual será o tamanho da diminuição tarifária. Também será decidido ainda o percentual acionário minoritário que o estado manterá na empresa.

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O governo afirma que a exposição detalhada e transparente do mecanismo da desestatização deve bastar para que os deputados se convençam da viabilidade do projeto, ainda que os valores não estejam discriminados.

"Iremos tratar tudo com total transparência, como já estamos fazendo em contatos com deputados e prefeitos. Acreditamos que a aprovação na Assembleia ainda esse ano é possível", diz a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende.

A gestão estadual prevê a injeção de R$ 66 bilhões em investimentos privados para antecipar a universalização o acesso à água e esgoto coletado e tratado de 2033 para 2029.

"A privatização melhorará o serviço, dobrará o ritmo de investimentos, antecipará metas e terá forte viés social", afirma Resende.

Após o fim da chamada fase 1 dos estudos da privatização —na qual serão definidos os modelos de venda, o tamanho da participação do governo na Sabesp após a privatização, a regulação tarifária e os modelos de adesão dos municípios—, o governo pretende encaminhar a venda, estruturando o leilão e fazendo um roadshow para investidores internacionais no ano que vem.

Para o governo Tarcísio, a concretização da venda no primeiro semestre também é importante para evitar inseguranças que poderiam surgir a partir das eleições de 2024.

Na capital, por exemplo, o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) é favorável à desestatização e tem contribuído para que aconteça, mas Guilherme Boulos (PSOL), seu adversário, opõe-se ao projeto e colocaria dificuldades ao seu desenvolvimento, caso eleito.

Tiro no escuro - Ana Paula Vescovi, FSP

 Ainda é pouco claro o conteúdo da Reforma Tributária da renda pretendida pelo governo. Os objetivos mais óbvios seriam: maior justiça contributiva, simplificação para redução de litígios e custos de transação, além de aproximação com padrões internacionais. A neutralidade da carga tributária sobre as empresas contempla um importante atributo adicional.

Contudo, um sinal sobre a reforma da renda foi enviado ao Congresso com a proposta de extinção dos Juros sobre Capital Próprio (JCP), o que implica elevação da carga tributária sobre empresas dos mais diferentes setores. Esse é um tema ainda pouco conhecido pela sociedade e é aplicado somente para as maiores companhias, aquelas sujeitas ao regime do Lucro Real.

Ilustração no formato horizontal retrata uma balança rústica e dourada em desequilíbrio. Do lado esquerdo o prato está mais baixo e contém um saco de dinheiro na cor bege amarrado pela boca com uma corda amarelada e com um cifrão preto impresso. O prato do lado direito, que está mais alto, contém uma empresa na cor laranja com duas janelas de vidro na frente e uma chaminé na parte de trás. Do lado direito, tem também 8 ícones de pessoas, na cor azul acinzentado, caindo do prato.  O fundo da ilustração é na cor branca com degradê de laranja para branco nos quatro cantos.
Ilustração mostra balança rústica em desequilíbrio - Amarildo

A tributação sobre a renda das empresas ocorre pela taxação do lucro gerado. Alguns países diferenciam a tributação dos lucros retidos na empresa, para financiar seu próprio crescimento, daqueles que são distribuídos para os acionistas e investidores na forma de dividendos. Esse mecanismo, conhecido como Allowance for Corporate Equities (ACE), procura incentivar a retenção de lucros na empresa, bem como menor endividamento.

Por aqui, o lucro é tributado pelo IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica) e pela CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido). Considerando os dois somados, a carga tributária é heterogênea em função do tamanho das empresas, pois coexistem diferentes regimes, tais como o Simples, o Lucro Presumido e o Lucro Real. As grandes companhias pagam entre 34% e 45%, contra pouco mais de 20% na média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

A carga tributária para as maiores empresas é assim tão alta porque se decidiu isentar a distribuição dos lucros (dividendos) e compensar essa medida com o aumento da carga nominal de impostos sobre os lucros das empresas (IRPJ/CSLL). Tecnicamente, seria uma opção por uma tributação única, ao invés de um modelo dual, no qual a alíquota corporativa é menor, mas os lucros distribuídos (dividendos) são tributados.

Mas nem tudo é tão simples em se tratando de tributos no Brasil. Logo após a implementação do Plano Real, introduziu-se um novo mecanismo. A ideia era considerar que parte dos lucros distribuídos seria equivalente à remuneração obtida pelos acionistas com a aplicação de seu capital em um ativo financeiro sem risco, que é o JCP. Essa parcela, presumida, passou a ser tributada como se fosse uma aplicação financeira, ou seja, a 15%, sendo dedutível da base do IRPJ/CSLL. Na prática, isso reequilibrou o impacto final da carga tributária sobre o lucro corporativo, a partir do fim da correção monetária dos balanços.

Em uma simulação simples, quando se incluem os efeitos do JCP, a carga tributária sobre grandes empresas é reduzida entre 6 e 8 pontos percentuais. Extinguir o mecanismo, portanto, traz um par de efeitos, tal como o aumento da carga tributária (em vez de 15%, uma parcela do lucro distribuído como JCP, limitada a 50%, será tributado a 34% ou 45%), com consequente aumento de custos para as empresas. Adicionalmente, o fim do JCP tende a ensejar comportamentos diferentes no referente à retenção ou à distribuição de lucros.

Por isso tudo, deveria fazer parte de uma estratégia ótima para melhorar o desenho da tributação sobre lucros corporativos reequilibrar o combo que envolve o IRPJ/CSLL, a tributação dos dividendos e o mecanismo do JCP. Por exemplo, se o lucro fosse tributado com taxas mais próximas à da renda das pessoas físicas (27,5%) para evitar arbitragens, e se os dividendos fossem tributados na sua totalidade a 15%, a extinção do JCP poderia reequilibrar a conta. Essa opção equivale a adotar a tributação dual (lucro corporativo + dividendos), como já ocorre em vários países.

Ademais, nesse reequilíbrio entre o IRPJ/CSLL e dividendos, o grupo dos regimes especiais (Simples e Lucro Presumido) também sofreria elevação de carga tributária, dado que a tributação sobre lucros distribuídos deveria ser homogênea. O tamanho da empresa que gera lucros nada tem a ver com o tamanho da renda dos seus acionistas. Um pequeno poupador pode ser investidor em ações de grandes companhias abertas, por exemplo.

Vale a discussão sobre a adoção do ACE, observando-se sempre a neutralidade tributária. Do lado do fisco, não há condição de haver perda de arrecadação, por causa do desequilíbrio presente nas contas públicas.

Fazer uma reforma tributária da renda neutra do ponto de vista arrecadatório, mudando o desenho do sistema para torná-lo mais simples, justo e eficiente, é o caminho correto. A decisão de reduzir ou aumentar a carga tributária no país é uma escolha social e está diretamente correlacionada com o nível dos gastos públicos e a sua capacidade de melhorar o bem-estar social para, assim, legitimar o sistema e reduzir comportamentos elisivos.

As discussões recentes sobre as reformas tributárias podem mudar a feição do país, tornando-nos uma sociedade mais eficiente, elevando a sua renda média. Mas, para isso, muito dependerá o desenho dessas reformas.

Tributar o lucro corporativo sem respeitar os princípios básicos de uma tributação ótima e elevar a carga tributária das empresas pode reduzir o potencial do crescimento do país e desperdiçar uma oportunidade que tão cedo poderá não ter o mesmo espaço para discussão.