quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Itaú lança crédito imobiliário corrigido pela poupança, FSP

 Isabela Bolzani

SÃO PAULO

O Itaú Unibanco lançou nesta quinta-feira (10) uma nova linha de crédito imobiliário corrigida pela poupança.

O movimento acompanha as quedas contínuas da taxa básica de juros dos últimos anos e o maior esforço dos grandes bancos em aumentar a participação de créditos com prazos mais longos e com maiores garantias na carteira.

Nessa nova linha do Itaú, os juros cobrados serão compostos por uma taxa fixa de 3,99% somada à remuneração da poupança –que hoje se encontra em 1,4%. Atualmente, a taxa cobrada seria de 5,39%, por exemplo. Inicialmente, o produto vale apenas para novos financiamentos.

Pode ser financiado até 90% do valor de avaliação do imóvel com um prazo de até 30 anos.

Mulher passa na frente de uma agência do Itaú
Itaú cria linha de financiamento imobiliário corrigida pela poupança e crédito com garantia de imóvel financiado - Sergio Moraes - 28.jan.2020/Reuters

Segundo o diretor executivo do Itaú, Alexandre Zancani, o lançamento da nova linha acaba liberando um potencial de taxas menores, que não eram viáveis antes, dada a estrutura de financiamentos do mercado.

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“Se trabalhamos com taxa fixa, por exemplo, o cenário [econômico] pode variar no tempo. Ao mesmo tempo, ainda que a Selic venha caindo bastante ao longo dos últimos meses, o mercado não conseguia repassar [toda a queda] dado o risco estrutural e os modelos de crédito nos quais os bancos atuam”, afirmou.

O novo produto também contará com um limite máximo de juros cobrados ao ano de 10,16%. O cliente precisa estar atento, no entanto, já que não é avisado quando a taxa de juros sobe.

“O valor fica diferente com as variações da Selic, uma vez que a taxa impacta a poupança. Mas com um teto, mesmo que a taxa [básica de juros] volte a subir, os juros cobrados ficam limitados. Entendemos que é uma segurança e uma proposta fundamental para este produto”, disse o diretor de crédito imobiliário do Itaú, Danilo Caffaro.

A nova linha estará disponível apenas para imóveis residenciais e permite que a renda seja composta por mais de uma pessoa. O novo crédito permite o uso do FGTS como parte do pagamento (conforme as regras já vigentes impostas pela Caixa Econômica Federal).

Em abril o banco já havia lançado uma linha semelhante, também indexada à poupança, voltada para pessoas jurídicas.

O banco ainda lançou nesta quinta-feira uma linha de crédito com garantia do imóvel financiado.

Em julho, o Banco Central já havia autorizado que um mesmo imóvel pudesse servir como garantia para mais de uma operação de crédito com um credor, respeitado o valor total do bem. A medida veio como forma de aumentar a liberação de crédito no sistema financeiro e para diminuir os juros para o tomador.

“Como usaremos como garantia o arcabouço do próprio imóvel já alienado, trazemos a possibilidade de que o cliente tenha o crédito com o valor saldo remanescente do financiamento imobiliário anterior e com as taxas anteriores também”, disse Zancani.

A linha de crédito com garantia de imóvel financiado permitirá portabilidade de créditos feitos com outros bancos.

O Itaú também anunciou mudanças nas taxas do crédito imobiliário já existente no banco, reduzindo os juros de 7,3% ao ano mais TR (Taxa Referencial, cujo rendimento atual é 0%), para 6,9% ao ano mais TR. O banco ainda aumentou o percentual financiável do imóvel de 80% para 90% do valor do bem.

Além disso, trouxe o crédito com garantia de imóvel, antes disponível apenas para o público de alta renda, para todos os clientes do banco. A linha oferece taxas de juros de 0,94% ao mês mais TR e até 10 anos de prazo para pagamento.

Prazer sexual é divino e 'vem diretamente de Deus', diz papa Francisco, FSP

 VATICANO e SÃO PAULO | AFP

O prazer sexual vem de Deus, e os cristãos devem aproveitá-lo. Assim como comida boa.

As declarações, que em outros tempos poderiam render até a morte na fogueira, foram dadas pelo papa Francisco e reveladas em um novo livro publicado nesta quarta-feira (9) na Itália.

“O prazer vem diretamente de Deus, não é católico, nem cristão, nem nada parecido, é simplesmente divino”, afirma o pontífice na obra.

Para Francisco cumprimenta fiéis no Vaticano
O papa Francisco cumprimenta fiéis no Vaticano - Vincenzo Pinto - 9.set.20/AFP

“O prazer de comer serve para manter uma boa saúde, da mesma forma que o prazer sexual serve para embelezar o amor e garantir a continuidade da espécie”, diz Francisco. “O prazer de comer e o prazer sexual vêm de Deus.”

O posicionamento do papa deve fazer com que ele mais uma vez bata de frente com a ala mais conservadora da Igreja Católica, que considera as opiniões do argentino muito progressistas.

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As afirmações fazem parte do novo livro do italiano Carlo Petrini, que reúne uma série de entrevistas com o pontífice. Na obra, o papa critica o que classifica como "moralidade abençoada", que seria uma rejeição da noção de prazer. Ele reconhece que a Igreja Católica já apoiou esta visão.

Para o papa, porém, essa é "uma interpretação errada da mensagem cristã" e já “causou enormes danos, ainda perceptíveis em alguns casos”. “A Igreja condenou os prazeres desumanos, grosseiros, vulgares, mas por outro lado sempre aceitou os prazeres humanos, sóbrios, morais", afirma Francisco.

Ainda não há previsão de quando o livro, "TerraFutura: Dialoghi con Papa Francesco sull'Ecologia Integrale" (TerraFutura: conversas com o papa Francisco sobre ecologia integral), saírá em português. O autor, Petrini, é também o criador do “slow food”, movimento que defende uma culinária de qualidade e se opõe ao fast food.

Desde que virou papa, em 2013, Francisco tem chamado a atenção por declarações sobre temas historicamente polêmicos dentro da Igreja Católica.

Em temas comportamentais, ele já disse, por exemplo, que divorciados não devem ser excluídos da igreja e levantou a possibilidade de eles receberem a comunhão.

O argentino também adotou uma postura mais conciliatória do que a de seus antecessores em relação à homossexualidade.

Embora a relação entre pessoas do mesmo sexo continue sendo vetada pela igreja, Francisco defendeu uma abordagem mais compreensiva a fiéis da comunidade LGBT.

"Cada pessoa, independentemente da própria orientação sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida com respeito", escreveu em 2016 na exortação apostólica "Amoris laetitia" (a alegria do amor).

O papa também já se embrenhou em temas políticos, com críticas ao capitalismo —que em 2015 classificou como "uma ditadura sutil"— e ao aquecimento global, classificado como "um dos principais desafios para a humanidade".

Essas declarações têm insuflado uma espécie de guerra santa dentro do Vaticano, que opõe os conservadores aos reformistas —ala que em geral inclui o argentino.

O auge do conflito aconteceu em abril do ano passado, quando um grupo de acadêmicos católicos ultratradicionalistas escreveu uma carta acusando Francisco de heresia, um dos mais graves desvios no direito canônico da Igreja Católica.

O documento, que tinha como objetivo tirar o argentino do cargo, não chegou a ganhar apoio entre cardeais, mas escancarou a divisão interna na igreja.

A carta tinha como principal alvo exatamente o posicionamento do pontífice sobre questões sexuais.

Os acadêmicos argumentavam, por exemplo, que Fransciso “acredita que a atividade homossexual não é gravemente pecaminosa”, que ele não se opõe ao aborto e que aproximou o Vaticano de protestantes e muçulmanos.

Sem fé, jovens do Brasil são 'zumbis existenciais', diz ministro da Educação, FSP

 Gustavo Uribe

BRASÍLIA

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou nesta quinta-feira (10) que parcela dos jovens brasileiros se tornou "zumbis existenciais" que não acredita mais em Deus.

Em evento de lançamento de políticas contra a mutilação e o suicídio, o ministro, que também é pastor presbiteriano, avaliou que o mundo vive um momento de "desconstrução de tudo", o que deixa o público jovem sem referência ou motivação.

"Nós temos hoje no Brasil, motivados creio eu, meu diagnóstico, por essa quebra de absolutos e de certezas, verdadeiros zumbis existenciais. Não acreditam mais em nada, desde Deus a política. Eles não têm nenhuma motivação"​, disse.

No seu discurso, o ministro afirmou ainda que a juventude tem vivido um "vazio existencial", o que, na opinião dele, estimula adolescentes a viverem sem propósito e a tirarem "a própria vida".

Especialistas em prevenção ao suicídio alertam que não há evidência de relação entre religiosidade e suicídio e pedem que a população tenha cuidado para não espalhar o que chamam de mitos prejudiciais.

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O ministro da Educação, Milton Ribeiro
O ministro da Educação, Milton Ribeiro - Isac Nóbrega/PR

"Nós vivemos em um tempo de desconstrução de tudo. De tudo o que é valor, de tudo o que é absoluto. De todas as certezas da vida", disse. "Não há mais uma juventude que acredite nas coisas como Deus, religião, política e família. Eles perdem totalmente o referencial"​, ressaltou.

Segundo ele, a "grande moda dos sociólogos e filósofos" é desconstruir valores e ideias e não colocar "nada no lugar", "deixam um vazio".

No discurso, o ministro criticou ainda o conteúdo de materiais didáticos que, na visão dele, oferecem pontos de vista que não são adequados para a faixa etária indicada.

"Quando olho os livros no Ministério da Educação, livros antigos, vejo algumas críticas que seriam próprias, talvez, para um quase jovem, não para uma criança de sexto ano", disse. "São discussões e desconstruções históricas que, para mim, não são oportunas naquela faixa etária", ressaltou.

Ribeiro foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro em um aceno tanto à bancada evangélica como ao núcleo ideológico da Esplanada dos Ministérios.

No passado, antes de assumir a pasta, ele defendeu educar crianças com "dor". "A correção é necessária para a cura. Não vai ser obtido por meios justos e métodos suaves", disse.

O uso de castigo físico em crianças foi proibido pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), após a sanção da Lei da Palmada, em 2014, que alterou a lei que dispõe sobre o estatuto.

Dessa forma, foi estabelecido que crianças sejam educadas e cuidadas sem o uso de castigo físico ou de "tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação".​