segunda-feira, 15 de abril de 2013

Estudo mostra que caminhar em parque pode ter efeito restaurador para o cérebro



GRETCHEN REYNOLDS
DO "NEW YORK TIMES"
The New York TimesOs cientistas já sabem que o cérebro humano tem uma capacidade limitada de permanecer calmo e focado.
Essa capacidade pode ser influenciada pelo barulho e pelas frenéticas demandas da vida urbana, às vezes causando a condição conhecida informalmente como fadiga cerebral. Quem tem fadiga cerebral fica facilmente distraído e esquecido.
Mas um novo estudo na Escócia sugere que é possível atenuar a fadiga cerebral simplesmente passeando em um parque frondoso.
Há muito tempo, os pesquisadores teorizam que áreas verdes são relaxantes, exigindo menos da nossa atenção do que as ruas.
Os ambientes naturais evocam a "fascinação suave", um termo para a contemplação silenciosa, durante a qual o cérebro pode reiniciar os recursos sobrecarregados da atenção e reduzir a fadiga mental.
Mas essa teoria é difícil de testar. Estudos anteriores mostraram que pessoas que moram próximas a árvores e parques têm níveis menores de cortisol, o hormônio do estresse, em comparação às que vivem primariamente no meio do concreto.
Também crianças com deficit de atenção tendem a se concentrar mais e ter resultados melhores em testes cognitivos depois de passearem em parques.
Os cientistas observaram, com base na leitura de ondas cerebrais, que voluntários ficam mais calmos ao verem cenas naturais.
Até recentemente, não havia sido possível estudar os cérebros das pessoas quando elas estão de fato ao ar livre.
Agora, surgiu uma versão portátil do eletroencefalograma (EEG), tecnologia que estuda os padrões das ondas cerebrais.
Para o novo estudo, publicado em março na revista "The British Journal of Sports Medicine", cientistas da Universidade Heriot-Watt, em Edimburgo, e da Universidade de Edimburgo acoplaram os novos EEGs aos couros cabeludos de 12 jovens saudáveis.
Os eletrodos enviavam, sem fio, leituras das ondas cerebrais para um laptop que cada voluntário levava numa mochila.
Os pesquisadores então enviaram os participantes para caminhadas curtas por Edimburgo, inicialmente em um bairro histórico, depois num ambiente semelhante a um parque e, finalmente, num bairro comercial.
Depois, os cientistas procuraram os padrões cerebrais que eles julgavam corresponder a determinados graus de frustração, atenção dirigida, excitação e calma mental ou estado meditativo.
O que eles encontraram confirmou a ideia de que áreas verdes reduzem a fadiga mental: na área comercial, os cérebros ficavam excitados. Já no parque, as leituras se tornaram mais meditativas.
O estudo foi pequeno -mais um teste da nova tecnologia do que um exame definitivo sobre os efeitos cognitivos de olhar para o verde.
Mas, mesmo assim, Jenny Roe, conferencista do Heriot-Watt que supervisionou o trabalho, disse que as conclusões foram consistentes, fortes e valiosas.
Ela recomenda que, assim que possível, você faça uma pausa no trabalho e vá a um parque --ou que pelo menos olhe para áreas verdes da janela do seu escritório.

Outrora ágil, Petrobras personifica a lentidão da economia brasileira



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SIMON ROMERO
DO "NEW YORK TIMES"
The New York TimesMeia década se passou desde que os brasileiros comemoraram a descoberta de uma enorme quantidade de petróleo em campos marinhos profundos pela companhia de petróleo nacional, a Petrobras, situando o país em condições de chegar à primeira fila dos produtores globais.
Hoje, outro tipo de choque energético está sendo observado: a empresa, conhecida por seu poderio, está perdendo a corrida para acompanhar as crescentes demandas do país.
Constrangida por uma exigência nacionalista de comprar navios, plataformas e outros equipamentos de companhias brasileiras letárgicas, a gigante do petróleo enfrenta uma dívida disparada, grandes projetos emperrados e campos mais antigos que, outrora pródigos, produzem menos petróleo.
O tesouro submarino ao seu alcance também permanece terrivelmente complexo de explorar.
Hoje, em vez de simbolizar a ascensão do Brasil como potência global, a Petrobras personifica a lentidão da própria economia nacional, que, depois de avançar 7,5% em 2010, desacelerou para menos de 1% no ano passado.
Até recentemente, a Petrobras só perdia em valor de mercado para a ExxonMobil entre as companhias energéticas negociadas em Bolsa. Hoje, ela vale menos que a companhia de petróleo da Colômbia.
Essa queda acentuou um debate cada vez mais amargo no país sobre as tentativas da presidente Dilma Rousseff de usar a Petrobras para proteger a população brasileira da desaceleração econômica do país.
"A Petrobras já foi considerada indestrutível, mas esse não é mais o caso", disse Adriano Pires, consultor de energia no Brasil. "Hoje, a Petrobras é um instrumento de política econômica de curto prazo e é usada para proteger a indústria doméstica da concorrência e combater a inflação."
Rousseff, como seu antecessor e mentor político, Luiz Inácio Lula da Silva, contou com as companhias estatais para criar empregos e impulsionar a economia.
Em consequência, afirmam a presidente e seus principais assessores, o desemprego permanece em níveis historicamente baixos, uma abordagem de gestão econômica que contrasta acentuadamente com a usada na Europa e nos Estados Unidos.
A Petrobras está construindo novas refinarias, buscando petróleo em alto-mar e comprando a maior parte de seu equipamento de companhias brasileiras, as quais criaram dezenas de milhares de empregos para manter o baixo desemprego no Brasil, em cerca de 5,4%.
Mas os críticos apontam os problemas óbvios da empresa, incluindo seus projetos atrasados e uma incapacidade de satisfazer a sede de petróleo do país.
Depois que o Brasil descobriu petróleo em alto-mar, em 2007, o governo pressionou para colocar a Petrobras firmemente no controle das novas áreas, uma medida que, segundo os críticos, poderá pressionar a companhia ainda mais.
Foi um afastamento marcante da postura dos anos 1990, quando as autoridades puseram fim ao monopólio da Petrobras como parte de uma reestruturação radical da economia. A empresa permaneceu sob o controle do Estado, mas foi exposta às forças de mercado, emergindo como um híbrido e competindo agilmente com companhias estrangeiras.
Hoje a Petrobras parece muito menos dinâmica. Em 2012, sua produção caiu 2%, o primeiro declínio em vários anos. Ao mesmo tempo, a indústria energética internacional também está mudando para a extração de petróleo e gás natural de formações de xisto, em terra firme.
A demanda do Brasil por gasolina subiu cerca de 20% em 2012, refletindo o êxito da indústria automobilística.
A Petrobras ainda não tem refinarias suficientes para processar o petróleo cru, o que a obriga a comprar gasolina no exterior. Ela perde dinheiro nessas aquisições porque o governo mantém os preços internos do combustível relativamente baixos, para conter a inflação.
Há também os atrasos nas refinarias em construção. Um complexo no Estado de Pernambuco foi concebido em 2005 como uma maneira de o Brasil forjar laços mais estreitos com a Venezuela, rica em petróleo. Oito anos depois, a Venezuela ainda não investiu no projeto, que enfrentou vários atrasos.
Mas a Petrobras continua rentável. Graça Foster, presidente-executiva da companhia, disse que a produção de petróleo deverá permanecer estável neste ano ou talvez até voltar a cair ligeiramente. Mas, segundo ela, a produção dos novos campos marinhos alcançou 300 mil barris por dia.
Até 2020, a empresa espera duplicar a produção total, para 4,2 milhões de barris por dia.

Consciência plena aguça concentração e abre a mente


ALINA TUGEND
DO "NEW YORK TIMES"

The New York TimesComo a maioria das pessoas, eu tenho minha porção de tensão e ansiedade e fico feliz ao encontrar maneiras de enfrentá-las que não envolvam drogas ilegais.
Por isso, quando o termo "consciência plena" começou a surgir em todo lugar, fiquei intrigada.
Exames de imagens mostram que a consciência plena pode mudar o modo como nosso cérebro funciona. Ela nos ajuda a melhorar a tensão, a reduzir os hormônios do estresse e até na nossa recuperação quando lidamos com informações negativas.
Mas, como sou cética, perguntei-me se o assunto não estava sendo superestimado como uma panaceia simples, segura e que não envolve substâncias pesadas.
Primeiro, tive de descobrir o que é exatamente a "consciência plena". Eu tinha a impressão de que ela andava de mãos dadas com a meditação, mas descobri que ela é mais do que isso.
Prestar atenção no presente intencionalmente e sem julgamento é a maneira como Janice Marturano explica o fenômeno. Ela foi vice-advogada-geral e vice-presidente de responsabilidade pública da General Mills e ajudou a iniciar seu Fórum de Liderança Consciente em 2004. Saiu da empresa alguns anos atrás para iniciar o Instituto para a Liderança Consciente, sem fins lucrativos.
O que a consciência plena não tem a ver, disse Marturano, é com apenas reduzir o estresse. Ou com esvaziar nossas mentes de todos os pensamentos. Ou com religião. "As pessoas têm a sensação de que a consciência plena é algo que elas podem fazer se concentrando em uma uva passa durante cinco minutos", disse Michael Baime, diretor do Programa Penn para Consciência Plena no Sistema de Saúde da Universidade da Pensilvânia. "Isso é prática consciente, mas exige mais que isso."
Então aqui está o que eu aprendi sobre as técnicas básicas. Primeiro, encontre um lugar tranquilo para concentrar sua atenção -em sua respiração ou talvez em um objeto. Não é a respiração profunda, mas sim experimentar "quando o ar entra e quando sai", disse Marturano.
"Sinta a caixa torácica se estender sem que você faça nada. Consegue perceber como a mente pega uma carona e a reorienta? Essa reorientação é o exercício."
Talvez você comece com dez minutos e aumente seu tempo até meia hora ou 40 minutos por dia. Mas isso é apenas parte da prática total. Também há algo que Marturano chama de "pausas propositais".
Por exemplo, decidir que, em vez de pensar na próxima reunião enquanto escova os dentes, você se concentrará no sabor da pasta de dentes, na escova e na água. Eventualmente, expanda esse "estar no momento" para outras partes da sua vida.
A ideia é que, com o tempo, você se sinta mais concentrado e mais conectado consigo mesmo e com os outros. Parece simples, mas não é, porque vai muito contra o modo como a maioria das pessoas pensa e age. Nós queremos fazer coisas, identificar e resolver problemas. Esse é o oposto da consciência plena.
"Do modo como é apresentado na mídia, as pessoas começam a achar que é uma pílula mágica", disse Christy Matta, autora do livro "The Stress Response" [A reação do estresse].
Segundo Matta, "leva tempo e prática constante para experimentar os benefícios da consciência plena".
Ela disse que se você entra na prática com a ideia de reduzir o estresse, está trabalhando contra o que tenta alcançar, porque está dirigido para um objetivo.
Enquanto ter consciência de seus sentimentos pode ser bom quando você bebe uma deliciosa xícara de chá ou relaxa em um jardim, disse Matta, parte da consciência plena também são sentimentos desconfortáveis -não tentar modificá-los ou julgá-los, mas ter consciência deles. Isso pode não ser tão agradável.
Ela e outras pessoas descobriram que praticar a consciência plena pode aumentar a atenção e o enfoque e ajudar crianças a reagir ao estresse de maneira mais calma. "Mas isso também precisa fazer parte do aprendizado de técnicas emocionais e sociais concretas", disse.
Embora possa ajudar contra a ansiedade e a depressão, você talvez precise ampliá-la com outras terapias ou medicação, disse Matta. Todo mundo com quem eu falei disse que você precisa fazer um curso e talvez um retiro para experimentar plenamente e obter o valor da consciência plena.
Eu percebi que as pessoas com quem falei tendiam a dar cursos, por isso talvez elas sejam um pouco tendenciosas.
Agora que eu sei mais sobre o potencial e os limites da consciência plena, posso vê-la como uma opção. Posso entender por que outras pessoas são atraídas para ela, já que vivemos em um mundo tão fraturado e sobrecarregado de informação.
Nós olhamos tão à frente em busca da próxima coisa que virá que não vemos o que está acontecendo no presente.
A consciência plena pode não ser a resposta para todos os males. Mas pode responder a alguns. Para mim, isso já basta.