O PT anunciou a aposentadoria de alguns de seus quadros. Na semana passada, Lula disse que Dilma Rousseff não deve ocupar nenhum cargo no governo caso ele vença a próxima eleição. Outros petistas seguiram o exemplo: em declarações públicas nos últimos dias, Guido Mantega e José Dirceu descartaram uma volta à Esplanada dos Ministérios em 2023.
O partido se antecipou para deixar no passado figuras que podem se tornar incômodas na campanha. O time de Lula quer descolar a imagem do presidente das memórias da crise econômica evocadas com Dilma e Mantega, além das conexões de Dirceu com escândalos da era petista.
O trio ainda preserva influência em debates internos da sigla. Dilma participou na segunda (31) de um seminário do PT que também contou com a presença de Lula. Mantega foi escalado pelo próprio ex-presidente para assinar um artigo com as ideias da legenda para a economia, e Dirceu tem viajado o país para encontros políticas com aliados.
Os três, porém, passaram à condição de peças fora do jogo por dois motivos. O primeiro é a percepção de que corrupção e erros na economia são os pontos mais vulneráveis do PT. Lula tenta estabelecer um cordão sanitário em torno de nomes que se tornaram símbolos desses problemas e que costumam ser explorados por rivais interessados em ativar o antipetismo na campanha.
Além de amenizar desgastes, a equipe do ex-presidente também busca fazer uma levíssima sinalização de correção de rumos. Numa sigla com notória ausência de disposição à autocrítica, a ideia é enviar a mensagem de que um governo Lula pode seguir caminhos diferentes.
O próprio ex-presidente tentou reforçar o recado. "Eu pretendo montar um governo com muita gente nova, importante e com muita experiência", disse, ao deixar de lado o nome de Dilma. Lula não vai afastar antigos escudeiros como Gleisi Hoffmann, Aloizio Mercadante e Franklin Martins, mas deve abrir espaço para os governadores Rui Costa, Flávio Dino e Wellington Dias.
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