Denise Luna e Fernanda Nunes, O Estado de S.Paulo
23 de fevereiro de 2022 | 19h52
A disparada do preço do petróleo, que pesou no bolso dos consumidores em 2021, turbinou o resultado da Petrobras. A estatal fechou o ano com um lucro recorde de R$ 106,7 bilhões. O bom desempenho vai beneficiar os acionistas da companhia, que irão receber o volume histórico de R$ 101 bilhões em dividendos. Com o bom desempenho, a companhia anunciou a distribuição de mais de R$ 37,3 bilhões em dividendos aos acionistas, que já haviam recebido R$ 63,4 bilhões em 2021 como retorno pelo lucro dos três primeiros trimestres. No fim do ano passado, o presidente da República, Jair Bolsonaro, chegou a reclamar do lucro “muito alto” da estatal e afirmou que a companhia deveria ter “viés social”.
Desde então, o presidente da empresa, Joaquim Silva e Luna, vem repetindo que a contribuição da petrolífera será via remuneração ao governo e pagamento de tributos, e não segurando preços dos combustíveis. A Petrobras, no entanto, não reajusta a gasolina e o diesel desde 12 de janeiro.
“Nada disso (o lucro) seria possível para uma empresa endividada sem capacidade de gerar valor. Estes resultados demonstram que a qualidade do nosso trabalho se traduz de maneira inequívoca em riqueza para a sociedade”, afirmou Luna, em texto do balanço financeiro.
Além da alta no preço do petróleo, a produção no pré-sal também ajudou a engordar o caixa da companhia. A região possui alta produtividade e um custo de extração do petróleo do fundo do mar mais baixo do que nos demais campos da estatal. Além disso, o volume de combustível vendido aumentou, assim como a margem de lucro da empresa com a gasolina e o óleo diesel.
No quarto trimestre, no entanto, o lucro de R$ 31,5 bilhões representou uma queda de 47,4% ante o registrado em igual período de 2020. Ainda assim, veio acima da previsão de analistas consultados pelo Estadão/Broadcast. A média das projeções dos bancos BTG Pactual, Bradesco BBI e Credit Suisse e também do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), apontava para um lucro de R$ 28,27 bilhões no período.
Rodrigo Glatt, sócio da GTI ADM de Recursos, avalia o resultado do ano como positivo. Além do benefício da alta do petróleo, ele ressaltou alguns eventos não recorrentes, como a venda de ativos. “Acho que essa distribuição adicional de dividendos talvez tenha vindo um pouco acima do que o mercado esperava”, disse.
A valorização do petróleo ajudou a empresa a incrementar receitas nos segmentos de exploração e produção. Foram arrecadados no ano R$ 3,7 bilhões com a extração de óleo e gás e mais R$ 272,97 bilhões com a comercialização de derivados de petróleo.
Mesmo com a covid-19, o consumo de gasolina e óleo diesel cresceu em 2021. A Petrobras vendeu 1,8 milhão de barris por dia (bpd) de derivados de petróleo em 2021. O comércio de gás liquefeito de petróleo (ou gás de cozinha) foi de 228 mil bpd.
Em 2021, a empresa ainda concluiu a venda da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, ao fundo Mubadala, dos Emirados Árabes Unidos, um negócio de US$ 1,6 bilhão, e recebeu uma parcela relativa à venda do campo Carcará.
A geração operacional de caixa, que reflete de fato a saúde financeira da companhia subiu 64,1% para R$ 234 bilhões no ano, comparado a 2020. Já o endividamento bruto permanece inferior aos US$ 65 bilhões, marca definida para a distribuição de dividendos aos acionistas. A Petrobras fechou o ano com dívida líquida de US$ 47,62 bilhões.
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