Um dos ganhadores do Prêmio Nobel da Paz de 2021, o russo Dmitri Mutarov criticou duramente a ação militar de Vladimir Putin na Ucrânia e conclamou a população a protestar contra a guerra.
Será difícil. Nos poucos episódios em que alguém tentou levantar cartazes sobre o conflito em Moscou, a polícia estava presente. Sob a alegação que toda manifestação na Rússia precisa de autorização municipal, o que está na lei, prenderam manifestantes.
Foi o que ocorreu com Irina, uma mulher que tentou protestar em frente à estátua do poeta Alexander Púchkin. Ela levantou um cartaz e foi detida. Houve episódios semelhantes esparsos pela cidade, que se desacostumou com grandes atos desde que Putin determinou forte repressão a atos contra a prisão do ativista Alexei Navalni, em 2021.
Muratov é um crítico especialmente qualificado. Apesar de dirigir o último jornal impresso independente do país, o Novaia Gazeta (novo jornal, em russo), que viu repórteres seus serem mortos em condições suspeitas ao investigar assuntos do governo (Anna Politkovksaia em 2006 sendo a mais notória), ele tem trânsito entre a elite política do país.
Há rumores de que ele é ouvido até por Putin, que gosta de manter a ideia de algum pluralismo residual dentro do esquema de poder que comanda.
"Qual será o próximo passo? Uma salva nuclear?", questionou, em um vídeo gravado para a rádio Eco de Moscou. "A próxima edição da Novaia Gazeta será lançada bilíngue porque nós nunca vimos a Ucrânia como inimiga e o ucraniano como a linguagem do inimigo", afirmou. O jornal tem 90 mil exemplares e roda segunda, quarta e sexta.
Resta saber se ele poderá fazer isso. Muratov também disse que está envergonhado e triste pela guerra, e que "apenas um movimento de russos contra a guerra pode salvar a vida neste planeta, na minha opinião".
Muratov dividiu o Nobel da Paz com outra jornalista que luta contra opressão governamental, a filipina Maria Ressa.
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