Redação, O Estado de S.Paulo
22 de fevereiro de 2022 | 09h05
Atualizado 22 de fevereiro de 2022 | 10h06
O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou nesta terça-feira, 22, que tomou medidas para interromper o processo de certificação do gasoduto Nord Stream 2, principal obra de infraestrutura energética do país, que transportaria gás natural da Rússia para o país. O anúncio vem um dia depois de Vladimir Putin autorizar tropas russas a entrarem em território ucraniano, nas regiões de Donetsk e Luhansk, recém-reconhecidas pelo Kremlin como Estados independentes.
Scholz declarou a repórteres em Berlim que seu governo estava tomando a medida em resposta às ações russas na Ucrânia. "Isso pode soar um pouco técnico, mas é a etapa administrativa necessária para que não haja certificação do gasoduto e sem essa certificação, o Nord Stream 2 não pode começar a operar", disse ele, em fala registrada pelo The Moscow Times.
A decisão alemã sobre o gasoduto -- principal alvo de críticas dos EUA e de aliados europeus à Alemanha, que acusam a obra de infraestrutura de aumentar a dependência energética da Alemanha pela Rússia -- é a primeira medida mais contundente de Berlim contra Moscou, enquanto autoridades da europa discutem outras formas de pressionar o Kremlin.
A Ucrânia saudou a decisão da Alemanha de suspender a certificação do gasoduto como uma questão moral, escreveu o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba. "Este é um passo moral, politicamente e praticamente correto nas circunstâncias atuais. A verdadeira liderança significa decisões difíceis em tempos difíceis. O movimento da Alemanha prova exatamente isso", tuitou Kuleba.
O Reino Unido também parabenizou a decisão da Alemanha de suspender a certificação do gasoduto Nord Stream 2. Um porta-voz do premiê Boris Johnson afirmou que "as ações da Rússia da noite para o dia podem ser precursoras de uma invasão em grande escala".
A União Europeia e o Reino Unido também articulam uma primeira onda de sanções contra a Rússia após os anúncios de Vladimir Putin sobre a Ucrânia, em reuniões da Câmara dos Comuns, em Londres, e em um encontro com ministros das Relações Exteriores da União Europeia, em Paris.
Aos representantes britânicos, o primeiro-ministro Boris Johnson anunciou sanções a cinco bancos russos (Rossiya, IS Bank, General Bank, promsvyazbank and the Black Sea Bank) e sações a três "indivíduos de alta renda" russos: Gennady Timchenko, Boris Rotenberg e Igor Rotenberg. De acordo com o jornal britânico The Guardian, todos os ativos dos sancionados no Reino Unido ficarão congelados e os três indivíduos estão proibidos de entrar no país ou de manter negócios com empresas ou prestadoras de serviço britânicas.
Antes da ida ao Parlamento, Johnson havia conversado com repórteres e anunciado que um pacote de sanções econômicas contra Moscou seria instituído "imediatamente". "Esta é, devo enfatizar, apenas a primeira enxurrada de sanções econômicas do Reino Unido contra a Rússia, porque esperamos, devo dizer, que haverá mais comportamentos irracionais russos por vir", declarou.
Do outro lado do Canal da Mancha, o chefe de política externa da UE, Josep Borrell, disse que a reunião em Paris decidirá a resposta europeia sobre o tema. "Claramente, essa resposta será na forma de sanções", afirmou Borrell, acrescentando que o objetivo inicial não é impor toda a gama de sanções que a UE preparou caso a Rússia invada a Ucrânia, mas sim dar resposta ao reconhecimento de Donetsk e Luhansk como independentes.
Questionado se a decisão da Rússia de enviar "mantenedores da paz" já equivale a uma invasão, Borrell disse: "Eu não diria que é uma invasão completa, mas as tropas russas estão em solo ucraniano".
No caso das sanções britânicas, Johnson afirmou que elas seriam destinadas não apenas a entidades em Donbass, Luhansk e Donetsk, mas na própria Rússia "visando os interesses econômicos russos o máximo que pudermos". O Reino Unido já ameaçou cortar o acesso de empresas russas a dólares americanos e libras esterlinas, impedindo-as de levantar capital em Londres.
Também não foi especificado quem incidirão as sanções, mas Johnson prometeu que não haverá lugar para os oligarcas russos se esconderem.O premiê também disse que os alvos podem incluir bancos russos.
Centenas de bilhões de dólares fluíram da Rússia para Londres e territórios ultramarinos do Reino Unido desde a queda da União Soviética em 1991, e Londres se tornou a cidade ocidental preferida dos super-ricos da Rússia e de outras ex-repúblicas soviéticas./ REUTERS E AP
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