O ministro Edson Fachin assumirá a presidência do Tribunal Superior Eleitoral, depois de uma entrevista bombástica. Ele fica na cadeira até agosto. Fará uma gestão estelar se impuser a Edson Fachin e a alguns colegas um sistema de cotas para as próprias falas.
Cada um e todos, só deverão ir aos holofotes, de forma que apareçam mais por seus votos e despachos do que por seus discursos. Em bom português, trabalhar mais e falar menos. Seria muito pedir que sigam a discrição da ministra Rosa Weber, do STF, mas algum limite precisa ser colocado. A ministra diz a quem quiser ouvir que não vai a eventos e não dá entrevistas. Não é arroz de festa.
O tribunal meteu-se a trazer militares para a discussão das urnas eletrônicas e colocou o general da reserva Fernando Azevedo e Silva na sua diretoria. Foi a carga da cavalaria ligeira dos ingleses na Batalha de Balaclava, um lindo desastre para um filme, uma celebração para a literatura. O general foi embora e a mistura do Exército com a eficácia das urnas foi transformada por Jair Bolsonaro em mais um de seus espetáculos semanais. A vivandagem, com o tribunal indo aos granadeiros, resultou apenas num constrangimento.
Nos últimos anos o Judiciário brasileiro deu-se bem em dois episódios marcantes. Joaquim Barbosa presidiu o STF no caso do mensalão falando nos autos e nas sessões. Anos depois, o próprio TSE atravessou o processo de cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer sem espetáculos além do próprio julgamento.
As campanhas eleitorais têm de tudo, e o que todo candidato quer é um antagonista que lhe garanta 15 minutos (ou 15 horas) de fama. Os ministros não precisam entrar nessa várzea, até porque o que dizem fora dos tribunais tem pouca serventia. Delinquentes não temem a oratória de magistrados, mas apenas suas decisões. Um tribunal falando a torto e a direito torna-se um laboratório que vende remédios onde há só a marca e a bula.
Nos Estados Unidos há um ex-presidente insistindo que lhe roubaram a eleição. Da Corte Suprema saíram decisões e alguns parágrafos de falas do juiz John Roberts.
MEMÓRIA DA IGREJA
Com a morte de Candido Mendes de Almeida foi-se uma parte preciosa da história política da Igreja Católica brasileira. Irmão de um bispo, neto de conde, bisneto de senador e trineto do marquês de Paraná, conhecia o Brasil com os pés no andar de cima e a cabeça no de baixo.
Ele foi uma das principais peças na virada da hierarquia católica na reunião do episcopado de 1970, documentando casos de tortura de presos.
Tinha uma memória prodigiosa e gosto pelos detalhes. Por exemplo: Paraná, o grande ministro do Império e arquiteto da Conciliação, morreu em 1856 numa das epidemias do Rio. Velado na velha catedral, a família aproveitou a madrugada para descansar em casa. Quando voltaram, o marquês estava sem o fardão de senador e as condecorações nele espetadas.
Candido ouvia e costurava tanto que caiu no grampo do Serviço Nacional de Informações e do Centro de Informações da Aeronáutica em pelo menos quatro ocasiões. Sempre batalhando por presos.
Tomara que tenha deixado registros.
PT ligou seu sistema de alerta
Partido acende alerta diante de conjunção de clima de já ganhou com inexplicável salto alto
O PT ligou seu sistema de alerta diante da conjunção de um incompreensível clima de já ganhou com um inexplicável salto alto.
MAGGI VIROU O JOGO
Em 2005 Blairo Maggi governava Mato Grosso, era um dos maiores produtores de soja do mundo e ganhou da ONG Greenpeace o prêmio Motosserra de Ouro.
Passaram-se os anos e a Forest 500, instituição que mapeia o compromisso empresarial com a defesa do meio ambiente pelo mundo afora, colocou a Amaggi, da qual ele é o principal acionista, no topo da lista das companhias que respeitam as florestas tropicais e combatem o desmatamento.
Maggi reorientou a estratégia de suas empresas e virou o jogo. Desde o primeiro momento, ele foi um crítico da inútil irracionalidade da atual política ambiental brasileira.
Continua sendo um campeão do agronegócio, sem ter o seu nome associado a malfeitorias. Ninguém é obrigado a ser agrotroglodita.
EREMILDO, O IDIOTA
Eremildo é um idiota e ouviu o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, pontificando diante de mais de uma centena de mortos em Petrópolis. O doutor disse o seguinte:
"O que a gente tem que entender é que há uma dívida histórica desde outras tragédias que tiveram. [...] Foi a maior chuva desde 1932. Unir uma tragédia histórica com um déficit que realmente existe causou esse estrago todo. Que sirva de lição para que dessa vez a gente aja diferente".
Afora o português encharcado, o cretino acha que Castro não entendeu nada e, com uma postura professoral, quer que os outros entendam sabe-se lá o quê. O governador tem até as chuvas do próximo verão para explicar o que vem a ser "o déficit que realmente existe".
A gestão de Castro gastou apenas 42% das verbas orçamentárias para a prevenção de enchentes. O dinheiro simplesmente foi para outro lugar.
Não são os outros (que pagam os impostos) que precisam de lição, ele é que poderia ter feito o dever de casa.
Recorrer à retórica da bobagem diante de uma tragédia traz falta de sorte. Em 2010, o então governador Sérgio Cabral culpou as vítimas da enchente dizendo que "com a natureza não se brinca". Não se devia brincar com a natureza nem com otras cositas más e deu no que deu.
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