Vice-presidente do diretório paulista do União Brasil e líder de um dos principais grupos de aliados do PSDB em São Paulo, o deputado federal Alexandre Leite define Rodrigo Garcia como um "João Doria melhorado", sem os "problemas de personalidade" que a população enxerga nele.
Esses problemas são caracterizados por Leite como dificuldades de Doria em ser percebido como carismático pela população, o que tem se transformado em fracasso para converter os méritos da gestão em vantagens eleitorais.
O parlamentar afirma que o vice-governador tucano tem habilidade na relação com a classe política, o que o titular nunca conseguiu aprender, e que, caso Doria não consiga melhorar seu desempenho eleitoral, sugerirá que o vice-governador descole sua imagem da dele na campanha pelo governo de SP.
Ele afirma que ele e os demais aliados estarão de olho em possível contaminação negativa de Garcia por Doria, que não tem conseguido se livrar dos altos índices de rejeição.
"Você está vendo a âncora afundar e não dá para agarrar", diz o deputado, filho de Milton Leite (UB), presidente da Câmara Municipal de São Paulo.
"Não acho que o Rodrigo deva se agarrar à imagem dele se o Doria continuar em decadência. A gente tem que sentir a água passando debaixo da ponte. Tem muita água para passar. A partir de abril a gente vai ter um feeling mais real do que vai ser eleição estadual e quais são os candidatos que vão despontar de fato", completa.
"Quem conhece o Rodrigo e ouve falar, gosta dele. É difícil alguém ouvir o Rodrigo falar e ficar com ranço. O Doria sempre solta alguma coisa que deixa o povo com ranço. Na hora de falar com o povo, muitas vezes ele é antipático. O Rodrigo não tem essa antipatia. Foi deputado estadual, presidente da Assembleia [Legislativa de São Paulo]. Ele tem um know how político que o Doria não tem", completa.
Leite elogia a capacidade de gestão de Doria e diz que ele faz uma boa administração em São Paulo, com avaliações favoráveis em todos os setores, como Saúde e Educação. "Ele delega as pastas, sabe tocar a máquina, é fora de série", afirma. No entanto, afirma, o reconhecimento popular não é proporcional devido a dificuldades na comunicação.
Nesse sentido, raciocina Leite, Doria e Jair Bolsonaro (PL) são similares. Ou, como ele coloca, são "iguais de maneiras diferentes, elefantes na loja de cristais: um do lado de dentro e outro querendo entrar".
Ele diz que o tucano deveria zerar sua campanha presidencial, a começar por retirar Bruno Araújo, presidente do PSDB, da coordenação.
"Em rede social hoje Doria representa 0,8%. Ele tem que zerar e começar de novo. Se continuar assim vai ser difícil ter adesão de alguém. Como que eu vou aderir sabendo que quem coordena a campanha dele quer sabotar?", afirma Leite. "Tem que desconstituir o coordenador de campanha. O cara sabotou ele a campanha inteira. Não é fazer gesto político. Tem que fazer para ganhar", afirma.
"Como você vai disputar uma eleição presidencial olhando para dentro de casa?", acrescenta, em referência aos questionamentos que Doria tem sofrido no interior do partido de tucanos que pedem que ele desista da candidatura.
O União Brasil planeja celebrar o apoio a Garcia com evento em 22 de março. Para Leite, o segundo turno será entre Garcia e Fernando Haddad (PT). Sobre Tarcísio de Freitas, ministro da Infraestrutura apoiado por Jair Bolsonaro (PL), ele acredita que perderá força com o início do horário eleitoral e dos debates.
"É onde a população define [o voto]. Debates e propaganda na TV. Nas majoritárias é TV. Depois que começarem o horário de TV e os debates o Rodrigo vai deslanchar", defende.
Segundo Leite, a estratégia dos aliados para tornar Garcia mais conhecido deve ser a de colocá-lo para divulgar as entregas feitas pelo governo do estado nos últimos anos.
"Tem muito em todas as áreas. O governo mandou dinheiro para todos os municípios. Nunca teve isso antes. Os municípios mendigavam emenda parlamentar. Vai ser um trabalho de trazer a paternidade disso para o Rodrigo, o que o Doria não tem conseguido devido à rejeição à personalidade dele, e não à capacidade de gestão, que é bem avaliada", conclui.
O União Brasil reivindica a escolha do vice na chapa de Garcia. Em relação ao diretório paulista da sigla, planeja eleger ao menos dez deputados federais por São Paulo em 2022.
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