sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

A polêmica taxa de congestionamento de Nova York já começou a mexer com a cidade, Mauro Calliari, FSP

 No comecinho do ano, em 5 de janeiro, Nova York implantou o pedágio urbano com o objetivo de reduzir os congestionamentos. Será que isso é uma ideia que merece ser discutida em nossas cidades?

Como funciona

Câmeras fotografam as placas dos carros e a cobrança é feita diretamente ao proprietário. O valor é relativamente alto: US$ 9 dólares para carro, US$ 4.50 para moto e a área de restrição é grande: vai da borda do Central Park até o sul da Ilha de Manhattan.

fotografia colorida mostra carros em uma ponte. ao fundo, é possível ver a os arranha-céus característicos do distrito financeiro e comercial de Nova York
Automóveis passam em novo pedágio urbano na Brooklyn Bridge, em Nova York - Adam Gray - 5.jan.2025/Reuters

Como era de se esperar, a medida gerou reações acaloradas, principalmente por parte dos que entram e saem da cidade para trabalhar –os "commuters", adicionando a nova taxa ao pedágio que já pagavam.

Com poucos dias de operação, porém, começaram a surgir alguns resultados. O movimento do metrô subiu 13% e o de ônibus 10%. Há menos filas de automóveis nos túneis. O dinheiro gerado, algo como US$ 15 bi, deve ser investido obrigatoriamente em melhorias no transporte público.

Londres – Aprendizados de quem começou antes

pedágio na região central de Londres já tem mais de 20 anos e não se discute voltar atrás. Nesse período, o trânsito diminuiu 15% e o uso dos ônibus aumentou 30%. Vários trechos das ruas foram destinados a bicicletas e aumento das calçadas. A operação ganhou apoio como um instrumento para reduzir emissões de poluentes.

A taxa gerou um fundo destinado exclusivamente ao transporte público, pagando, inclusive pelas passagens de pessoas sem condições ou moradores da região afetada.

E aqui, faz algum sentido pensar nisso?

Congestionamentos são ruins para a qualidade da vida e para a economia. Quem mora em São Paulo sabe disso. Perdemos tempo, respiramos fumaça e ouvimos barulhos. A cidade perde vitalidade quando ninguém tem paciência para sair de casa.

Num contexto assim, qualquer ideia para melhorar a mobilidade precisa ser discutida. Entretanto, antes que o pedágio urbano, com seus muitos prós e contras, entre na pauta, há coisas que poderiam ser feitas já para melhorar a qualidade e os tempos de deslocamento na cidade.

Para começar, faz falta um pensamento mais estratégico da prefeitura e do governo estadual que resulte na prioridade inequívoca para o transporte público.

Sem alguma disposição intelectual para a conversa, qualquer ideia isolada não ganhará nem tração nem sentido.

Estamos dividindo adequadamente o espaço das ruas entre o transporte coletivo e o individual? Precisamos pensar em aumentar a restrição à circulação de carros ou podemos ir aumentando as vantagens relativas do transporte público? O rodízio de automóveis está funcionando? Faz sentido rediscutir a inspeção veicular? Quais são as opções para transportar as dezenas de milhares de pessoas da Grande São Paulo que hoje cruzam a cidade?

O fato de Nova York, a maior cidade do país que popularizou o automóvel, estar questionando a prioridade absoluta do transporte individual sobre o coletivo, é simbólico e deveria ser inspirador para a maior cidade brasileira.

Os milionários que vivem a vida de ‘subconsumo’: dirigem carros usados e nunca compram roupas novas, OESP

 

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Por Fortune
Atualização: 

Como os ricos permanecem ricos? Aparentemente, agindo como se não fossem. Em um mundo de moda rápida, tendências do TikTok e entrega no dia seguinte, pode ser fácil gastar um salário de seis dígitos em todos os produtos de consumo mais recentes.

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Mas os indivíduos com grandes patrimônios e os que ganham mais de US$ 100 mil por ano que a Fortune entrevistou disseram o oposto: eles tentam manter seu gasto não essencial o mais baixo possível, preferindo o impacto que isso tem em suas finanças.

Enquanto seus amigos podem gostar de comer fora algumas vezes por semana, eles escolhem cozinhar para si mesmos - na verdade, até compram alimentos congelados porque são mais baratos do que os frescos.

Comprar alimentos no supermercado e comer em casa, em vez de ir a restaurantes, é uma das regras do 'subconsumo'
Comprar alimentos no supermercado e comer em casa, em vez de ir a restaurantes, é uma das regras do 'subconsumo' Foto: plprod/Adobe Stock


Alguns escolhem não possuir carros, consertam seus próprios guarda-roupas “cápsula” e encontram alguns dos brinquedos de seus filhos no Facebook marketplace.

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Estes indivíduos - em alguns casos, inconscientemente - estão vivendo um estilo de vida de ‘subconsumo’ ou ‘baixo consumo’.

A expressão começou a se espalhar em sites de mídia social como o TikTok após indivíduos começarem a compartilhar suas compras semanais de supermercado ou seus armário de maquiagem para contrapor as infinitas compras ou listas de desejos frequentemente encontradas no aplicativo.

Os conselhos da comunidade de subconsumo incluíam definir desafios de não compra ou desentulhar espaços cheios de itens que você não está usando.

Para os indivíduos com quem a Fortune falou, esses hábitos já são uma segunda natureza. E, tendo vivido a vida de subconsumo pela maior parte de seus anos adultos, o saldo bancário deles está colhendo as recompensas.

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‘Eu compro na seção de congelados do Aldi’

A autora e empreendedora Shang Saavedra e seu marido não construíram um patrimônio líquido de vários milhões de dólares da noite para o dia. De fato, foi em suas respectivas infâncias que eles aprenderam o valor de viver de forma frugal.

Alugando uma casa de quatro quartos nos subúrbios de Los Angeles, o casal compartilha um veículo usado de 16 anos e faz suas compras no supermercado Aldi - predominantemente na seção de congelados.

Os filhos de Saavedra - de cinco e dois anos - frequentemente vestem roupas usadas de outras crianças, brincam com brinquedos encontrados no Facebook marketplace e desfrutam de atividades gratuitas em vez das viagens à Disney que seus colegas californianos frequentemente fazem.

Embora a vida da multimilionária Saavedra tenha algumas marcas de uma casa de alta renda - seus filhos frequentam uma escola particular e ela possui propriedades em Nova York -, esses gastos se encaixam com seu “ethos” financeiro: investir em educação e ativos que apoiam seus empreendimentos filantrópicos.

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Contrariamente à maioria dos americanos - 58% dos quais disseram em uma pesquisa da Harris Poll no ano passado que se preocupam com suas finanças durante o período festivo -, Saavedra diz que seus gastos diários durante o Dia de Ação de Graças e o Natal aumentam predominantemente por causa de doações filantrópicas.

A habilidade da jovem de 39 anos de compartilhar sua riqueza é cortesia de decisões financeiras sagazes no início de sua carreira - quando ela ocupava uma posição de diretora na rede de farmácias CVS e funções de analista e consultoria em lugares como a Victoria’s Secret.

Antes do casamento, Saavedra compartilhava quartos com colegas e depois mudou-se para um apartamento com aluguel controlado (nos quais é a prefeitura que determina o reajuste) com seu marido em Nova York, em um prédio onde o encanamento frequentemente falhava, usando frequentemente vouchers de refeição distribuídos por trabalhar até tarde em seus papéis corporativos.

Eles visavam a reduzir suas despesas para uma única renda e economizar o resto, em preparação para ter filhos.

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Saavedra, agora empreendedora ajudando centenas de clientes a alcançarem seus objetivos financeiros, disse à Fortune que a melhor maneira de as pessoas tentarem um estilo de vida de subconsumo é “começar com o porquê”.

“Qual é o objetivo final do subconsumo? Se você apenas faz subconsumo pelo subconsumo, você vai se esgotar e ficar infeliz muito rapidamente”, disse. “É pelo fato de meu marido e eu termos orientado nosso consumo para a liberdade financeira e a família que isso se tornou tão valioso.”

“Claro que ainda sou tentada a ir atrás de itens de luxo e experiências, e de vez em quando temos um jantar agradável em um restaurante muito bom - mas entender a razão pela qual você quer algo (...) vem de uma dor por uma parte não preenchida da sua vida, e muitas vezes é uma necessidade psicológica”, disse.

‘Eu nunca compro roupas novas’

Apesar de deter ativos totalizando mais de um milhão de dólares - e estar ganhando seis dígitos -, Annie Cole reduziu seus gastos para um pouco menos de US$ 4 mil por mês.

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Ela vendeu seu Toyota Prius há alguns anos, cozinha em grandes quantidades para ela e seu marido, corta o próprio cabelo e faz compras de roupas três vezes ao ano em um brechó - Cole comprou roupas novas pela última vez há um ano, e usando um cartão presente.

O casal viaja usando milhas aéreas e pontos acumulados quando Cole, aos 36 anos, estava viajando por um cargo corporativo.

A abordagem não só mudou a perspectiva de Cole sobre quanto tempo ela trabalhará - a aposentadoria está planejada para o início dos seus 40 anos -, mas a natureza do trabalho em si.

“Estou tão curiosa se vou querer me aposentar”, Cole - que trabalha como pesquisadora contratada e especialista em finanças pessoais - disse à Fortune. “Agora que estou trabalhando meio período, penso nisso de maneira diferente. Quando eu trabalhava em tempo integral, pensava: ‘Mal posso esperar para ser opcionalmente aposentada’. Mas quase sinto que estou vivendo isso agora.”

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Marmitas e trajetos compartilhados

O dentista Robert Chin e sua parceira Jessica Pharar possuem um consultório em Las Vegas. Eles fazem o curto trajeto de casa para o trabalho juntos para economizar combustível, levando suas marmitas.

O casal transitou para um estilo de vida de menor consumo como resultado dos custos crescentes e de uma ideia mais firme do que queriam que suas finanças parecessem - apesar de a dupla ganhar confortáveis seis dígitos.

Chin conta que agora come fora uma ou duas vezes por mês, em vez de algumas vezes por semana, e compra no Costco para evitar os preços inflacionados de supermercado o quanto puder.

Diferente das outras fontes com quem a Fortune falou, Chin não é contra comprar roupas novas, mas mantém diz que elas devem ter garantia vitalícia (de marcas como a Patagonia) ou que durem anos.

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O casal possui um apartamento que está alugado, e moram de aluguel para ter a flexibilidade de comprar quando o mercado começar a se mover novamente.

O objetivo deles é simples: flexibilidade - seja isso significando ter mais tempo juntos ou potencialmente se aposentar mais cedo.

“Em cinco anos gostaríamos de ter um sócio ou outro profissional trabalhando conosco, tanto porque o consultório cresceu o suficiente para suportar isso como também porque isso nos dá a flexibilidade de tirar folga mais facilmente. É provavelmente o maior desafio de sermos líderes no negócio, nossa possibilidade de de tirar folga é realmente baixa, porque se não estamos aqui o consultório não ganha dinheiro.”

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